terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Um mundo fodido!

Mais uma “silly season” de holocausto de pinheiros, holocausto de calorias, de luzes, de prendas, de fatias paridas e “dreams” (de abóbora) também de muito amor, alegria e divertimento e o reverso da medalha, de muita hipocrisia, prestes a findar o calendário, e, o mundo a foder-se em contínuo retorno à barbárie: parte 2015!
E sem andar a foder. Isto mais que um fado triste é triste por não ser só um fado. Apenas uma má foda sem toque de fada. O calendário do mundo muda de página, mas a foda continua. As pessoas que não mudam, mal fodem e são mal fodidas.
Tudo isto me cheira a que estamos todos fodidos no ano novo, se pelo menos não fodermos mais.
Não a vida uns dos outros. Mais uns com os outros. Ao estilo: fodamos como se não houvesse amanhã antes que acabem com a nossa capacidade de foder. Penso eu, de que, seja essa a mui nobre e leal intenção “deles”.
Citando um amigo na invicta mui nobre e leal cidade de onde escrevo, digo eu também aos DDT´s (donos disto tudo) que não nos deixam fazer melhor :“não lhes perdoai pai, porque eles sabem mui bem o que fazem”.
Continuemos pois, a tornarmo-nos excêntricos ao tentarmos ser melhores. E a foder sempre que pudermos J
Um bom ano para a família, amigos, seguidores, desconhecidos e até aos inimigos. Que as “pedras no caminho” sirvam para construir os degraus do castelo.
Poesiem-se e com esta vos deixo este ano:

É uma terra danada,
Um paraíso perdido.
Onde todo 
mundo fode,
Onde todo mundo é fodido.
Fodem moscas e mosquitos,
Fodem aranha e escorpião,
Fodem pulgas e carrapatos,
Fodem empregadas com o patrão.
Os brancos fodem os negros
Com grande desprendimento,
Os noivos fodem as noivas
Muito antes do casamento.
General fode Tenente,
Coronel fode Capitão.
E o Presidente da República
Vive fodendo a nação.
Os Frades fodem as freiras,
O padre fode o sacristão,
Até na igreja de crente
O pastor fode o irmão…
Todos fodem neste mundo
Num capricho derradeiro,
E o danado do Dentista
Fode a 
mulher do Padeiro.
Passos, depois de eleito, se tornou um fodedor
Não fode o Cavaco, mas fode o trabalhador,
O Ministro fode o deputado
Que fode o eleitor.
Parece que a natureza
vem a todos nos dizer,
Que vivemos neste mundo
Somente para foder.
E, meu nobre amigo
Que agora se está a entreter,
Se não gostou da poesia
Levante-se e vá-se foder!

Autor Desconhecido – Também, pudera… se fosse conhecido, estava fodido!


terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Lembrete Natalício sem Ho.Ho-Ho

Lembrete natalício: 
Enquanto os "mercados forem mais livres que eu"  as cadeias estiverem com poucos presos ligados à corrupção, o passos for 1ºministro e portas não afundarem, a merkel reinar, enquanto eu e largos milhões estivermos sujeitos às piores medidas de coacção: pulseira electrónica, chip, prisão domiciliária, trabalho quando há, quase sem remuneração apropriada, uma educação de merda e líderes mundiais fajutos a minha árvore de Natal será esta. Enquanto a fumo ao longo do ano, vou esquecendo e cantando. Esta não me leva à prisão por violência contra o governo, antes pelo contrário. Faz-me apenas escrever mal dos males que me dão cirrose à alma e cura-me o mal das angústias.
O que mais precisam todos aqueles que não têm amor, paz, um presente nem um futuro, um lar, uma noite de Natal, uma família e que sofrem indizíveis violências é saber que não estão sózinhos. Que há vozes sensíveis que falam por eles.



segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Meia-Idade, uma prosa quase conto


