sábado, 29 de outubro de 2011

Afundamos ou evoluímos?! Um apelo indignado

Estou mesmo enervada com o discurso que se ouve.Estou também muito cansada de ouvir tanta gente com responsabilidades falar, falar e não dizer o que realmente importa como apontar soluções onde a humanidade esteja em primeiro lugar:
se queremos ter um caminho diferente para bem de um povo,Nação,sociedade
ou continuar na senda da destruição da civilização.

Onde estão na politica, humanistas e pensadores que se possam distinguir por fazer evoluir a nossa raça? Desde que o homem iniciou esta empresa em nome individual de responsabilidade limitada, e, em nome colectivo de responsabilidade ilimitada a que damos o nome de civilização, que a evolução se faz porque amamos as pessoas e usamos as “coisas” para nosso beneficio. De cada vez que fazemos o contrário, (amamos as coisas e usamos as pessoas, como se questionou Bob Marley), caímos num buraco muito escuro. Temos feito isto muitas vezes como a história nos mostra.

Nego-me veementemente, moral e eticamente, a aceitar trocar a minha liberdade, direitos adquiridos humanos, e, democráticos (direitos civilizacionais), pela obsessão do dinheiro e ficar endividada o resto da minha vida e, deixar este legado para os meus filhos.

Lamento senhores governantes mas vou continuar a ensinar os meus filhos a não aceitarem esta troca. A rebelarem-se, a contestarem diariamente, a rebelarem-se contra o abaixamento dos standards da saúde, da educação, ao acesso à habitação condigna, à alimentação, ao acesso à cultura e à ciência e, ao trabalho devidamente remunerado, à justiça, à democracia e a uma sociedade mais homogénea no acesso e na distribuição da riqueza enfim, aos grandes avanços da civilização.

Prometo que não deixarei de contestar cada vez que me pedirem mais sacrifícios e exigirem austeridade para pagarmos uma dívida publica e privada que sabemos hoje, foi deliberadamente provocada para nos tornar escravos do deficit e dos especuladores (a máfia moderna), ou melhor dizendo, dos actuais proxenetas da nossa civilização, através da desregulação e da desgovernação, dos nossos Estados.

Ou seja, sem um projecto de sociedade global e em especial cá dentro, projecto esse em que os cidadãos sejam vistos e considerados como a força motriz da evolução de qualquer grupo, não me submeterei, não votarei nos homens sem estratégias democráticas e humanistas e, não terei medo.

Demoramos 6 décadas e meia para reconstruir uma Europa comum, cujo berço civilizacional está na Grécia (que como nós, vale bem mais do que a sua divida) e por cá, com o atraso histórico inscrito no nosso ADN, em 3 décadas e meia, entre assaltos à mão armada sem rosto (?!), silêncios, omissões e falcatruas realizados por quem tinha acesso à governação e aos nossos destinos como povo, chegámos no entanto, a um patamar de evolução digno.

Ainda há muito para fazer e educar, mas o que eu recuso é abdicar do que evoluímos e retroceder agora. Em nome dos que defenderam com sangue esta Pátria e a nossa civilização.

Não quero assistir de braços cruzados ao desmantelamento desta pátria. Somos todos responsáveis por todos e, mesmo tendo um papel pequeno a desempenhar, fá-lo-ei, porque ao tentar dar dignidade à minha vida, estou a tentar dar dignidade à vida dos outros.

Tenham coragem governantes portugueses, políticos, governantes europeus, exterminem as células malignas e as metástases da nossa sociedade de quem a quer morta, corrompida e sem alma. Injecte-se sangue novo e faça-se terapêutica adequada à cura na raiz do problema e não apenas aos sintomas da doença. Cure-se o doente, assumindo os avanços civilizacionais e defendam-nos como sendo os vossos porque esse é o único caminho.

O cidadão comum não podia prever que alguns homens de má-fé e sem escrúpulos se aproveitassem da falta de regras, da negligência e da displicência de outros e da ignorância e ingenuidade de muitos outros ainda e, jogassem com a vida destes últimos.

Agora, precisamos todos, à escala global de muito dinheiro para pagar o endividamento. Mas esse dinheiro existe e talvez esteja escondido em off shores e bancos neutrais. Vivemos acima do que produzimos, no nosso caso português e nem nos demos conta de como fomos alienados. Como diria Hercule Poirot: siga-se a pista do dinheiro e todos sabemos as respostas.

