quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Cidadania versus Política


Hoje li um artigo do Daniel Oliveira que me deixa a pensar na forma de ser cidadã dos portugueses. 
Somos pouco dados à cidadania. Falamos muito, mas sentados em frente a caracóis e imperiais, nos estádios, nos sofás e nos teclados dos pc´s. Ou a fazer “lol´s” nos postes (em português) cheios de humor sobre as autárquicas, ou bonequinhos tristes nas noticias de mais um qualquer corte.

Mas gostaria que alguém me respondesse. Quem é que hoje se dedica à arte cidadã da politica? Do interesse sobre a polis e o bem comum?
Os partidos? que nos representam?? 

Exemplos e referências devem-nos chegar sempre de cima. Os que menos sabem aprendem com os que mais sabem. Por imitação de comportamentos, mas desconfio que a realidade é outra e bem diferente.

Que eu saiba não há estudos sociológicos sobre esta nossa forma de estar, por isso temos de falar apenas pelo senso comum. Sou das que emigra quando a coisa está preta. Porque assim me impõe.
E depois regresso à minha Ítaca (a este chão).
Porque muita coisa me prende cá. Nem sempre voto. E cada vez sou mais abstencionista. Mas não gosto de ser. Queria ser mais cidadã. Por isso tenho que escrever o que penso.

Gosto deste país e gosto do seu desenvolvimento em muitos aspectos. Desenvolvimento que conseguiu ao longo da sua jovem democracia, já com alguma maturidade. Talvez noutro Portugal ideal, daqueles que até já dominou o mundo, muitas transformações tivessem acontecido nestes 40 anos.

Melhorámos em muitas coisas, cidades, aldeias e vilas e podíamos ter crescido ainda mais. Mas está-nos no sangue receber 1 milhão, gastar 200, meter ao bolso 700 e dar umas luvas de 100. É o nosso sentido de equidade. E vem desde cima.

Temos muitos estádios, muito cimento, muitas auto-estradas a ligar Coimbra A a Coimbra B, mas os investimentos sérios em Educação, Arte e Cultura, Saúde e finalmente Justiça, ou seja os pilares de sociedades desenvolvidas, com cidadãos a fazerem uso do poder de se organizar em movimentos cívicos, em partidos políticos, em ONG´s ou associações pela promoção seja lá do que for, ficaram presos às lógicas político-partidárias dos últimos anos democráticos.

E começámos a fazer retroversão nos últimos anos como todos observamos. Inventaram umas desculpas e agora do 1 milhão recebido, pagamos 1 milhão e meio, pelo meio pagamos 400 aos amigos bancos, metemos no bolso de uma off shore 200 que sacámos aos cidadãos votantes e desinformados.

Se a cidadania não se ensinar desde tenra idade, nas escolas, nas famílias e nas comunidades e não se praticar nos microcosmos dos cidadãos, dificilmente estes se colocam em prática nas vidas dos jovens e mais tarde em adultos no seu macrocosmo.

A apatia politica dos cidadão, ou a tal força de cidadania vinda dos sofás Ikea e dos comandos meo, talvez se deva a alguns factores inexistentes na sociedade portuguesa, como os que já apontei.  

Por outro lado temos a Engenharia de negócios que descobrimos cada dia da vida portuguesa, feitos pelos partidos políticos, no governo ou na oposição, e pelos deputados eleitos. Negócios e nada de politica.
Afinal os cidadãos que não se preocupam com a polis são aqueles que fazem política e a deveriam praticar.

Confuso? Por isso andamos a sentir o vazio. Estamos desconectados.
Elegemos os nossos espelhos para estarem lá a entre-ajudar-se. Ou, elegemos quem manipulou melhor e despudoradamente garantiu fazer diferente e enganou os cidadãos?