Chegou a meia-idade mas nem sequer teve tempo de perceber se tinha crescido. O corpo ali ficou a meditar no tempo. Era a sua viagem de renascimento. Sem regresso à saudade. Por falta de tempo. Ia continuar a procurar a felicidade em cada instante. Nos pedaços daquela que restasse para si. Era o lar que queria. A morada onde todas as buscas começavam e nunca se perdiam. Os achamentos, passageiros, fortuitos ou relevantes da juventude pertenciam a outra idade. Irrelevante e passageira. O que pensava que era a vida pela frente transformara-se na vida em frente. Olhando-a de frente. Zombeteira. Não foste ou não conseguiste alguma coisa? Experimenta de novo. Mesmo que os sapatos estejam gastos. Agora era de meia-idade. Até ficar sem idade. Os cheiros enchiam a manhã. Em particular da terra acabada de lavrar. Preparada para receber a semente de novas culturas. A terra na sua transformação. Uma borboleta acabava de entrar pela janela a convidá-la a seguir um caminho. A busca de si mesma, da sua transformação. O único caminho a seguir era o voo, mergulhando na sua essência. A cada novo dia, até ao último dia, sem descanso, libertava-se de pesos que a arrastavam pelo duro chão dentro de si. Aprendendo a voar não a limitaria. Iria mostrar o caminho aos que ainda não aprenderam a ter asas. Hoje sim, amanhã não, amanhã sim, no dia seguinte não…São temperaturas. No próprio dia podem sentir-se todas as estações do ano…A vida ria-se de si, descaradamente, enquanto fazia planos. Perdia o pé mas batia os braços e as pernas. Neste oceano sem fundo a profunda liberdade é o maior desafio. Numa tarde fria os multi-eus que convivem dentro de cada um conversavam numa linguagem que nem sempre é a sua língua materna. A linguagem da arte de voar. Atreveu-se a ser livre. Despiu-se de máscaras. Nesse dia, sem resistências, nem idade, voou!

pintura de Toulouse-Lautrec


“Os cães vão para o céu”


Os prémios Nobel da Paz vão-se encontrar em Roma para uma conferência. O local de encontro mudou, porque a África do Sul se recusou a dar um visto de entrada ao Dalai Lama.
Bem que o mundo precisa que estes homens e mulheres da Paz se encontrem. Sim porque isto de esperar que sejam só as misses a falar da Paz no mundo, não vamos longe como raça. Há uns que não sei bem o que lá estão a fazer no meio dos laureados. Mas isso sou eu que sou pouco entendida no mundo.
Mas hoje tive uma surpresa. O tão celebrado Papa Francisco, no qual devo já confessar aos Mata-Haris de serviço, não acredito, mas deixei em estado de alguma graça, simpaticamente, para não ser tão do contra, observando sorrateiramente como a coisa se ia desenrolando lá para os lados do Vaticano e do seu Banco, hoje deu razão à minha desconfiança. O Papa politicamente incorrecto? Seria? Humm, marketing sempre pensei. O verdadeiro incorrecto politicamente faleceu aos 33 dias de Pontificado, e, este ainda está vivo! Humm, pode ser que seja genuíno, ou que tenha mudado (ler sobre o seu passado). Afinal…
Não vai receber o Dalai Lama! Porque evidentemente isso mexe e profundamente com a tentativa da Igreja Católica se aproximar da China e estabelecer laços de evangelização.
Ou seja, ele há mesmo santinhos do pau-oco. A África do Sul foi banida de organizar o evento, outrora com o brutal regime do apartheid, segregando um guerreiro da paz, dos direitos humanos, da democracia e da libertação do seu país o Tibete. Este, ocupado há 64 anos, amordaçado e reprimido pela China. A quem todos devem e temem. E todos politicamente correctos obedecem.
Com o mundo aos seus pés, caiu a máscara do bonzão, cool, amigo dos pobrezinhos, mulheres solteiras, gays, criancinhas com fome, vítimas da pobreza e um largo etc, e, agora se vê, até o Santo Padre é um alinhado.
É isto que os cristãos da Paz querem? É este o espírito do Natal (nascimento de Cristo) pela Paz no Mundo?
Vou ali alimentar as minhas galinhas e já volto!
Não se esqueçam de deitar uma moedinha por mim na Fontana di Trevi enquanto bebem cappuccinos e conversam em Paz sobre a Paz.
Continua a tua luta. Não me desiludas Dalai. À Lama com eles.
O mundo está fodido e se calhar, digo se calhar, não há Paz que o salve. Enquanto Roma arde…

De repente lembrei-me de G.Orwell (não percebo a razão…): “todos os homens são iguais, mas há uns mais iguais que outros”. 

domingo, 14 de dezembro de 2014

Buongiorno principessa


Ao ler a sua entrevista, fiquei a pensar em injustiças… Manuel de Oliveira, 106 anos disse que a vida é uma derrota. Que pena! Não consigo entender! A vida é a arte da beleza em movimento, como num filme. Ele que se dedicou a fazer arte, ser agora tão injusto com ela. Ele a quem nunca faltou recursos, nem pão, para fazer arte. Mesmo não conhecendo os seus filmes (para além do Aniki Bóbó), são arte na conquista da infinitude que a vida não oferece.

