“Há coisas que sabemos, há coisas que não sabemos, e no meio temos as
portas da percepção” Aldous Huxley, em Admirável Mundo Novo
A percepção é hoje o nosso karma. E o karma
é lixado como li algures:
-“Um iceberg afundou o Titanic. -Hoje o
aquecimento global está a derreter os icebergs…”
Se calhar, de uma galáxia qualquer, uma
civilização avançada, pegou numa caixinha (que pode ser a de Pandora) e atirou
a estrutura molecular, o ADN, para fazer uma experiência.
Mas mandaram a versão rascunho.
Ou a correcta, para fazerem uma experiência.
Seremos assim, uma experiência científica
de seres vanguardistas. Uns rascunhos em evolução. Um dia seremos arte. Obras
de arte.
Agora somos umas obras de arte miseráveis.
Cresci a ouvir o meu avô contar-me
histórias. A moral, a filosofia, a ética, a honra, a decência e finalmente os
costumes, eram as suas favoritas.
Dizia-me por exemplo, que a sua palavra
valia mais do que uma escritura.
Hoje, nem a escritura vale pela palavra
assinada. Pode ser desdita. Às vezes até se assinam escrituras com a intenção
de as vir a desdizer.
E a desdita, a palavra, não vale um
caracol.
Coitado do caracol, cuja vida coerente e
simples eu respeito.
E é tudo não só legal, como correcto, como
para bem de todos. E honrado. Dizem.
E não se passaram séculos desde que eu
ouvia o meu sábio avô.
Hoje como ontem como tantos iguais a mim,
sento-me muitas vezes a ouvir, a observar e a pensar o mundo.
O que há por aí. O que não ouço. O que não
vejo.
A ouvir o que os outros não dizem. Ou o que
não fazem.
O que eu não digo. Ou o que não faço.
Ou o que faço e não é coerente com o que
digo. Como acontece com os outros que hoje observo.
Incoerente com o que pensam, sentem, fazem
e dizem.
Nos nossos dias vivemos cada vez mais, através
das percepções, toldadas, sobre as situações.
Não a verdade, não o que é certo e justo para
o bem comum. Não a coerência, mas a percepção do que o nosso juízo constata
sobre realidades.
É mais importante aquilo que parece, do que
o que é na realidade.
Realidade esta que é percepcionada
consoante os óculos que usarmos. Do tipo de pessoa que somos. De um código
genético.
Vejam-se os políticos por exemplo. Ou
melhor, estas marionetas acéfalas, sem moral e sem sentimentos. Com falhas no
ADN.
Nunca tiveram avós que lhes contassem
histórias talvez. E vão-se multiplicando como pediu um certo salvador.
Vejam-se os homens-rascunho, que detêm o
poder, manipulam realidades e as suas percepções.
E as interpretações que fazem das
realidades. As suas percepções da verdade, como eles a entendem.
Com lentes oculares de contrafacção.
O meu avô era coerente. Muitos homens o
são. Felizmente. Sobretudo porque as suas percepções sobre a realidade foram,
são e serão vistas por óculos de lentes transparentes. Aí somos de facto,
infinitos.
Como num jogo de "suponhamos". Mesmo que a
realidade destes homens seja percepcionada pela sua visão sobre a realidade. Da
honra por exemplo:
Os homens da Máfia são coerentes. Se eu
fosse um Don qualquer ou Al Capone, em nome do código de honra, matava quem não
honrasse compromissos com a organização. Sejam eles quais forem. Por uma falha
no pagamento das grades de whisky na lei seca, ou porque engoliu a cocaína e
quer ir dar com a língua nos dentes. Ou porque traíram. O karma anda a
lixá-los.
Em nome do código da honra deles, se eu
fosse um destes políticos que bem conhecemos, ou seja uma destas marionetas doentes, e quiser subir na vida, ganhar dinheiro, ter poder, ou
tudo aquilo que percepciono ser o poder, ligo-me a um partido, uma sociedade de
advogados que fazem leis para o parlamento, uma sociedade secreta, a empresas
que manipulam as consciência social ou detêm poder económico.
Em nome da honra dos
favores, da venda da alma.
O karma ainda os vai lixar.