Para além da educação e sua prática, para nos ligar à cidadania, à democracia e sobretudo à politica, porque todos a fazemos até em frente ao pires de tremoços, precisamos que os duzentos e vários deputados eleitos para a santa casa da misericórdia de são bento, usem as legislaturas para escreverem:

a)    Leis eleitorais verdadeiramente democráticas, onde os círculos uninominais sejam realidades, para votarmos nos nossos candidatos/cidadãos, independentes ou não de partidos políticos.
b)    Leis eleitorais onde votos brancos sejam contáveis para efeito de manifestação do descontentamento civil ou de não eleição (haveria 1 palhaço diferente em Belém). Ou que desse origem a repetição de eleições, sem os candidatos anteriores.
c)    Leis eleitorais novas e transparente sobre financiamentos aos partidos ou movimentos de cidadãos essenciais à democracia (a verdadeira e não esta ilusão em que vivemos).
d)    Leis eleitorais para que cidadãos possam votar independentemente do sitio onde se encontrem inscritos (a tecnologia electrónica está inventada) e reverter a abstenção.
e)    Leis eleitorais que diminuam o nº de deputados na casa da Republica e se poupe dinheiro aos cidadãos.

Talvez com estas medidas, se nos sentíssemos representados de forma mais séria, honesta, responsável e transparente, fossemos outros cidadãos.
Mais sérios, responsáveis, honestos e transparentes.

Não sei, digo eu, apenas usando o bom senso e não me demitindo do meu papel de cidadã activa na arte da cidadania politica.

Temos um Estado social a fingir já que pagamos impostos indecentes, que são assaltos à mão armada e não sabemos para onde vão. Ou antes, desconfiamos.
Há muito que o Estado nos deixou órfãos e não dá na mesma medida em que recebe.

Nós cidadãos temos armas desiguais num sistema politico/partidário desigual. No seu financiamento e na sua opacidade de funcionamento.

Mas importa chamar-nos a todos de calões, de falta de massa critica, ao invés de elevar as consciências, ensinar fazendo e dando exemplos. 
A começar pela comunicação social vendida. A maior puta de todos.

Essa falta de pedagogia faz-me brotoeja. Que são umas borbulhas cheias de um pús verde. Tenho que as rebentar, escrevendo. Para que não me causem um cancro e lá ir parar ao inexistente SNS. Antes morrer.

Como dizia o G.Orwell no Triunfo dos porcos “os homens são todos iguais, mas há uns mais iguais do que outros”, que é o que se passa na política portuguesa.

Daí alguns dos movimentos independentes que surgem serem apenas manifestações de guerras intestinas das entranhas partidárias. Que dão em diarreia. E não me aumentam a confiança na arte de fazer política pelos travestis a que chamamos políticos.

Dizem que vem aí uma tempestade nos EUA que vai devastar extensas zonas e já há planos de protecção civil e de cuidados pós catástrofe.
Dizem e não são as senhoras dos jeovás, que vem aí um tsunami/terramoto devastador que arrasará Lisboa, zona costeira Alentejo etc etc. E que vamos morrer todos por falta de protecção civil pré e pós.
Dizem que há uma pirâmide submersa e agora descoberta nos Açores.
Dizem que há uma nova ilha na Indonésia, aparecida pós deslocação das placas tectónicas.
Dizem que o Woody Allen vem filmar em Lisboa (não sei se antes, se depois do tsunami, se ainda vai a tempo de filmar submarinos com o Portas, caso não tenhamos desaparecido da geografia do planeta).

O mundo está a mudar rapidamente só não sei se para melhor ou pior. Talvez uma rede na ilha Indonésia seja um bom refúgio, já que não tenho guelras para sobreviver na pirâmide submersa.

Digo-vos do alto da minha cátedra de sonhadora utópica, que se o mundo ainda existir no domingo à noite, não terá em nada mudado a consciência dos que hoje 6ª feira, fazem politica e que de alguma forma atiram as suas responsabilidades, para a responsabilidade dos cidadãos.
Os tais que eles dizem que o são pouco, porque não se envolvem na polis.

Vale a pena ir votar(aqueles que podem), dá-nos a nós cidadãos, alguma ilusão de poder. Quanto mais não seja, votar no candidato do partido mais pequeno de todos os concorrentes.

Para que os partidos maiores já instalados (os sobas da Europa), comecem a mudar a consciência de que o poder que julgam inerente, por defeito e absoluto, depende em muito das escolhas dos cidadãos e, que estes não são tão burros como os consideram.