A vida é bela, diz a experiência de uma vida, que um dia acaba.

Fazer arte é criar. É um exercício de humildade, de imaginação, de loucura, de cor, de estudo, de tempo, de dinheiro para alimentar o cordão umbilical de quem cria, com o mundo. Quantos não deram a vida pela sua arte?

A vida é finita, a arte para sempre fica. Fazer arte é levar a vida sempre fora da zona de conforto exterior onde existe apenas um conforto: o mundo interior ao contrário.

Como quando estamos apaixonados: quando a arte acontece, vira-nos de cabeça para baixo, desafiando-nos a ser um com o todo.

O universo é infinito e abundante, sempre em expansão e completo. A vida o seu contrário. A arte é o fio com as contas do rosário que liga os dois mundos. O cordão umbilical entre a vida humana e o universo que nos rodeia.

A vida é uma partitura musical e os sons que ouvimos são cruéis, trágicos, felizes, dramáticos, intensos, emotivos, sentimentais, vazios, de perda, suaves, leves, finitos e embrulhados em notas de humor.

A vida é bela, nunca uma derrota. Nem mesmo quando ela nos falha e deixa exauridos, com vontade de fazer cair o pano.

A vida é bela, digo eu, no meu filme de vida, com uma longa experiência nela, dela, com ela e para ela.
E diz o filme…

Cuidem-se, amem-se e não deixem de exprimir o que vos diz o coração, como os artistas. Naturalmente façam arte. O meu respeito, admiração e incentivo para os artistas de todas as expressões.

Num dos momentos mais belos do filme "a vida é bela" onde a arte é mestre: vida,morte,humor,beleza,ternura,sacrifício


sábado, 13 de dezembro de 2014

Revelião!

UBUNTU: “Eu sou humano porque eu pertenço, eu participo e compartilho”.
Uma tradição africana sobre quem temos de ser: Ubuntu: “Como é que um de nós poderá ficar feliz se todos os outros estiverem tristes?" 

Somos porque somos o outro, porque nos contemos no outro. Ubuntu é mais do que uma palavra, ou filosofia. É a essência de quem somos como grupo. A solidariedade e a força de um grupo é maior do que a do indivíduo.
As necessidades da comunidade são maiores que os direitos individuais ou as suas necessidades. E a responsabilidade de cada um é maior para com a comunidade. Não apenas aquela a que pertence. Mas ao todo. 

