sábado, 25 de maio de 2013

25 de Maio, Em noite de lua cheia, é dia de África


Também tem um dia. Um dia que eu faço para mim, todos os dias. A terra que me viu nascer. Incansável na roda de nascer e morrer.
Terra dos antepassados. Terra de descendentes.
Terra abençoada e terra amaldiçoada. Abençoada porque tem todas as riquezas que todos sem excepção procuram e belezas que ultrapassam as palavras.
Amaldiçoada porque o sangue nela derramado ultrapassa o bom senso.
Terra grávida de esperança e prosperidade para o futuro da humanidade. E onde tanta humanidade deixou sangue e lágrimas. Onde tanto suor caiu para alimentar os seus seios. Terra que viajou nos sonhos desfeitos de tantos, e, viaja nos sonhos de quem não se cansa de esperar por vê-la livre um dia. Livre dos carrascos que a prendem. Para que todos os seus filhos lhe colham as bênçãos.
Terra onde os arco-iris são aos pares porque não cabe em si apenas com 7 cores. Onde os cheiros se multiplicam por muitos, onde as colheitas dão 2 vezes por ano.
Se estou longe dela sinto-lhe a falta, como se sente a falta dos bem amados.
Meu continente mãe,
Quando estou longe sinto-lhe a falta, quando estou nela faz-me tantas vezes enfuriar com as suas falhas. 
Mas enfurio-me com calma, com tempo e com paciência. Com desgosto também.
Porque as falhas não são responsabilidade das pessoas que pouco ou nada têm. 
São dos interesses de quem tudo multiplica e com nada nem com ninguém divide.
Hoje vivo-a, cheiro-a, como-a e imagino-a de bem com o mundo, de bem consigo própria. Um dia, quem sabe.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Opera Buffa ou drama?



P aís à deriva que perdeu as referências éticas e as bóias de segurança,

A navegar sem bússola, atingido no coração

L á lhe calhou o mais alto representante, vindo de uma terra com um poço que se tornou fonte,

H á tempo demais ao desmando desta desgovernada

A rca perdida, de uma espécie de lusos em vias de extinção, no lar mais caro do país, onde desaparece repetidamente, recomendo

Çeruma e um qualquer rum para acompanhar o tempo que deveria passar na prisão com uma acusação de lesa Pátria, se o MP investigasse a fundo as razões do rombo no casco, que provocaram o mergulho directo ao fundo.

A falta de vergonha em virar as costas ao povo que representa, até a desconsideração pelos 2.031 que se deram ao trabalho de cruzar a cruz para o ganhamento do título

Dizem muito do significado de um PR, uma maioria e uma m…ou opera bufa

A suicidar um país que já nada tem a perder se for em massa para a prisão, por desconseguir aguentar mais palhaços.

Em nome do decoro: emale-se e demita-se!

quarta-feira, 22 de maio de 2013

O quê?? desculpa não entendi!




“só ganham o ordenado mínimo mas pelo menos não estão no desemprego”

Devo estar ou cheia de inveja ou sou mesmo maledicente, só porque me apetece. Sobretudo hoje e amanhã em que o trabalho é escasso, um bem luxuoso e caríssimo. Alcançável apenas a ricos.
Quem pretender ser pago por aquilo que são qualificações, conhecimentos e saber fazer, é um meliante. Malandros e preguiçosos. 

Onde já se viu quererem sair do estatuto de pobretes, alegretes, disciplinados, caladinhos sem fazer ondas e, saltar para a plataforma da arrogância de querer ter opinião, ou imaginar que têm direito a querer uma vida melhor?
Ora aí está senhores empresários o perigo para a democracia. Estes que se atrevem a querer mais e melhor. E até pensam nisso… Alguns até reivindicam…Que desplante!
Querer ter mais que o salário mínimo!

Querer que o dinheiro dos seus descontos e impostos que paga ao Estado, à esquerda, à direita, em cima e em baixo seja aplicado convenientemente e guardado para o seu futuro grisalho, é um capricho de menino mimado.

Não sei qual o caminho que iremos seguir, qual a via que vamos optar, mas certamente prefiro estar vivo a estar morto, ou pagar para trabalhar, para nele participar…seguindo a lógica do meu título…e frase usada por um puto de 16 profícuos aniversários. Pois...