Vou confessar um segredo, para mim ninguém, ninguém votar era sim o que eu queria ver. Nesse dia Portugal começaria a mostrar verdadeira cidadania e obrigar a que leis verdadeiramente democráticas fossem escritas.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Procurar a paz “até que o homem actual saia da pré-história em que se encontra”- José Mujica,discurso na A.G. da ONU a 24 Setembro 2013

Procurar a paz “até que o homem actual saia da pré-história em que se encontra”- José Mujica,discurso na A.G. da ONU a 24 Setembro 2013 

A nós descartáveis, em guerra permanente.
Quando chegamos ao milagre da vida não nos dão livro de instruções e o que nos emprestam (a realidade) está cheio de defeitos...
Temos que criar por isso, o nosso caminho, no meio dos erros.
E procurar novos paradigmas (caminho paralelo), antes que a “natureza nos chame de inviáveis” e faça “gameover”.
Por incompetência nossa. 
Temos essa obrigação.
Nesta inquietude permanente, usa-se uma crise provocada premeditadamente para se colocar em acção medidas cada vez mais centralizadoras, totalitárias, cada vez mais usurpadoras das liberdades e dos direitos individuais.
De mais medidas de controlo e manipulação.
Pensemos,
De onde vem o dinheiro?
Quem beneficia com a crise?
Para que serve a crise?
“Temos governos de empresários que estão a dirigir os seus negócios através dos estados” (Alice Mabota, Moçambique- Presidente da Liga dos Direitos Humanos).
A cobiça, a ganância e o poder são o que nos está a “domesticar”.
“ A cobiça individual sobrepõe-se aos interesses da raça humana e ao bem comum”.
Com estas palavras e muitas mais José Mujica, Presidente do Uruguai na Assembleia das Nações Unidas, ontem 24 de Setembro, faz um discurso avassalador e empenhado com a Humanidade.

“Que se comece hoje um acordo global de Paz, porque os indigentes do mundo não são de África ou da América latina (e agora também europeus, digo eu) são de toda a humanidade”.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Na strada di nô terra

Na strada di nô terra…



Hoje a minha terra GB celebra 40 anos de maturidade na sua independência.
Mesmo que não tenha razões, na data de hoje, para estar feliz, porque os "donos" a sequestraram, vivo na utopia de um dia a saber verdadeiramente livre de quem a roubou e de quem lhe roubou os sonhos. Amílcar Cabral, podem passar anos duros e sem esperança, que o sonho de unidade, não morre.
Como tu, não morreste, antes deixaste o brilho para continuarmos a vislumbrar o caminho onde a querias: o da paz.

Na 2ª parte da música da Sara Tavares é dedicado à GB e eu dedico-a simbolicamente, a dois grandes músicos guineenses, o meu querido primo Zeca Castro Fernandes que mudou a sua morada para o céu há 1 mês e se encontra a cantar com o grande José Carlos Schwartz e a iluminar este caminho.


http://www.youtube.com/watch?v=LECmQa09wRo&list=PLEtRKYELKgnbQ-cAGvFg9Za4luxqqdemn

domingo, 22 de setembro de 2013

Até o Ray Charles conseguiria ver

Julia Hill (na imagem) viveu 738 dias em cima da árvore para impedir que a cortassem.
Não somos nós capazes de dar uns dias da nossa vida pela nossa árvore (existência)?


Interregno (interrupção entre o vazio e qualquer coisa desconhecida)

entre a vida e uma morte que se anda a anunciar,
entre problemas velhos com soluções inválidas,
entre involução e re-(e)volução
entre ameaças e instalação de mais medo
em vésperas de eleições,
em vésperas de guerras,
em vésperas de destruições,
em vésperas do regresso à idade das trevas

Porque já só tenho meio neurónio a funcionar num sistema operativo obsoleto, estou convencida por pura obstinação, que nasci para viver livre e como eu decidir.

Até o Ray Charles conseguiria ver o que se está a passar entre nós, mas vou insistir em dizer:
A perda de todos os direitos humanos conquistados com os maiores sacrifícios.
A perda da liberdade, paz, soberania, justiça e democracia para as mãos de cérebros vazios.
Os roubos e a vandalização da nossa saúde, educação, estado social, protecção e direitos dos nossos velhos e dos nossos novos.