O actual sistema económico que domina as nossas vidas é o verdadeiro déspota. Porque nos submete, atira para a miséria, reprime, escraviza e limita.
De caçadores a bárbaros, hoje predadores bárbaros, fomos caçados neste sistema que como uma praga espalha a sua loucura e nela nos espelhamos sem nos reconhecermos como loucos. A Educação que nos deveria salvar está também ela ignorante repressora e cega.
A voracidade predadora desliga-nos da nossa sensibilidade e da bondade inerente à natureza humana, trouxe-nos a este desnível incoerente e absurdo entre o desenvolvimento tecnológico e o subdesenvolvimento ético.
Os efeitos da globalização, da sociedade viciada pelo consumo, pela individualização e pela megalomania dos homens gananciosos, tem estado naturalmente a derrubar a tradição que vem de África, onde todos começámos.
Não ver e não falar sobre o único sentido da vida em comunidade que é a partilha, a empatia (os valores que nos deveriam guiar como comunidade e como indivíduos), é perder a razão de existir da família humana.
No nosso rectângulo lavado pelo oceano, os lixos estão há demasiado tempo a poluir as nossas areias. Lixo feito de gente sem vergonha que inventa falsas inocências, que nada sabe, nada viu, nada fez, onde tudo é obra de ninguém…ou do Espírito Santo.
No entanto, enriquecem, vendem-nos em pedaços como se o resto de gente que cá ficasse, de gente não se tratasse.
Parece que somos apenas uns mexilhões, prontos a ser comidos com molho de ostras e Porto Vintage…
Lutamos individual e colectivamente para duas variáveis: aprender a sobreviver e a ser felizes. Nessa aprendizagem confrontamo-nos com o nosso maior inimigo: o medo.
-Que cuecas queres que tenha vestidas dona morte (que a todos trata por igual) quando me vieres estender a mão?
Até ao dia que ela me procure, quero apenas ficar refém da simplicidade das relações intrinsecamente simples que aprendo com a natureza. Dela venho, para ela vou.
E de pouco preciso para viver e ser feliz. Como todos. Mas certamente não preciso nem quero o medo!
Nada mais temos a perder. E temos um dever para connosco e para com a comunidade. O de não obedecer à ordem de destruição que nos impõe!
Temos de ter outra maneira de ser.
Para não sermos varridos por uma onda. Como um todo.
Porque temos um presente neste Natal completamente envenenado. Não temos futuro.
Podemos mudar a rota? Sem dúvida. A resposta é: Ubuntu!
A começar por: "revelião"!
A minha casa está à disposição!



quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Victória para um desobediente

"Temos a obrigação moral de desobedecer a leis injustas"



“A vida afectiva é a única que vale a pena. A outra apenas serve para organizar na consciência o processo da inutilidade de tudo”. Miguel Torga

-Tão ligeira que caminha! Quantos anos tem?
-87 para o mês que vem! Caminho todos os dias e vou conversar com quem já não pode andar!
A frase veio de uma boca com menos dentes e um sorriso maior que o seu metro e meio de altura.
Sorriu sem parar de caminhar. Passo leve e ligeiro. Acompanhei-a.
- Tem um segredo para a sua vida?
-Dar passos todos os dias. Os passos são as decisões. Não interessa se são boas ou más. Decido sair e cuidar de mim e cuidar de alguém. Todos os dias. E esperar o melhor.
De novo o sorriso se abria como o sol por entre as nuvens. Tal como ele, o sol, ela, estava-me a dizer que mesmo quando as nuvens decidem deixar correr as suas lágrimas, logo vem o sol cobri-las de beijos quentes e secá-las.
-O que faz a menina?
-Escrevo e experimento tudo o que a vida me traz, respondi timidamente. E também espero sempre o melhor!
-E espera o melhor…bem vou continuar, não posso parar. Cuide-se menina. Dê um passo todos os dias. Cuide dos seus e dos que não são seus. Há pessoas que precisam de saber que alguém pensa neles.
- Talvez com as minhas palavras…alguém precise delas…
- Se derem um passo na direcção de um coração, está a cuidar de alguém.
Despedimo-nos e fiquei a vê-la desaparecer na aldeia. Uma desconhecida que me trazia afecto.
Um gesto, uma palavra, uma música, uma poesia, um pão, uma sopa, uma flor, um cobertor, um livro, uma festa…é um passo para chegarmos ao mundo dos afectos de alguém. Quer o conheçamos ou não.
O micro-cosmos individual e interno: o nosso mundo dos afectos, desajustado e desordenado, talvez reflicta o cosmos exterior. Juntei as palavras da velha com as de Torga.
Se o micro mundo estiver em ordem, tudo o mais pode ser caos, que saberemos dar passos em direcção aos outros e esperar o melhor.
Se no micro mundo o caos se sentar, nada mais terá ordem. Paralisamos. E nada mais é importante.
E no entanto toda a importância e vitalidade das nossas capacidades, como seres plenos reside no passo que dermos para equilibrar este micro cosmos.
Num mundo disfuncional, normal seríamos tomarmos a decisão, já hoje, de sermos desobedientes. Para bem da nossa vida afectiva que comanda tudo o resto.
Como há quem saiba fazer: ordenar o micro cosmos dos nossos afectos. E dar passos para cuidarmos uns dos outros. E de chegar aos outros.