Preferível viver em África a ganhar bem com qualidade de vida do que com o subsidio de desemprego em Portugal.
Preferível viver na Europa com os resquícios de falsa democracia e estado social moribundo do que na Somália ou no Bangladesh a trabalhar nas fábricas que vão ruindo. 

Onde aqueles que tiveram o azar de morrer, ganhavam abaixo do mínimo degradante…mas pelo menos tinham emprego…
Até posso não ter electrodomésticos de luxo em casa (fogão e frigorifico por exemplo) se ganhar o ordenado mínimo, mas aspirar a ter uma Bimby é um direito que me assiste.

Com o ordenado mínimo posso apenas comer couves vindas dos mercados reais, agora aspirar a juntar-lhe um feijão encarnado e um pedaço de toucinho é talvez uma ambição desmedida.

A longo prazo, haverá gente a pensar, se calhar porque sou uma tonta com manias de grandeza, ainda vou agradecer voltar à idade das trevas, dos pedintes, dos sem-abrigos, da fome e da miséria, enquanto os fidalgos empreendem barato, giro, sem pagarem impostos e dizendo alarvidades sem pensar.

São de louvar todas as iniciativas que mostrem capacidade em vencer os obstáculos actuais. Mas com consciência. Consciência do todo. Do que se passa no mundo.
E foi isso que alguém tentou fazer ao menino. Sem sucesso.

Não esquecendo no entanto, se alguém ainda tiver pachorra para explicar, que estes M & M´s (Martins e MiguéiS) são apenas árvores e não a floresta. Essa está em coma induzido. Em sofrimento atroz e sem ver uma brecha de luz. Que a escolha do mal menor é triste. Que baixar a fasquia e acomodar-se é doentio.

Estes empreendedores são magníficos e têm garra mas não são a última coca-cola fresca no deserto quente.

Quando eu tinha 15 anos via o Mr Magoo, cegueta a desviar-se de obstáculos e com muita sorte não sofria qualquer arranhão.
Hoje vejo este país magoo, completamente cego, sem direcção, a cair em todos os buracos e, a deixar um rasto de destruição. Incluindo a destruição das perspectivas dos seus filhos, pais, avós e netos. E criando terror.

Também o terror de descobrir deslumbrados por 8 minutos de fama com a nova fórmula de capitalismo mórbido.

Deixemo-nos de tretas cidadãos que vivem com ordenados mínimos, ou abaixo: viver na escravatura dá-nos a vantagem de ter um amo que nos dê as refeições e um alpendre com um poste para dormir encostado…

Ai esta terra ainda vai servir um ideal…ainda se vai tornar um imenso Bangladesh…

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Um presente para o futuro: desenvolvimento sustentável


“ Corinthias 13:11 11 Quando eu era criança falava como uma criança, pensava como uma criança e reagia como uma criança. Quando me tornei adulto, desisti da minha criança

Só cito a Bíblia porque vai casar em harmonia com a imagem que me fez inspirar as palavras para este texto. Palavras que me obrigam a pensar. Porque quero voltar a estar/ser como uma criança.

Dá trabalho e cansa imenso pensar na política portuguesa. Para além de que está tudo dito. Desde Eça de Queiróz a Miguel Torga, passando por Ricardo Araújo Pereira e até aos comentadores da bola que falam de política, ou os restantes desempregados que agarraram a oportunidade e converteram-se em treinadores de governo, nas bancadas da tv. Alguns até são bons vá!

Mas agora que estou no mato, não tenho tv e a net lá vai debitando os megas suficientes para ir comunicando, ma non troppo, dá-me para pensar e escrever. E ler.
Uns books, as trilhentas noticias e artigos de opinião (como os meus), dá para estar algum tempo no face a vê-las e a pensar sobre elas.
Somos um povo atirado para um poço com uma abertura estreita. Alguém gamou também o periscópio que poderia dar alguma orientação…

Cá fora estão os papões/glutões a rir e a atirar a chave para o espaço, mas mesmo submersos pela água do poço, temos sempre uma opinião na ponta da língua e da pena. E uma anedota. Devíamos receber prémios e prémios.

Por isso não vos vou cansar com um texto cheio de análise sobre a política portuguesa. Há quem faça melhor que eu.

Já o fiz, já dei a minha opinião, já até dei sugestões e agora que se lixe a minha opinião sobre o estado das coisas. Estão miseráveis e pronto.