Somos mesmo umas putas mal vendidas, vendilhões do templo (que é o planeta), uns Escariotes sem dignidade.
Aqui e por todo o lado.

Dizem-me “carpe diem”, como os romanos diziam porque lhes interessava encher lupanares, ter escravos e gente adormecida.
Como não ofereciam amanhãs, instigava-se o reles povo a aproveitar o dia de hoje como se não houvesse futuro.
Hoje estamos na mesma situação. Somos um reles povo porque aceitamos a escravidão.

Não imaginamos nem sequer conseguimos prever, como é que a economia e as sociedades vão estar daqui a 15 minutos, quanto mais amanhã.
Nem pagando bem para saber, à melhor cartomante das tv´s.

E se as dívidas não forem pagas o que acontece?
O mundo não deixa de girar! A vida não pára!

Somos apenas cobaias em laboratórios, por causa de uma única razão: a apatia generalizada indignada.

Indignamo-nos muito com tudo e nada. E acabamos a “achar” que a responsabilidade está dividida pela colectividade e ficamos inactivos e inertes. Não actuamos.

Temos o poder que quisermos, mas quem quer ser o 1º a “atirar” a 1ª pedra? Para nos defendermos, claro. E defendermos o vizinho.
Afinal todos somos Madalenas.
Sem arrependimentos. De perder a dignidade. Sem pudor, fedemos bolor. 

Como se um prédio inteiro estivesse a assistir ao vizinho bater na mulher, mas não intervimos, porque a casa e o assunto não nos diz respeito. Mas ficamos na escada a dizer: ó que horror, ele devia ir preso, ser punido e banido do prédio.

Ouvi dizer que isto é um processo psicológico relativo a pessoas doentes. Do foro psiquiátrico.
Como o somos nós, os doentes deste manicómio colectivo e global, quando entregamos e deixamos o poder nas mãos de quem está neste momento a incendiar Roma.

Mas tal como as pombinhas da catrina, achamos que Roma não é nossa, é de quem a está a apanhar...


Abram-se os olhos, para que nós, cordeiros mansos, não deixemos que as grades dos portões do Coliseu se encerrem de vez e sejamos engolidos pelos leões.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Sonhadores de sonhos - Com um vídeo/desenhando as palavras de Ken Robinson

Epílogo – Sonhadores de sonhos
(Anaïs Nin: “And the day came when the risk to remain tight in a bud was more painful than the risk it took to blossom”)
https://www.youtube.com/watch?v=oWYKTiqPvYA



Podemos começar hoje a construir uma história colectiva. Através de cada uma das histórias individuais. Ou do que imaginamos que queremos ser.
Para não corrermos o risco expresso por Anais Nin.

Inspirada por vários mentores da Educação, sobre os quais tenho escrito, foi Ken Robinson que me fez despertar para a ideia que andava a germinar na minha imaginação.

Recentemente escrevi um texto onde falava sobre o milagre da vida. O espermatozóide mais esperto e mais rápido deu origem a ti e a mim. Vamos celebrar e fazer uma história juntos.

Cada existência é um puzzle único, completo e inseparável. Um prólogo. Quero compor o epílogo do puzzle em conjunto.
Descartes disse “penso logo existo”. Eu, do signo de caranguejo, segundo os astrólogos, sou “sinto logo existo”.
Mas aparentemente somos todos assim em todos os signos astrológicos.

Segundo Ken Robinson, o nosso sistema educativo trata-nos como “fast food”, iguais, indistintos, padronizados, separados,
ao invés de nos levar a estar no guia Michelin, autênticos, únicos, diferentes, inteiros e interligados. O único ao qual deveríamos chamar sistema educativo.

Somos colocados nesta cadeia linear de ocorrências e acontecimentos, catalogados como indiferenciados, igual para todos e mecanicista.
Com esta cadeia perdemos o sentido de milagre único com que nascemos.
O sentido das nossas vidas são os nossos dons e capacidades.
As infinitas potencialidades que o nosso coração e a nossa cabeça encerram, no corpo que nos traz a este mundo para as realizarmos.