Esperando o melhor.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Amor e violência

Uma em cada três mulheres no planeta foi/é violada, espancada, maltratada...(estatística da ONU) por um homem que viola, maltrata, espanca, vende aquela que representa a sua mãe, a sua irmã, a sua avó e qualquer outra figura feminina sagrada.
Isto é infame! Intolerável! Uma vergonha para a Humanidade.


Posso ficar vestida com nada, 
posso ficar despida de tudo, 
Mas não sem o que me torna transparente: o amor:
que contém em si todos os direitos, 
e é o único direito, 
que tenho o dever de não perder.
De ti venho,
para ti vou
em ti me busco
em ti me encontro

Don´t (you ever) give up. Obrigada Peter Gabriel pela música.


terça-feira, 25 de novembro de 2014

Mini conto de uma Nação

Mini-conto
Um dia, um povo, a aprender a ser um homem novo, foi sendo o grande anfitrião, abrindo as portas, servindo, e dando a sua cama a vírus hostis. Usando uma só cama, clientes, chulos e prostitutos servem-se, usam-se, lambuzam-se cheios de prazer.
E querem sempre mais e mais, tornando-se ninfomaníacos. Adquiriram o vício: da vaidade. Exibem-se arrogantemente porque infectados pelo vírus da gula.
Um dia o anfitrião, que aloja dentro de si os vírus, envolvido no caos, começa a desenvolver anti-corpos que combatem com a própria vida, a expulsão dos intrusos, sem se deixarem manipular por placebos que servem tão só para cobrir a verdadeira infecção.
Ou não...e morrem doentes. 
To be continued...

Educação, cultura, tempo, corrupção


Como dizia Agostinho da Silva: “Educar é podar”.


Cultivar é educar. Mais que uma soma de saberes, uma acção ou um poder é o tempo que deixamos que uma semente germine e frutifique no espírito. Como na natureza.
O tempo, nos ciclos da natureza, vem nos educar sobre como cultivar.
É dele que as raízes precisam para criarem laços firmes e sadios com a terra.
É dele que os troncos precisam para se fortalecerem e conseguirem ser o apoio dos seus frutos.
É a ele que os frutos verdes se abraçam até se tornarem maduros.
O agricultor vai podando, para melhorar o trabalho do tempo.
Uns caiem podres com a dureza das estações no crescimento. Outros manifestam a pureza da leveza da alma florescendo viçosos.
Assim somos nós. Todos. Respeitando cada ciclo do tempo.
Assim nos vamos construindo individualmente. Com o tempo e os seus ciclos de crescimento.
E com tempo construímos o colectivo.
A razão para não conseguimos respeitar os ciclos do tempo, e, nos tornarmos árvores com frutos sadios é a corrupção sistemática.
Criada pelos homens.  
É a maior guerra que temos de enfrentar para combater a pobreza, a miséria, a fome, a violência dos nossos dias.
Pode ser desfeita pelos homens.

Através da cultura do espírito vinda da Educação. E quando ela nos é cortada, limitada ou dificultada, significa que ervas daninhas invadiram a terra. Extirpá-los é a única solução. Com tempo e sabedoria.

sábado, 22 de novembro de 2014

A Coisa (História) que nos pariu

Scorcese, Coppolla,Tarantino, Moore, Clooney,são os meus realizadores convidados para realizar uma ficção.
O argumento é a História recente de um pequeno país na Idade Média e no 3ºmundo.
Casting: um banqueiro ex dono disto tudo, actualmente dono deles todos. Se calhar denunciante deles todos.
Ministros, autarcas, jornalistas, juízes, mais banqueiros, ex governantes, presidente.
Actores coadjuvantes: várias empresas amigas nacionais e estrangeiras, um triumvirato de reis magos, trocas de favores, rede social de contactos e amigos, incluindo estrangeiros, que largamente supera o facebook.
Tudo gente muito importante,bem cheirosa e bem vestida, com boas armaduras. À época,claro.
Muitos aventais para limpar mãos, luvas, rostos.
Há também sacrifícios e bodes expiatórios para evitar que caiam os que se julgam impunes. A queimar no cadafalso público.
Muitas vinganças, muitos ressentimentos, muitos fingimentos, muitas manipulações em cada episódio, como nas novelas trazidas de um México.