Já faço parte dos grisalhos que se perspectivam sem reformas e, aproveito o meu tempo para pensar em coisas melhores, como seja o presente que deixarei no futuro.

Andei a dar uma vista de olhos pela História desta raça. Sem a entendermos e sem entendermos que ela se repete e nos envia sinais não vislumbramos luz para a frente.

Concentrei-me na circular mais desenvolvida da Europa. Escolhi a 1ª circular a Norte. Onde faz muito frio e se apanha o bacalhau que tanto gostamos.
Gostamos, porque consumir agora… (que tristeza) é mais bolos …
da véspera.

Da Pré-História às incursões romanas a.c, até às ocupações vikings 800 anos d.c, estes aventureiros saquearam, colonizaram e fizeram guerras várias.
Das disputas entre dinastias, da guerra civil à independência, às Guerras Mundiais, passaram pela História como qualquer outro povo, no entanto dando pouco uso a qualquer religião (talvez por isso mesmo estejam hoje noutro patamar).

Floresceram na Idade Média enquanto a Europa Católica mergulhava no período mais negro e queimava quem fazia chá de alecrim para curar dores. Entre outras macumbas.

Chegaram à democracia no início do século XX. Foram ocupados na 2ª Grande Guerra, mas resistiram. Aboliram a Monarquia, chegaram ao liberalismo nos tempos modernos, têm leis socialistas, grande regulamentação ao liberalismo (nem sabem o que significa liberalismo descontrolado). Mas já tiveram a sua parte de catástrofes económicas em vários períodos da História. E tiveram a catástrofe recente de um Breivik que nada tem de bravo viking, mas tudo de psicopata. E se os há por aí.

Nos tempos modernos têm um enorme respeito pelo ambiente e sobretudo pelos direitos sociais, naturalmente os direitos humanos.

Preparam-se para legalizar a cannabis. Fiquei contente ao saber esta noticia J. Sabemos hoje que pode curar o cancro. E outros males que nos afligem.
Nem que seja para nos acalmar o coração e fazer diminuir o numero de AVC´s perante este retrocesso civilizacional em que vivemos…

Em 1987 escreveram o relatório de desenvolvimento sustentável baseado:

“no desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.”

Ou seja, sejamos regrados hoje na febre do consumo, porque não precisamos de muitas coisas para sobreviver e sermos/vivermos felizes.

Com isto deixamos muito para o futuro. E ainda temos a alegria de ensinar às nossas sociedades valores imprescindíveis.

Voltando aos meus pensamentos sobre a História, tenho uma opinião: estão tão avançados hoje mas passaram por tudo o que estamos agora a passar e/ou pior.
E repete-se a tantos outros países. Avanços e retrocessos. Nalguns, poucas aprendizagens também.

Logo, ainda há esperança em nos tornarmos um país evoluído. Todos sabemos que seria inteligente aproveitarmos a experiência destes exemplos já vividos por outros para crescermos nós.

Como penso em relação ao continente africano onde vivo.
Ainda estamos muitos anos atrás. É normal. Todas estas nações desenvolvidas passaram pelo mesmo processo.

E agora não somos os únicos a estar em retrocesso. Nem descontentes com o mesmo.
Ouvi falar em 99%.
De descontentes e desconfiados com o retrocesso destes dois poderes mundiais: o financeiro e o político…a nível global.

Mas agora precisamos de vikings modernos. Que resistam! Que não tenham medo.
Como resistiram aqueles que vieram dar-nos o presente das Nações desenvolvidas. Os grisalhos que nos deixaram as grandes conquistas e mudanças.

Um dia vamos olhar para trás e recordar que esta seita que anda pelo mundo e em particular em Portugal, faz parte de um grupo de maçãs tóxicas e transgénicas que nos provocaram diarréias e fizeram apodrecer muita fruta em volta.
E que nós corajosamente deitamos para o poço, sem passar pela reciclagem.

Se nascemos a gritar porque nos expulsam do maior aconchego que é o ventre materno para o desconhecido, esta é a altura certa na nossa História, para florescermos em novos gritos.

Deitar fora estes velhos e pouco sábios homens e rejeitar a insustentabilidade a que nos conduzem estas catástrofes.

Vestirmos a capacidade de sermos de novo crianças rebeldes, pensar como crianças rebeldes e criarmos um mundo segundo uma perspectiva nova, de novos homens. Isaac Newton fez isso, Einstein fez isso e ambos criaram seguindo novas perspectivas.
Não somos todos génios mas podemos usar o que temos, o que conhecemos e o que ainda está por criar.