Muitas crianças, adolescentes e até adultos são diagnosticados com ADD ou até bipolaridade (as novas epidemias inventadas pela medicina actual), quando na maior parte dos casos, algumas são fruto de falta de educação parental, muito comum, e/ou falta de atenção dos pais, famílias e sobretudo falta de estrelas num sistema educativo fast food.
Onde empatia e conexão como elos de ligação entre todos estão descarnados e desligados.
Como parece que nós individualmente estamos desligados, na nossa íntima relação entre cabeça, coração e intuição.

Precisamos de um sistema educativo que nos descubra, os dons e as múltiplas potencialidades que cada vida única encerra. Que as valorize, exponha e dê liberdade.
Talentos que tão-somente nos distinguem de todas as outras espécies e de entre a espécie humana.

“A escola está a matar a criatividade” segundo K.Robinson com quem concordo sem hesitação.
Mataria a criatividade do meu filho se o tivesse permitido. Ter-lhe-ia dado medicação para o adormecer, porque demasiado irrequieto e perturbador, como quando foi “diagnosticado” com ADD.
O meu interesse em educação vem desde essa altura. Quando este filho começou a parecer-me diferente. Não o era, e hoje sei-o.
Diferentes todos o somos. 
E, se não nos for oferecida a escada para a liberdade das nossas infinitas possibilidades, dons, talentos, intuição, emoções e libertação da criatividade, podemos apenas esperar ser prisioneiros.
Na nossa própria cabeça, no nosso próprio coração. E em última instância no nosso próprio corpo.

Ken Robinson pergunta, “como é que és criativo?”. É esta a pergunta que eu faço também, para escrever a nossa história conjunta.
“Escolhe um trabalho que ames e não trabalharás um único dia da tua vida”. Confúcio.
Esta é a síntese do que é fazer aquilo em que se é criativo, respeitando os dons com que se nasce, colocando amor e empenho na tarefa. Para sermos quem viemos ser.

Sejamos então amantes dos nossos talentos e dons. Ou pelo menos ouçamos o que nos diz a nossa inteligência emocional, a nossa intuição, a nossa imaginação, o nosso conhecimento de nós próprios.
Torne-mo-nos sonhadores de sonhos e demos a estrela Michelin da vida às nossas vidas.

Emprestem-me as vossas histórias respondendo à questão: “como é que és criativo”, nem que seja na imaginação, para começar um olhar sobre um sistema educativo amanhã. Feito por todos nós. Mesmo que o amanhã nos seja hoje tão estranho e distante. E não saibamos onde o encaixar nas nossas vidas.

Neste momento de “re-evolução” que atravessamos estamos ou não preparados para nos surpreendermos? Queremos ou não?
É esta a minha única pretensão. Escrever com um novo olhar. Sobre educação. Com base na nossa criatividade. Em quem verdadeiramente somos.

Eu sou amadora da escrita e da dança. E tu?


Para este meu trabalho, escrevam-me para o meu e.mail: anabelasimoesferreira@gmail.com

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Prólogos e epílogos

Claro que podemos desviar o caos. 


Um dia chuvoso e cinzento, um espermatozóide encontrava-se debaixo de mantas coloridas e quentes. 
Sabia que estava de prevenção, porque já lhe tinha chegado o odor a vinho tinto reles, o queimado das pinhas na lareira e vagos sons de musica popularucha.
Os sons ténues da amena conversa dos companheiros, faziam-no adormecer naquele remanso.
Sem pré-aviso é chamado para a dura competição que é fecundar um óvulo. 
Era o caos, milhões atropelavam-se numa corrida desenfreada e louca.
Alguns ficavam para trás, sem forças. Uns porque incapacitados.

Outros bem capacitados, desistiam simplesmente porque não estavam psicologicamente preparados para dar corpo e forma a alguém que não chegasse sequer ao seu nível de inteligência.

Deixou-se ficar deliberadamente para trás, ele era um destes últimos. Os mais apressados, tontos e fracos de cabeça, que ganhassem a corrida da noite. Ganhá-la-ia traumatizado, defeituoso e com ajudas.

Ele ir-se-ia guardar para um momento de júbilo quando fosse dar origem a alguém especial.