Numa determinada altura do argumento, entram estrangeiros a comprar tudo, uns ganham vistos dourados para ter casas com piscina em frente ao mar compradas por uma empresa estrangeira criadora de empreendedores e colaboradores.

De mansinho, para baralhar e adensar o argumento, chega também uma amiga de um país outrora colonizado, que passa a ser a dona disto tudo e deles todos.

Vantagem: a História em vários filmes com muitos tachinhos e taxinhas.

Os figurantes:Estão lá apenas para queimar, com óleo de limpar armaduras, dar alguns alívios cómicos,ver umas cenas escaldantes numa caixa chamada TV e ganhar umas medalhas e botas desportivas. Não interessam para nada.

Há uma aldeia gaulesa, com uns bons, acho eu. Tem de haver...vou pensar nesse aspecto da história.

Dêem-me uma tacinha que fiquei um pouco tonta e enjoada. E suja.


Já só sei que nada sei! 


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Transformação

A borboleta antes de ser, já é vida. Em transformação.A transformação que ocorre em permanência na vida, na natureza. Em nós.
Recebi uma borboleta de oferta. Linda, enorme. Multicolor. 
Pintada por uma artista local. Na serra onde a moon é chic.
Num dia em que várias borboletas me rondaram, entraram em casa, no carro.
A borboleta tem uma curta duração de vida. Como nós.
Quando me deu a borboleta fez-me reparar como o nosso corpo e orgãos são parecidos com o corpo de uma borboleta.
E no seu ciclo de transformações. Como nós.
Quando se está em contacto com a natureza percebemos muitas situações de forma clara. Sobre os ciclos de transformações. De vida e morte. De inicio, fim, de renascimento. De crescimento e de maturação. De fertilidade. Do tempo que dura um ciclo.
Aquilo que tantas vezes é uma perda, é tão só a não eternidade em transformação.

Escrevi inspirada pela borboleta.

-Depois de me perder pensas que vais sobreviver?
-Sei que o meu sangue me empurra, respondo a tremer de medo.
-Se tens medo será que vais encontrar coragem?
-Quando o barulho cessar, vou ouvir ao ver o espelho do meu coração.
-Tens pressa que ele te fale?
-Aprendi com a tristeza a não apressar a minha alegria. Ela vai acontecer porque é assim na natureza. E eu sou a natureza.
-Não vais chorar mais?
-Já caíram tempestades de água dos meus olhos, que inundaram as terras. Deixaram o solo fértil.
-Vais-te apressar a levantar?
-Vou florescer devagar, com tempo. Como o tempo que o sol demora a se anoitecer.
-Que queres que te aconteça?
-A simbiose com os nutrientes do meu sangue. O meu solo ontem árido, a seu tempo, cobrir-se-á de sementes.
-Crês que vais encontrar a corrente do teu sangue?
-Como água no rio corro por entre juncos e pedras.
Um dia… começarei a desaguar…
Em doces e eternos ecos.