Deixemos que se abra a capacidade criativa que existe em nós para descobrir novos caminhos.
Usemos a tecnologia ao nosso alcance, as redes, a internet que não havia há 20 anos, para transformar o mundo. Fazer com que mais gente debata soluções e se sinta incluída nas novas propostas.
Fazer o download de novos programas e deletar o que não serve. Fazer o upgrade das nossas consciências. É inevitável.

O poço com a abertura estreita foi feito para esses que andam aí, que vão estrebuchar e acabar por morrer.

O resto do mundo está aberto para quem quer estar num meio desenvolvido com sustentabilidade, criatividade e sem medo.

É tempo de parar e repensar caminhos, fazer tudo de novo se preciso for, encontrar o tempo e perdermo-nos nele. E simplesmente ser.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Ups, acordei de repente...ainda bem que era só um pesadelo...






Portugal foi atingido por um vírus swap
Será uma aparição à pastorinha ca vaca? será um et?
Tóxico não é certamente e o exótico não bate assim

Agora que um respeitado ministro de um país respeitado veio divulgar que somos visitados no planeta por et´s e que alguns "estão no meio de nós" passei a ser crente em tudo e já não há mais mistérios.
Com aquelas olheiras o Gaspar só pode ser um deles. 
Aliás, trocaram os membros do governo e do paralamento (que até talvez fossem boa gente) e colocaram et´s de refugo no seu lugar.
Amanhã o Jesus vai pôr et´s na equipa e chega à lua.
O Cavaco é afinal a NªSra de Fátima e vai-se mudar para a Cova da Iria que muda de nome para Fonte da Maria 
(ó Chico de Roma por favor canoniza-nos o homem, ou ET não sei).
O Passos foi dominado pelo Dart Vadder.
O Relvas desaparecido foi levado para ir estudar. 
O Sócas e o Portas são afinal periscópios dos ovnis a lançar a confusão.
Tudo o resto a que se assiste é um circo portugalli de outro planeta.


domingo, 12 de maio de 2013

Carta ao meu mogli, meu feijanito/a


Hoje dia da mãe deste lado do mundo,posso finalmente gritar a minha alegria e anunciar o que já não cabe sozinho no meu coração,

Ser avó!!
Vou ser avó!

Era o amanhecer que eu queria e nem sabia.
É o meu oxigénio a transbordar por já não caber em mim.
Não caibo em mim. Desta felicidade e amor que me esvaziou de ar, me tirou o folego quando ouvi a palavra e esta, me encheu o ser.
Como diz o Djavan que vais aprender a gostar,” o amor não cabe em si, se é amor, invade e fim”.
E este amor não pede licença, invade, instala-se e fim. É perpétuo e infinito.

Ainda não estou em mim.
Ainda não entrei em mim mas já interiorizei o milagre.
É um milagre, do meu sangue que lhe dá vida.
Se como diz Saramago, “os filhos são-nos emprestados”, eu digo que os netos são-nos dedicados.
Às mães e aos pais que se tornam avós.
São uma homenagem aos avós.
Hoje entendo os meus que em vida, não mais puderam viver sem mim.
Bem como os meus pais quando se tornaram avós.

São a bênção que vem culminar a entrega e as marinadas de amor onde cultivamos os filhos.
Onde eu cultivei o meu. De quem me sinto profundamente orgulhosa.
Que inesperadamente deu uma semente. Que me faz rejubilar.
A luz e toda a beleza da vida, da natureza, contida neste ser. E na esperança que traz para o futuro.
Que tem a enorme responsabilidade de apenas ser feliz. Que muito que é!

Tornei-me um ser melhor depois de ser mãe. Dei o que melhor tinha e fui o que melhor sabia.
Continuo a ser melhor porque sou mãe do Kalimero que hoje me inspira e me desafia em permanência.
Isto é ser mãe. Agora vou ser avó. O maior estímulo da criatividade e do amor.
Basta-me estar presente.
Tu és mais um presente do amor.
Ser do meu ser vem fazer-me ser, para além do que eu sequer conheço e sou.

Eu avó, o avô, os bisavós, as tias-avós, os tios-avós, os muitos tios e tias irmãos do pai Gui e da mãe Tê, os primos, tias e tios, na maior familia/tribo que alguém pode ter, estão à tua espera, ansiosamente preparados com enormes porções de caldinhos de amor para te ungirem a vida.

