quarta-feira, 22 de maio de 2013

O quê?? desculpa não entendi!




“só ganham o ordenado mínimo mas pelo menos não estão no desemprego”

Devo estar ou cheia de inveja ou sou mesmo maledicente, só porque me apetece. Sobretudo hoje e amanhã em que o trabalho é escasso, um bem luxuoso e caríssimo. Alcançável apenas a ricos.
Quem pretender ser pago por aquilo que são qualificações, conhecimentos e saber fazer, é um meliante. Malandros e preguiçosos. 

Onde já se viu quererem sair do estatuto de pobretes, alegretes, disciplinados, caladinhos sem fazer ondas e, saltar para a plataforma da arrogância de querer ter opinião, ou imaginar que têm direito a querer uma vida melhor?
Ora aí está senhores empresários o perigo para a democracia. Estes que se atrevem a querer mais e melhor. E até pensam nisso… Alguns até reivindicam…Que desplante!
Querer ter mais que o salário mínimo!

Querer que o dinheiro dos seus descontos e impostos que paga ao Estado, à esquerda, à direita, em cima e em baixo seja aplicado convenientemente e guardado para o seu futuro grisalho, é um capricho de menino mimado.

Não sei qual o caminho que iremos seguir, qual a via que vamos optar, mas certamente prefiro estar vivo a estar morto, ou pagar para trabalhar, para nele participar…seguindo a lógica do meu título…e frase usada por um puto de 16 profícuos aniversários. Pois...

Preferível viver em África a ganhar bem com qualidade de vida do que com o subsidio de desemprego em Portugal.
Preferível viver na Europa com os resquícios de falsa democracia e estado social moribundo do que na Somália ou no Bangladesh a trabalhar nas fábricas que vão ruindo. 

Onde aqueles que tiveram o azar de morrer, ganhavam abaixo do mínimo degradante…mas pelo menos tinham emprego…
Até posso não ter electrodomésticos de luxo em casa (fogão e frigorifico por exemplo) se ganhar o ordenado mínimo, mas aspirar a ter uma Bimby é um direito que me assiste.

Com o ordenado mínimo posso apenas comer couves vindas dos mercados reais, agora aspirar a juntar-lhe um feijão encarnado e um pedaço de toucinho é talvez uma ambição desmedida.

A longo prazo, haverá gente a pensar, se calhar porque sou uma tonta com manias de grandeza, ainda vou agradecer voltar à idade das trevas, dos pedintes, dos sem-abrigos, da fome e da miséria, enquanto os fidalgos empreendem barato, giro, sem pagarem impostos e dizendo alarvidades sem pensar.

São de louvar todas as iniciativas que mostrem capacidade em vencer os obstáculos actuais. Mas com consciência. Consciência do todo. Do que se passa no mundo.
E foi isso que alguém tentou fazer ao menino. Sem sucesso.

Não esquecendo no entanto, se alguém ainda tiver pachorra para explicar, que estes M & M´s (Martins e MiguéiS) são apenas árvores e não a floresta. Essa está em coma induzido. Em sofrimento atroz e sem ver uma brecha de luz. Que a escolha do mal menor é triste. Que baixar a fasquia e acomodar-se é doentio.

Estes empreendedores são magníficos e têm garra mas não são a última coca-cola fresca no deserto quente.

Quando eu tinha 15 anos via o Mr Magoo, cegueta a desviar-se de obstáculos e com muita sorte não sofria qualquer arranhão.
Hoje vejo este país magoo, completamente cego, sem direcção, a cair em todos os buracos e, a deixar um rasto de destruição. Incluindo a destruição das perspectivas dos seus filhos, pais, avós e netos. E criando terror.

Também o terror de descobrir deslumbrados por 8 minutos de fama com a nova fórmula de capitalismo mórbido.

Deixemo-nos de tretas cidadãos que vivem com ordenados mínimos, ou abaixo: viver na escravatura dá-nos a vantagem de ter um amo que nos dê as refeições e um alpendre com um poste para dormir encostado…

Ai esta terra ainda vai servir um ideal…ainda se vai tornar um imenso Bangladesh…

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