Não percebo nada nem de finanças nem de economia, mas arrisco-me a pensar, a colocar questões e a perceber os rudimentos desta ciência social que tem a função de estar ao serviço do homem e providenciar produtos e serviços para o bem-estar colectivo e sustentável da Humanidade. Que não é hoje ao que se assiste.

Senhores governantes, políticos, deputados, actuais e passados com responsabilidades políticas e sociais: não vos dou carta branca para servirem o vosso exclusivo interesse.
Nós no geral e eu no particular não somos o jardim de ninguém, com quem se faz experiências. Não aceito que diminuam ainda mais a nossa auto-estima, a nossa dignidade, a nossa integridade. Não aceito que nos suguem o sangue e bem pior, a alma.

Tudo em beneficio de corporações, lobbys e grupos económicos!?. Se há prosperidade para estes grupos, é porque somos nós que geramos essa riqueza. Logo, nós cidadãos temos medo de quê, se somos capazes de a gerar? Que ela nos seja redistribuída e não retirada.

Que haja aproveitamento do potencial que temos nos recursos naturais e humanos, à disposição de todos, para criar um projecto de vida digno para todos, num caminho diferente deste capitalismo descontrolado e desregrado que levou à crise da EU, do euro, dos EUA, do dollar, da libra e da sociedade global, hoje insustentável.

Senhores governantes (todos), também têm filhos e por eles também, não lhes deixem como herança esta guilhotina pendente nas suas vidas. Enquanto ela estiver sobre a minha cabeça, prometo não morrer sem espernear.

Que o medo e a subserviência não sejam os lemas dos políticos nem dos cidadãos que os elegem. Comecemos hoje a fazer um novo final. Fiquemos para a história como o grupo de homens e mulheres que se atreveu a mostrar que ama a democracia, a justiça para todos, a solidariedade, a cidadania, a pluralidade e a integração destes valores na sociedade portuguesa em particular.

Os gregos,fundadores da nossa actual civilização (Platão,Aristóteles)diziam que a politica se fazia para servir o bem comum. E Maquiavel dizia que os povos precisavam de perceber que os políticos saíam do povo e enquanto o povo nivelasse por baixo,os políticos seriam o seu espelho.

Canalize-se a obsessão do dinheiro (divida) para o crescimento desta Nação. Quem paga impostos violentos como nós e nunca consegue pagar todas as suas contas de serviços básicos e ainda é tratado como um criminoso, que se atreva a não se submeter à lei do medo e do silêncio. Nada temos a perder.

Há soluções, há saídas, Há esperança, há formas de resolver e há formas de não retrocedermos civilizacionalmente. Somos todos nós que contamos para a mudança, hoje imperiosa e, com o tic tac do relógio a contar depressa.

Formula Coca-Cola: as dicas do Max

carne da minha carne mas apenas emprestado

domingo, 12 de junho de 2011

Mia Couto

Mia Couto

o homem que desconseguiu roubar
Era uma vez um homem que queria roubar o seu país. O seu plano, era o seguinte: começaria pela provincia mais pequena e ia avançando para as maiores. Quando dessem conta, o país já não existia. Já ele o tinha vendido no mercado internacional, onde se vendem países ao desbarato.
Dito e feito. Pegou num saco e começou a meter nele a província mas pequena. Com uma pá ia escavando, metendo terra, pedras e plantas, estradas e fábricas, tudo para dentro do saco. Fez mil viagens, encheu mil sacos. E ao fim de muito esforço viu que a província ainda estava lá. Parecia inteira, intacta, incólume. Voltou para casa e sentou-se num canto, muito triste. Então todos roubam e só ele não era capaz? Assim angustiado, decidiu ligar a televisão. Escutou o debate de uns políticos. Falavam do país, do tal que ele, em vão, tinha tentado lapidar. Tinha os olhos no ecrã, mas era só para se distrair. Foi quando reparou que um pedaço do país estava a sair fora do bolso de um deputado. Reparou melhor e confirmou que assim era. Olhou os outros políticos e viu que, em quase todos eles, os bolsos estavam atafulhados de património nacional...