Em nome do código de honra deles, se eu
fosse Truman e/ou Roosevelt, pode-me interessar vender a percepção de que tenho
poder ilimitado. De que tenho domínio mundial. Tal como hoje se começa a falar
e a escrever, sobre Nagasaki e Hiroshima. O karma lixou-os.
Em nome do código de honra dele, se eu
fosse o imperador do Japão, por já não ter mais recursos, mas sobretudo para não
ser julgado pelos horrores cometidos e para os quais quero perdão, compro a
percepção de levantar o lenço branco. Depois das bombas. O karma lixou-o.
Neste momento a radioactividade de Fukushima já está a atingir e a contaminar
o ar e as terras e, a matar com doenças, na terra do tio Sam. Digam se o karma
não lixa…
Em nome do código de honra dele, se eu
fosse Pilatos, com poderes para administrar, julgar, condenar, executar,
controlar, manipular e sacrificar quem desobedecesse e por fim, mesmo sabendo
que Jesus estava inocente, mas para salvar a minha carreira politica, pedisse
uma taça de água, lavasse as mãos e o mandasse executar, saindo finalmente
impune, estaria a ter contacto profundo com a percepção do meu código. O karma
lixou-o.
Outro houve que decidiu que um determinado tipo físico e exterior da raça,era o único com direito a existir. Outros em pontos diferentes do globo, decidiram descontinuar milhões de vidas supérfluas...segundo as suas percepções.
Em nome dos seus códigos de honra, a
História da humanidade tem milhares de exemplos vindos de gente sem
consciência. Com as percepções desviadas e toldadas. Sem honra.
Estes são apenas alguns. Da antiguidade aos
nossos dias.
Para alguns, este é mais um tempo da História
para mascarar a realidade.
De manter as mentiras. De não querer transparência. De
manter escravos. De servir os seus interesses, a sua inveja, a sua ganância, a
sua sede de poder. Dos roubos descarados.
Do tempo de virar o polegar para baixo. Do
tempo de servir os leões famintos.
Tempos da falsa crise e da falsa austeridade.
Tempos da autêntica ausência de honra, da autêntica crise de verdade e justiça.
E depois, para cúmulo e sem pudor, serenamente
pedem taças de água para lavar as mãos.
Segundo os seus códigos de honra. Da falta
dela.
Ou da falta de genes, de um código maior.
James Watson,geneticista, prémio Nobel por
ter descoberto a estrutura do ADN diz-nos que esta descoberta, nasceu “do nada
para qualquer coisa”.
Uma estrutura com um código.
“Todos no nosso genoma, perdemos um gene ou
ganhamos outros, daí sermos imperfeitos e podermos ficar doentes“. Ou pior. Se
perdermos muitos.
A estudar a evolução humana, uma equipa de
cientistas inicialmente rejeitou partes do ADN chamando-lhes “junk-dna ou
adn-lixo” porque o seu código ainda não está entendido. Até pode ter vindo de
outra galáxia. Para ser lixado.
Quem sabe? Pode ser também uma porta de
percepção.
É minha percepção de que a realidade que
estamos neste momento a atravessar, com um grupo de sociopatas, como na antiga
Roma, sentados a observar o mundo a arder, talvez esteja a acontecer, porque
esta experiência é para falhar. O código tem falhas.
Houve um engano e somos “junk”.Lixo.
Como nas experiências científicas, teoria,
tentativa de experiência e bang! Descoberta, ou big…erro.
Neste rascunho que andamos a fazer, temos
todas as armas apontadas para nós próprios.
Andamos a lixar isto tudo. O karma só tem
de esperar pela lei da acção-reacção.
É minha percepção também, que se podemos
aparecer em poucas horas, vindos do nada, ou até fazer enormes descobertas
sobre nós, também podemos desaparecer, em poucas horas. Todos. Big Bang!
Entre percepção, ficção e realidade, talvez
nos tenha calhado o código da sequência com as maiores imperfeições.
A errada.
Se não fizermos nada para alterar, por uma versão melhor, e, acho que podemos, dizem que o karma pode-nos lixar. Ou quero sair do jogo.
Porque só há uma honra, a de pertencer à Humanidade e lutar pela sua honra. Para alguns, é bom. É um karma.
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