Neste momento já imagino um quadro feliz:

Uma alcofa feita com capulanas de elefantes, leões, mangueiras e cores garridas, um carrinho com um móbile de baobab´s e borboletas num jardim ensolarado e, a tribo à tua volta a tocar viola, cantar, rir e a batucar em surdina para te embalar o sono feliz por te saberes protegido por tanta gente que já te ama loucamente.

A vida tem tanto de sonhos realizados como os que ficam por realizar, como vais perceber.
A grande diversão da vida está em apenas seguir o caminho onde ela te leva, “guardar todas as pedras do caminho e um dia fazeres o teu castelo”, como disse o poeta F.Pessoa.

Meu neto/a, meu feijanito/a, meu mogli, meu conguito, meu besnico, por saber que vais nascer no seio deste quintal com a tribo mais linda e com tanta luz, celebro a tua vida e a tua vinda para a minha.

No meu coração já estás instalado num trono real.

PS: Ontem o tempo parou enquanto eu olhava a barriguinha da mãe a crescer.
Ao Gui e à Tê parabéns, futuros papás que se encontram radiantes a preparar e a acompanhar outro ser.

(O salto na foto deve-se à alegria que transporto em mim)


terça-feira, 7 de maio de 2013

Tomai o gene de Édipo e multiplicai-vos. Do verbo fez-se acção


Conta a história da tragédia que Édipo sentindo-se pressionado pelas exigências e regras da sociedade dos homens, tendo reprimido e controlado os seus apetites, desejos e prazeres individuais, mata aquele que se interpunha entre si e o seu objecto de adoração, seu pai Lion, para ficar com a sua mãe Jocasta.

Édipo é condenado a vaguear só, sem rumo, sem finalidade, após furar os seus próprios olhos como castigo.

Num rito de passagem bem-sucedido para a idade adulta, resta-nos amadurecer para nos tornarmos seres capazes de respeitar os demais e viver na aldeia que escolhemos. 
Em paz, justiça e liberdade. Deixamos de querer “comer” a mãe, ou o pai. 
E de lhes obedecer. Finalmente somos autónomos.

Num rito de passagem totalmente subvertido, herdamos o gene edipiano nascido no tempo passado com Afonso Henriques, culminando com o mais actual gene edipiano Merkeliano.
Onde os que têm poder se tornaram cegos para o mundo que os rodeia. Porque não “comeram” a mãe ou o pai.

Neste rito de passagem para a idade adulta, uns, não superaram o complexo de Édipo, ficaram imaturos, deixaram de considerar os outros, não conseguem controlar os impulsos, culminando com o sentimento de dependência da mãe (que pode bem ser hoje a Merkel que sofre do mesmo mal certamente) e buscam apenas satisfazer sem restrições as suas necessidades e prazer.

Ou damos pazadas à mãe por ciúme e fundamos um reino, ou obedecemos cegamente e acabamos a furar os próprios olhos quando percebermos o erro clássico.

Por mim, resta-nos desobedecer, como já dizia Henry Thoreau. 
Da Terra Nova ao Estreito de Magalhães andamos numa obediência desviante da nossa própria natureza.

Esta obediência ao sistema em que entrámos, falido, vazio e transversal à aldeia, vai acabar por nos levar à loucura. Neste sistema onde nos tornam cegos. E, conduzem a aldeia para a solidão, para a completa exclusão.

Reprimirmos a necessidade latente de sermos seres livres, vai-nos trazer amarguras, angústias e depressões semelhantes às que se seguem aos complexos edipianos.

Já não se aguentam mais farsas e encenações, dos meninos e meninas que não concluíram com sucesso o rito de passagem que Freud identificou com o da tragédia grega. Do Norte ao Sul.

Mas também cansados andaram assim os meus irmãos do tempo anterior à revolução francesa antes de cortar a cabeça à rainha, também ela sofrendo certamente do mal de Édipo.

Se me voltam a dizer que os pigs são os porcos e os vilões do retrato, sim, porque de feios não temos nada, acho que deveríamos aplicar o golpe de Édipo para cair o pano sobretudo sobre esta tragédia grega/lusa/macarrónica e de tapas: desobedeçamos e furemos-lhes os olhos a eles.