... O mais estranho ainda estava por vir: é que, de vez em quando, faltava a luz no estúdio. E depois, quando a luminosidade se recompunha, os bolsos dos fulanos já estavam de novo meio vazios. Voltavam a encher, sempre à custa da terra. Mas, de novo, vinha a escuridão e os bolsos vazavam.
Uma das vezes, porém, o intervalo de escuro foi muito breve e viu-se que havia uma mão comprida, que vinha de além do estúdio (a bem dizer vinha de além-fronteiras) e que vazava os bolsos dos nobres senhores. Mas por razões misteriosas lá se enchiam os bolsos de novo. E o ciclo se refazia.
Até que, de repente, aconteceu um facto extraordinário - o chão do estúdio televisivo ruiu. Entrevistados e entrevistadores sumiram repentinamente num abismo. Para o nosso telespectador só havia uma explicação: os grandes senhores tinham tirando tanto país que, por baixo deles, já só havia um enorme buraco....
Mia Couto, O país do queixa-andar

quinta-feira, 9 de junho de 2011

a minha adaptação livre de uma carta de Fradique Mendes

Em correspondência de Fradique Mendes por Eça de Queiróz

É inverno onde estou,
era já inverno quando parti
e deixei para trás o teu olhar
E há-de ainda ser inverno depois que este inverno terminar
e a seguir,
virá de novo o inverno,até que de novo eu regresse à estação do sol,
que é em toda a parte,o instante que o teu olhar iluminar

És o meu destino,a minha Pátria,a minha Fé,
é a memória da tua luz que me guia
ao partires anoiteceste a minha alma,
inquieta-me menos o meu destino do que este inverno
condena-me de vez ou salva-me um dia

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Anatomia de Geia- Ensaio para Psicologia do Desenvolvimento

Os segredos do ciclo de vida: da idade de ouro à idade da sabedoria

Palavras-chave: idade adulta, adulto, adultez, meia-idade, velhice, velho

Desconhecia o rosto reflectido no espelho, não me reconheci, mas aceitei e amei
Agora as suaves rugas fazem-me companhia e aceitei
Despi a roupa que já não me servia num corpo que desconheci, mas aceitei e amei
Outrora de seda, os meus cabelos longos e negros estão salpicados de finos fios de branco que aprendi a amar
Já não posso correr com os meus netos, mas posso ficar benevolentemente a ouvi-los e a contar-lhes como um dia fui igual,
Deixo-os brincar na minha pele feita de pregas macias que eles aprenderam a amar
Um dia nasci do mesmo ventre, da fonte que vai gerar outras vidas que vão envelhecer
Afinal é quem eu sou agora depois de o tempo entrar em mim
Agora que jorro apenas amor, sorrio enquanto aguardo o momento meu, só meu, de partir e recomeçar tudo outra vez

Sinopse:

“Não podemos possuir nenhum objecto de culto mais digno de respeito do que um pai ou um avô, uma mãe ou uma avó…”(Platão, citado por Beauvoir, 1990, p.136)1*
No processo de desenvolvimento que decorre ao longo da vida, os estudos da psicologia são ainda poucos para explicar os fenómenos que atravessam a idade adulta até à velhice, como forma de ajudar a que as mudanças ao longo destas fases sejam vivenciadas, interiorizadas, compreendidas, e aproveitadas como as mais-valias conducente à quietude do fim.

Na meia-idade, ou idade adulta, reestrutura-se a bagagem da vida sob a forma de valores, conceitos, ideais, regras e afectos e prepara-se o novo caminho que leva à velhice. Perante circunstâncias de personalidade inatas, genéticas e em contextos sociais múltiplos e diversos, ao “correr riscos” tanto na idade adulta como na velhice, perante desafios, problemas, conflitos e perdas, o ser humano é conduzido à aceitação e à integração plena de cada nova experiência, ou à regressão, à alienação e ao encerramento a novos caminhos.

Estas duas relevantes etapas no desenvolvimento do ciclo de vida do ser humano, às quais as sociedades atribuem papéis mais ou menos importantes e mais ou menos activos, contêm profundos significados para o saldo positivo do ciclo da vida.

Introdução:

É bem verdade que se cada um pegar no seu nascimento como uma dádiva única e singular e, em si próprio, como um ser total e for capaz de encher e esvaziar a taça da sua vida atrevendo-se a ser o artista que concebe a mais rara das artes, cumpre de forma sublime o seu ciclo do nascer ao morrer, no útero que é o mundo.