Podemos naturalmente imaginar que foi desta forma que nasceram alguns dos políticos e marionetas da nossa praça global. Custa a crer que "tenha sido o espermatozoide mais esperto a vencer a corrida" como dizem por aí.

O vencedor não competiu sequer. Apenas correu desvairadamente.
Meteram-lhe uma cunha, fizeram-lhe o favor, empurraram-no. Mais tarde até recebe homenagens...

Correu a palavra, ou antes a telepatia, linguagem utilizada entre espermatozóides para comunicar, e, destes acidentes, várias trombas foram concebidas.
Defeituosas de fabrico, sem livro de instruções para correcção das anomalias e com barras de prazo de validade desfeitas.

Trombas estas, cheios de graças e poderes ocultos que desconheço, mas não nego, conseguem fazer com que um povo inteiro, saia da sua habitual letargia para encher inaugurações do Continente e grandes promoções do Pingo doce com direito a matabicho e Carreiras de sobremesa, mas indiferentes a sacudi-los das cadeiras do poder onde se encontram. 
Também esta é gente filha do espermatozóide da minha história.

Com estas trombas e com trombas nossas, assistimos ao caos que nos provocam, ao descontrolo da vida de cada um para onde quer que nos voltemos. Os provocadores são os espermatozóides de corrida à solta. 

Nos países com altos índices de felicidade, seguindo os critérios de aferição, as pessoas produzem mais, têm rendimentos mais elevados, são melhores cidadãos, vivem vidas mais longas, são saudáveis, têm amigos em que se apoiar, percebem valores como a liberdade, a justiça, a generosidade, a solidariedade e escolhas de vida.
São fruto de espermatozóides espertos, inteligentes no cérebro e nas emoções.
Filho do espermatozóide que sai debaixo da manta e decide ganhar por mérito.

No recente estudo sobre o índice de felicidade, o nosso país ficou classificado no índice que eu chamaria de PIB-problema interno de brutos, provindo claramente de espermatozóides que receberam o favor interno de ganharem corridas sem sequer os mínimos olímpicos para competir.

O que me leva a uma reflexão da nossa enorme Natália Correia:

"A sua influência (dos retornados) na sociedade portuguesa não vai sentir-se apenas agora, embora seja imensa. Vai dar-se sobretudo quando os seus filhos, hoje crianças, crescerem e tomarem o poder. Essa será uma geração bem preparada e determinada, sobretudo muito realista devido ao trauma da descolonização, que não compreendeu nem aceitou, nem esqueceu. Os genes de África estão nela para sempre, dando-lhe visões do país diferentes das nossas. Mais largas mas menos profundas. Isso levará os que desempenharem cargos de responsabilidade a cair na tentação de querer modificar-nos, por pulsões inconscientes de, sei lá, talvez vingança!"

Ao que sei, alguns dos nossos grandes e amados líderes actuais são retornados, ou refugiados de guerra como prefiro chamar. Certamente filhos do espermatozóide da minha história.
Nestes casos percebo bem e agora, as razões da entrega de soberania e venda a retalho do Portugal dos pequeninos à Europa, a Angola, Brasil e China.
Por vingança! A única saída de seres fracos e defeituosos.

Mas, estudando a nossa História acho que somos todos filhos de espermatozóides néscios.
Andamos a pedir e a viver à conta. Desde sempre.
Numa real e/ou república promiscuidade entre sermos mais ou menos garbosamente, mendigos, ladrões, putas e chulos.
Passando pelas Índias  indo ao Brasil, colhendo em África, até chegar à modernidade na Europa.
Que se seguirá na mente destes espermatozóides?

Pelo mundo vive-se a barbárie, o terrorismo, o caos, lutas desenfreadas pelo poder, pelo domínio do globo ou se quiserem o Armagedão (deve ser isto a que se referiam as testemunhas de Jeová que me batiam à porta aos domingos à tarde) que hoje observo e vivo, vindo do fruto de 2% de espermatozóides defeituosos.

A duras penas 98% da humanidade conquistou liberdades, direitos e garantias, mesmo que ainda não beneficiando todos, esse é o único caminho em que a quero.
Através das acções e inspiração dos espermatozóides mais fortes e inteligentes.

