quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Standing Rock rocks!

Porque me é cara esta causa vou contar a história.

Resistir pacificamente não é uma acção fútil nem vã!

A terra está a ser violentada. Tem as riquezas à mostra por baixo da mini-saia que veste para nos abrigar. Mostra-as para que nos sirvamos e, com as suas riquezas, seremos capazes de dar sentido à existência humana. Solo fértil, água, oxigénio, comida, abrigo.
Mas nunca pediu para dela abusarmos...isso é coisa inventada por seres fétidos sem ética nem moral.
Standing Rock é terra Índia que está a ser trespassada, violada, roubada.
Eles defendem-na e protegem-na como eu e tu faríamos se fosse a nossa casa.
Temos a obrigação de ajudar a defender e de a proteger, porque também é a nossa casa.

O Sonho,
Portas que se abriam…os seus ancestrais fixavam-na com olhos carregados de tristeza. Cada porta que abria, mais ancestrais apareciam e fixavam-na tristes.
Viu a sua avó, deitada numa mesa embrulhada num cobertor branco. Ouviu a sua voz “Venham todos. Olhem para o tratado”.

Faith Spotted Eagle acordou, abriu os olhos e ficou a pensar no sonho que tinha acabado de ter. Não o entendeu.
Faith Spotted Eagle é uma mulher índia de idade, veste-se como a sua avó que viu no sonho, com saias coloridas compridas a roçar os tornozelos e, coletes de franjas.
Mas quando coloca os modernos óculos escuros transforma-se na vilã vingadora de Dakota.
Pensava no sonho.

As Profecias,

Búfalo branco sentado contava: virá uma criatura- black snake- que se erguerá das profundezas do chão sagrado, trazendo com ela destruição e muita tristeza, se não for destruída através da união de todas as tribos.
Por muitos e muitos anos os Índios não souberam explicar a profecia da Cobra negra, nem quando esta se manifestaria,
A Profecia da sétima geração contada de geração em geração, prediz o tempo em que jovens se irão levantar e juntar com outras gentes à frente de um movimento de protecção e defesa da terra para que esta possa continuar a ser habitada. Na sétima…

Faith Spotted Eagle viu diante de si o “pipeline” da Keystone XL levando e vertendo o veneno negro a correr nas veias das suas terras…por onde passasse destruiria a água fonte da vida. Por onde passasse destruiria a vida…
Era essa a cobra que tinha de ser destruída. Rapidamente agiu. Corria calmo o mês de Janeiro de 2013.
Era urgente fazer respeitar os tratados que foram sendo persistentemente quebrados ao longo dos anos e, de novo desrespeitados pela Keystone XL uma gigante corporação de exploração de petróleo, entre outras.
Buscar o apoio não apenas das tribos, mas de todos os homens, mulheres, comunidades, associações, organizações, cowboys, veteranos, gente de paz. Em nome da terra o movimento Rejeitar e Proteger lançava profundamente as suas sementes.
Urgente parar a construção da veia que espalharia veneno pelas veias da terra…
A sétima geração, de imediato, sentiu ter chegado o momento de agir em defesa do seu futuro. Guiados, protegidos e em nome dos seus ancestrais. Mobilizaram-se. Pediram ajuda, organizaram-se. Sem precedentes a mobilização e o apoio vinha de todos os cantos individuais e organizados, de nativos e não nativos. Cruzou fronteiras. Na linha da frente os jovens opunham-se e defendiam a sua casa e dos seus ancestrais.

O Búfalo
Em Standing Rock, após uma longa noite de frio, de cânticos e orações, o amanhecer trouxe detenções em massa, espancamentos, balas de borracha, feridos e ataques com cães - como noutros amanheceres em que durava esta acção de resistência pacífica - por parte de uma polícia paga com os impostos de todos que a todos deveria proteger, mas trouxe também, para espanto dos milhares de olhos, vinda de nenhuma parte, a perder de vista, uma manada a de búfalos selvagens.
Os índios têm uma tradição espiritual com estes animais que oferecem alimento e protecção - acreditam ser uma oferenda do Grande Espírito - desde que sejam livres e abundantes, a soberania dos índios permanecerá forte e assegurada.
Este foi um sinal espiritual de vitória e da presença ancestral de todas as famílias que Faith Spotted Eagle viu no seu sonho. As portas que se abriam…

Dia 4 de Dezembro de 2016, dia histórico, os protectores viram o pequeno feixe de luz que a brecha deixou entrar com a ordem de imediata paragem de construção da cobra negra vinda da administração Obama por um decreto presidencial.
Seres humanos há que não silenciam o mal nem o negligenciam.
Agem sobre ele resistindo-lhe com boas acções mesmo tendo que morrer.
Tenho sorte por estar a assistir à História que se está a escrever.
Para viver em paz de pouco precisamos. Os Índios são os genuínos defensores de valores simples, de uma vida integrada com a natureza da qual todos somos parte e que todos queremos ver restaurados.
A força desta união mostra o bem de que somos capazes em confronto com o mal que corre nas veias humanas.
Os Índios foram mortos aos milhares e ainda hoje resistem pacificamente. Sem acções terroristas sem espalhar medo nem terror. Talvez sejam eles o povo eleito. Dão-nos lições de paz. Por isso a sua história me é tão cara.
Talvez numa vida qualquer tenha sido um índio. Ou uma águia. Ou um búfalo.
Depois de Standing Rock os índios nativos já não estão sozinhos. Nunca mais estarão.
A natureza vive sem nós mas nós criaturas humanas não vivemos sem ela.
Os acordados juntaram-se e nunca mais vão deixar de sonhar.

A luta vai continuar. Standing Rock representa-nos a todos.
I stand like a rock with Standing Rock. And it rocks!