Vivemos numa realidade complexa onde o culto da juventude é mais do que um sinal evidente de que não queremos envelhecer nem aceitar a degradação física e intelectual. A procura da eterna juventude enquanto a vida durar é o Santo Graal da ciência, da medicina e da tecnologia, buscando obter respostas que conduzam à longevidade enquanto jovem. Vemos a velhice, apesar do aumento da esperança de vida, às condições de vida mais saudáveis, à evolução da medicina e da ciência que traz melhores cuidados de saúde e ao prolongamento da vida produtiva, como a fase de quebra real de capacidades cognitivas, físicas e intelectuais.

Neste processo de desenvolvimento, a importância dos estudos da psicologia destes processos, prende-se com a maneira de ajudar e orientar os indivíduos a caminhar para a última etapa da vida. As crises na idade adulta (a partir dos 40/45 anos) podem ter tanta ou mais intensidade do que na adolescência, sendo que o desenvolvimento das potencialidades nos papéis sociais, individuais e profissionais, são de extrema relevância para que o adulto se afirme de forma positiva ou se anule e estagne. As passagens da meia-idade para a velhice (a partir dos 65 anos) podem ser momentos dolorosos que dão lugar a estados de alma vazios, ou na melhor perspectiva trazem a sabedoria que conduz à abertura de novas manifestações de um Self completo e enriquecido.

Os segredos do ciclo de vida: da adultez à sabedoria

Shakespeare dá a primeira forma à psicologia da personalidade idade adulta em “Como Gostais II” e as primeiras teorizações aparecem em meados do século XX com Jung, Buhler,Levinson, e Erickson, reconhecendo que a vida tem uma estrutura composta por princípios básicos e comuns, onde o meio ambiente modificava, influenciava e alterava a vida do ser humano em conjunção e interacção com a personalidade, na forma de aquisição, fortalecimento e desenvolvimento de capacidades.

Com Erikson, cada fase da vida (ou estádio de desenvolvimento) tem uma crise subjacente, que prepara para a fase seguinte do desenvolvimento e que traz potencialidades de crescimento caso seja resolvida e integrada positivamente, ou trazendo prejuízos caso seja negativamente resolvida. Os adultos (na fase de vida dos 40-65 anos), atravessam o estádio da generatividade/produtividade versus estagnação porque se trata de uma fase de pleno desenvolvimento das potencialidades pessoais (de criatividade, emocionais e de afirmação) e de interacção social.

No sentido positivo traz tolerância e maturidade ao adulto que se reconhece útil. Na última fase da vida a dialéctica opõe integridade a desesperança. No sentido positivo traz sabedoria, vindo esta do orgulho pelo seu percurso, o amor por si e pelos outros bem como o sentido de unidade e pertença. Se esta crise for resolvida no sentido negativo traz alienação e desespero (Valadares,J.2007,Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem).

A jornada que é o desenvolvimento do ser adulto caracteriza-se pelo pensamento mais complexo, com maiores responsabilidades e compromissos pessoais, sociais e morais. Novos objectivos e metas pragmáticas são procurados para estruturar a vida adulta. A consciência do desenvolvimento, de crescimento profissional, interpessoal e familiar passam a reflectir a evolução típica desta etapa que tem também como objectivo o de deixar um legado (Levinson).

Na meia-idade, são profundas as mudanças que influenciam o desenvolvimento, sendo elas pessoais (auto-estima, identidade e maturidade), sociais (saída dos filhos de casa e reestruturação das dinâmicas familiares), profissionais (chegada da reforma o menos intensidade laboral) e ainda fisiológicas, como a menopausa (nas mulheres) e a andropausa (nos homens) provocando também o aceleramento de outras metas (posse e propriedade), ou aproveitando as oportunidades trazidas por novos desafios para reavaliar e reestruturar a vida (Levinson), mas também trazendo maior ansiedade relativamente ao futuro.

Nos tempos mais recentes as mulheres na idade adulta, desempenham maior número de papéis e enfrentam condições mais adversas em actividades mais difíceis que lhes exige maior controlo e um novo papel social o que obriga a procurar novas respostas à qualidade de vida. Na velhice as mudanças de metas acentuam-se relativamente à procura de cuidados de saúde e lazer.

Conclusão:

Com uma pequena investigação junto de um grupo de 10 Adultos de 45/65 anos e 10 Idosos de 65/86 anos que viveram situações extremas de guerras, perdas de companheiros (as), perdas de propriedade, perdas de filhos, perdas de empregos, reestruturação de vida na meia-idade estes são os resultados à pergunta:

- Se pudesse voltar atrás e fazer alguma coisa que lhe trouxesse maior qualidade de vida na velhice o que teria feito?