A duras penas estamos a deixá-las cair. 
Nunca a união da maioria foi tão importante.
Podemos jorrar alcatrão e penas aos restantes 2% de espermatozóides com defeito e acabar com eles?

Basta que 98% de espermatozóides saia debaixo das mantas coloridas e quentes, largue a preguiça corra desenfreada e loucamente para ganhar aos 2% de espermatozóides néscios e incapazes.


Claro que podemos!

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Educação Holística – Soil, Soul and Society (Natureza, Alma, Sociedade) Satish Kumar

“A Educação é um processo para vivermos, não uma preparação para a vida futura”

Temos que ter alguma espécie de amanhã. Juntar histórias, construir histórias juntos. Entre seres livres para libertar outros seres. 
Neste país (e mundo) cada vez mais desigual e injusto, afundado em problemas económicos, ou antes, para lá deles, com as luzes vermelhas da ignorância e do medo acesas no seu máximo, tenho necessidade de emergir e pensar no sistema educativo de uma forma totalmente radical.

Porque estão a matar a Educação (já de si frágil e carregada de merda). Porque o ano lectivo está a começar sem pernas de sustentação. Porque os professores estão sem esperança. Porque as famílias estão em desespero. Porque a sociedade está angustiada.


Com vontade de pegar em facas apontadas em múltiplas direcções. Algumas que não serão as apropriadas. Outras sê-lo-ão...

Encontrei uma esperança em Satish Kumar que me inspira a deixar uma luz, mesmo que ténue. Luz que se prende raivosamente com a razão de ser deste meu blog e dos meus textos. Para esta direcção aponto as minhas facas.

Segundo este filósofo da educação e fundador de uma escola Holística, o segredo está na relação entre a espécie e tudo o que a rodeia contido nestes 3 princípios:

Do grego, Oicos= Casa ou universo habitado.
O planeta é a nossa casa. A casa onde todas as espécies vivem e interagem.
Logos= Teoria do conhecimento da natureza.
Há quantos anos existimos e como coexistimos. Estamos todos interligados e relaciona-mo-nos mutuamente.
Nomos = Gestão ou lei dos estatutos e normas. Como é que gerimos essa interacção e inter-relação?

Se alunos de escolas de renome, ou sem ele, pelo mundo fora, estão a ser preparados no sistema educativo e enviados para o “mercado”, sem saberem estes 3 princípios, não admira que o mundo económico/financeiro/social e sobretudo pessoal, esteja caótico.

O novo sistema educativo/económico deveria ser baseado não no PIB/GDP mas no GNH/PNF (Produto Nacional de Felicidade, hoje muito baixo em Portugal), como se está a experimentar no Butão, esse país insignificante e perdido nos Himalaias.
Mas que deveria ser o centro do mundo. Centro do mundo para a Educação/sistema educativo na sociedade.
Ensinam aos seus alunos não apenas sobre produtos, mas sobre como viver bem em sociedade, como bem interagir entre si e, com as demais espécies.
Coisas sobre as quais somos na nossa maioria,ignorantes.

A alquimia do ser humano é usar as mãos e o intelecto para criar. Olhar e entender com amor, espanto e entusiasmo, como nos relacionamos. Fazer.

Quando começarmos a fazer (com as mãos) e a observar (com o coração) as relações maravilhosas e harmoniosas das inter-relações na natureza, entre o sol, a água, a lua, a terra, compreenderemos (com o intelecto) de que somos feitos, como nos ligamos, a nossa co-dependência e para que nos serve a vida.

Nessa altura teremos chegado ao verdadeiro progresso. 
Através dos 3 grandes princípios do ser humano:
Mãos, Coração, Intelecto (em inglês os 3 H´s: Hands, Heart, Head) ao invés dos actuais princípios educativos:
Ler, Escrever e Aritmética.

Com as responsabilidades que sinto ter no objecto dos meus estudos, a Educação, trago os 3 H´s para me inspirar no Coração e na Cabeça e, usarei as Mãos para os transpor para o papel.


A quem a ela está ligada, deixo a sabedoria de Mark Twain: “ Não deixarei que a minha aprendizagem escolar interfira com a minha Educação”.