Nos tempos selvagens que vivemos “a
mudança de comportamento é a maior conquista que o homem deseja alcançar”
(Desmond Morris).
A grande preocupação da classe a que
pertenço, a humana, é a de exteriorizar, ou direi antes, colocar à mostra para
que outros vejam, ao invés de interiorizarmos sobre o que nos está a acontecer.
À raça.
Ardem-se-me as entranhas ao pensar que proíbem
o uso de vulgares garrafas de azeite à mesa, ou de fumar em todo o lado, mas
desconsideram fazer leis que protejam a vida dos únicos que de forma afoita nos
protegem as casas e vidas, para que uns obscuros tenham proveito com terrenos e
madeiras ardidos.
Fritam-se-me as entranhas quando morrem
mulheres nas mãos da violência doméstica, sem conseguirem que as suas lágrimas
sejam ouvidas, porque carecidas de uma qualquer matéria de prova contra o
violentador.
Cozem-se-me as entranhas quando somos
surdos à desinformação generalizada sobre potenciais guerras “al di lá” das
nossas ruas mas também mudos em relação ao desperdício em que o nosso quintal ainda respira. Lenta e em coma
assistido.
País em modo selvagem. Ou das selvagens. Pertença
lusa ou espanhola, tanto já me faz.
Eis senão quando, alguém se preocupa com a
protecção à piropagem. Que me faz lembrar o primitivo a arrastar a sua dama das
cavernas pelos cabelos.
De onde evoluímos,
ou não…
Certamente para proteger as mulheres
cinquentonas, com madeixas, e o uso do cartão de crédito com o limite há muito ultrapassado.
Daquelas que já só recebem piropos dos
predadores dos andaimes, se estiverem distraídos a almoçar. Nalguma sobrevivente
construção pré-autárquica.
Ou em noites em que se sintam as
verdadeiras swag na noite. Quando os
gatos são muito parvos.
Da forma como as relações humanas e
sociais evoluíram recentemente com as novas tecnologias, e, com a nova vida
social na sociedade moderna e global, quem piropa arrisca-se a levar uma
punhada entre os olhos, da adolescente mais primitiva, “tipo uma qualquer tájaver”,
ou a simples ignorância de uma qualquer
mulher que tenha evoluído, um pouco mais que o primata que a piropa!
Continuando na minha deambulação sobre as
descobertas de Desmond Morris no “Macaco Nu”, até chegar aos evoluídos dias de hoje, na sua
arrogância, o homem não é mais que:
-” Um primata, um animal que um dia se ergueu,
passou a caminhar em pé, desenvolveu seu cérebro e transformou-se no mais
extraordinário ser deste planeta.
Um animal que prefere se ver como um anjo caído e
não apenas como um primata que se levantou.”
Nossos ancestrais primeiro desceram das árvores.
Depois passaram a caçar em grupo. Seus cérebros se tornaram mais complexos e
surgiu a linguagem.”
E com ela, o piropo.
Anjos caídos, primatas amigos e
companheiros de raça, piropem, fotem, facebookem a treta que somos, mas swapesse
esta raça que mata, violenta, rouba, corrompe, manipula, mas sobretudo uma raça
que continua a exteriorizar e a desperdiçar o bem maior que é a vida.
Com estes pecadilhos e crimes menores e/ou maiores.
Eu cá, que já nem recebo piropos, o que me
causa uma certa tristeza como primata fêmea, e aborrecimento, como primata
inteligente, ao não conseguir levar o primata macho a tribunal com dentes
partidos, tenho esperança de cair da cama, bater com a cabeça no chão, acordar
e, perceber que isto é apenas um jogo virtual da raça, como civilização
evoluída dos primatas.
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