Mulheres de 45-65 anos
 Ter-me dedicado mais à família e a motivar os filhos a seguirem caminhos diferentes
 Qualquer coisa para não deixar hoje que a reforma me traga depressão e solidão
 Teria sido demasiado emotiva e menos racional ao lidar com decisões importantes
 Teria aproveitado mais oportunidades de gozar bons momentos e viajado mais
 Seria mais ambiciosa

Homens de 45-65 anos
 Não ter rejeitado oportunidades de trabalho que trariam mais autonomia financeira
 Teria aprendido um instrumento musical
 Teria aprendido musica, escrito um livro
 Teria mais cuidados com a saúde

O que devia ter feito para melhorar a qualidade da sua vida?

Mulheres 65-86 anos
• Ter estudado
• Não me ter reformado cedo
• Não ter abdicado de mim própria para me dedicar em exclusivo à família
• Casar-me de novo

Homens de 65- 86 anos
• Ter escolhido outra profissão
• Ter aprendido musica
• Não deixaria de trabalhar
• Ter estudado
• Ter pensado mais em mim


Ninguém pode fazer história se não quiser arriscar a própria pele, levando até ao fim a experiência da própria vida, e deixar bem claro que sua vida não é uma continuação do passado, mas um novo começo. Continuar é uma tarefa que até os animais são capazes de fazer, mas começar, inovar, é única prerrogativa do homem que o coloca acima dos animais (Carl Jung,1875-1961)

Mesmo que se veja confrontado com condições adversas, limites sociais e biológicos o adulto faz a sua transição para a meia-idade e posteriormente para a velhice interiorizando essas adversidades, e transformando-as em sentimentos de estreitamento com o mundo que o rodeia deixando de se sentir um estranho mas levando-o a aceitar-se como parte de um todo que o ajudará a completar o seu ciclo de vida em paz.

Cada ser nasce com plenas potencialidades de desenvolvimento e capacidades de resistência, emocionais, cognitivas e sociais para ultrapassar situações adversas.
O equilíbrio entre os riscos tomados e os recursos interiores de protecção, levam a ultrapassar desafios com sucesso (A Resiliência como capacidade de re- construção Humana).

Estas capacidades interiorizadas e reforçadas nas etapas do ser criança, à adolescência até chegar à adultez, conduz a uma maior valorização, consolidação e estrutura do Eu. Os contextos negativos tanto na idade adulta quanto na velhice, influenciam as capacidades cognitivas e afectiva podendo conduzir a situações extremas (incluindo o suicídio). Num ambiente de amor, o ser que se estruturou emocionalmente, que ama os outros e transmite os seus afectos, conhece o seu lugar nesta etapa, reconhece a sua importância perante os demais, servindo além do mais de referência ao desenvolvimento dos mais jovens (Être Vieux,de la négation à l´échange,1991).

Para muitas comunidades ocidentais, a velhice é o tempo da assistência social, de vulnerabilidade, de marginalização, de total dependência, de falta de perspectiva, de acreditar menos em si próprio, de degradação física e psicológica de período de espera da morte.

Para outras comunidades (maioria dos países africanos), trata-se da fase da transformação a honrar e respeitar, da idade da sabedoria, significando esta, a expressão de “juízos adequados e mestria nos aspectos pragmáticos da vida, na compreensão da complexidade da vida e nas elevadas complexidades de aconselhamento” (Marchand,H. 2001,p157), na busca do auto-conhecimento e da verdade como forma de completar a integração plena do Eu.


Bibliografia:

Marchand,H. (2001).A Sabedoria, (excerto do texto).Psicologia do Desenvolvimento
A Resiliência como capacidade de (Re) Construção Humana. Universidade Aberta
Tavares, J., Pereira, A., Gomes, A., Monteiro, S. e Gomes, A. (2007). Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Porto: Porto Editora.
Veysset-Puijalon,B.,Savier,L. (1991). Être Vieux,de la négation à l´échange.Paris.Série Mutations nº124

Webgrafia:

1* Carvalho Jr,J. a psicologia Junguiana in http://psicologia-cgjung.blogspot.com/
Papeando com a psicologia in http://grupopapeando.wordpress.com/category/vida-adulta/