Paradoxos da raça,

Por todos esses que não têm direito a voz e são silenciados, é que eu tenho o dever de gritar.
É por falta de vontade dos senhores das guerras que há caos, austeridade, miséria, escravatura e sofrimento. Tudo o resto é “bullshit”.
Conseguimos aterrar em cometas e conseguimos tudo o resto que queiramos. Dar luz, livros, lápis, comida, abrigo, fogo, ar, água conforto a todos. Sem excepção, de qualidade, e, sustentável para o planeta.
O caos está cá fora à minha volta, e há tanta gente que não está bem. Que não tem qualquer possibilidade de conforto. Tem falta do essencial. Para si e para a família.
Ou apenas para si, porque há muita gente só. Na total solidão. Como se não bastasse a miséria. Ela vem carregada de solidão.
Alguns dizem-me: ”não há vítimas, escolheram estas experiências.
Eu repito: foda-se isso é uma enorme treta!!
Alguém escolheu por nós que não íamos ter a possibilidade de ter uma vida. Alguém roubou essa opção da lista de opções.
Roubou o trabalho, a casa, o tempo livre, o dinheiro, a dignidade. Roubou grito eu!
Podemo-nos adaptar? Claro que sim, adaptamo-nos a tudo como seres da natureza que somos.
Sobrevivemos e desenvolvemos formas de chegar até onde estamos. Somos capazes de tudo. Bom e mau. Claro que nos adaptamos. É possível viver com pouco? De forma simples? Que dê para todos? Claro que sim.
Mas não é sobreviver que vimos cá fazer. Nem para isso evoluímos.
Não evoluímos para sermos roubados por uns chicos-espertos bem vestidos.
Digo eu que quero ter o tempo e a opção de não correr 12 horas por dia no trânsito, no cansaço, no caos, no desgaste desnecessário à vida humana, para poder pensar, criar, escrever ou qualquer outra escolha.
Para isso, neste momento, preciso de ter dinheiro e ter o que preciso para viver com dignidade: abrigo, fogo, ar, água, alimento. E essa dignidade roubam-me todos os dias.
Alguém ligou o botão para aumentar a velocidade das mudanças. Nos relacionamentos entre pessoas. Com a matéria. Com a natureza. Tudo se degrada rapidamente.
Talvez ao chegar à profundidade do caos, aconteça um choque e dele se acenda a lâmpada necessária.
Tantos seres dependentes da boa vontade, da solidariedade. Do amor que uns têm pela Humanidade. Porque é o amor que falta, para oferecer o essencial a quem tem o direito de o ter.
Para esses muitos, infelizmente muitos, tenho o dever, de dar o pouco da paz que tenho cá dentro, fora do caos cá fora à nossa volta.
Os senhores das guerras são os ladrões. Os que escolhem vestir um fato de guife e sentar-se em cadeiras de design de autor, com o poder adquirido por manipulação.
Os que determinam onde, quando e quem armar e investir para a guerra, seja ela qual for, depois de criarem condições para arranjar os cordeiros que morram nas guerras deles.
É assim em Israel, na Palestina, no Afeganistão, no Iraque, em vários países de África, no México, na Europa.
É nelas que podem mostrar o poder da testosterona e das suas psicopatias e arrastarem os que se precisam de alimentar do poder.
Com o dedo médio levantado digo: por mais voltas que consigam dar, não devemos nada a ninguém, não vivemos acima das possibilidades, não vimos ao mundo para sermos vítimas, não vimos ao mundo para nos roubarem as vidas.

Parem de criar (sim criar, inventar) constantemente novos inimigos para nos amedrontar.
Parem de os subsidiar, armar, alimentar, ensaiar e  dar palco.
Nas guerras e no poder, os ladrões são pirómanos e bombeiros em simultâneo. E vestem Prada.

Por todos os que não têm direito a voz e são silenciados é que eu tenho o dever de gritar.

Deixo uma anedota anónima:


Passos – Paulo, quantos morreram com a legionela?

 Paulo – Nove , Pedro.

 Passos – Só? ... temos de zelar pelo cumprimento do deficit !

 Paulo – Pois, mas foi só em Vila Franca.

 Passos - Os nossos estrategas,  e Moreira da Silva acham que podíamos colocar legionelas nos repuxos, mas só onde não haja turistas por causa do Pires de Lima.

 Paulo  – E se fosse no Natal, quando eles andarem distraídos com as compras ?...

 – Quanto acha que isso vai reduzir no deficit?

Passos – A Maria Luís fez as contas e disse-me que se morrerem mais 50.000 velhos e tipos sem-abrigo poupamos 280 milhões.

Paulo – Descontou os subsídios de funeral ?

Passos – Nada disso, a Maria Luís e o Mota Soares vão acabar com esses luxos. Não convém falar disto ao Machete nem ao Pires de Lima, pode sair asneira...

O Mota Soares até pode facilitar isto...

Paulo – Diga, estou curioso!
Passos – Sugere ao Inatel excursões de reformados a Vila Franca, incluindo estadas em hotéis com serviço de sauna e jacuzzi.
Para despistar passarão grande parte do dia em grandes superfícies.

Paulo –  Boa !
Passos – Para terminar – talvez se consiga arranjar um conflito com médicos e enfermeiros de modo a estarem em greve e podermos ainda entalar as Ordens deles.
Paulo – Vai dar-se um jeito.
Passos – O Aguiar Branco aparecerá a dizer que temos provas de sabotagem, os aviões russos que passaram por aí espalharam bactérias de legionelas.
Paulo – E provas?
Passos – Faço como o Barroso no Iraque, digo que os americanos me mostraram provas concretas !