“Disse a flor para
o pequeno príncipe: é preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser
conhecer as borboletas” Saint Exupéry
As larvas habitam o
coração da mulher africana, transmutam-se em borboletas, e, alimentam-se do
pólen dos seus corações.
Mereces tantas
palavras de reconhecimento. És a verdadeira borboleta, com diferentes metamorfoses
ao longo da vida.
São crianças mãe,
são mulheres crianças, crianças mulheres. As crianças que envelhecem, as velhas
que de meninas nunca deixam de o ser.
Carregas fardos
pesados nas costas, fardos leves no ventre, fardos tristes na alma, fardos
cansados na cabeça. Mas quase sempre fardos.
São o todo e o
infinito em África. As mulheres em África.
Por causa delas, eles ficaram leves.
A vida torna-se pesada nas guerras, porque lhes deita o
sangue na terra e este alimenta as sementes.
Mas os frutos foram
e são ainda hoje e até hoje, tratados e colhidos por elas.
Por ela e com ela,
África renasce cada dia, com o sol, e adormece com a lua. Incansável. E assim
será. Até se encontrar com a mãe que lhe dá a luz.
És serena,
paciente, doce, altruísta. Ainda hoje abusada, violentada, excisada. Mas leve,
no ser. Sem ti, o continente estaria ferido de morte. Em agonia.
Serão sempre poucas
as palavras, as homenagens e os carinhos que te podemos oferecer. És filha da
vida, ofereces a vida, para o resto da vida.
Deste continente
tão meu, esta mulher tão sábia que se empresta para voltar sempre, eternamente, a se encontrar. A nos encontrar. A dar a sua vida. A me ensinar a ser mulher.
De um homem que sabe transformar palavras, em amor,pelas mulheres: Mia Couto“Sob o céu africano volto a ser mulher. Terra, vida, água são do meu sexo. O céu, não, o céu é masculino. Sinto que o céu me toca com todos os seus dedos."
Sinto que hoje e sempre, sou composta no meu sexo, desta terra,desta água e tocada por este céu. Diariamente e para a eternidade, nunca quis ser de outro sexo,nem de mais nenhum outro continente, como tu, mulher africana.
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