"A viagem jamais termina, só os viajantes terminam.
E também eles podem perdurar na memória, nas recordações, na narração...
E também eles podem perdurar na memória, nas recordações, na narração...
O objectivo de uma viagem é só o começo de outra."
José Saramago
As minhas partidas e chegadas são sempre o principio de viagens
inacabadas. Na minha vida são o meu carrossel Entro e saio nas paragens,
deixo um pouco de quem sou, aprendo mais sobre quem quero ser, e enriqueço o
meu caminho. Não quero ser mais nada que não esta viajante que escolhi um dia
ser.
Apegada aos amigos que deixo, aos que conquisto em cada nova viagem e que
deixo nas páginas da história da vida que construo.
Desapegada quando as viagens chegam ao fim. Porque os lugares e as
pessoas apenas criam raízes no meu coração e marcam indelevelmente a minha
história. São as razões de viver estas viagens. Para a minha vida, o meu
sentido é mais lato, livre e não mensurável. Nem em dinheiro,nem em tempo. Sem
apegos. Só contam as experiências. E claro, as histórias para partilhar.
Não imagino um espírito viajante (aqueles etéreos) que ao ter de
atravessar de um continente para outro, para ir viver uma aventura se veja
constrangido com as paredes: porquê, para quê, e agora?
Não me façam nem se façam essas perguntas por mim. Só sei que as minhas
viagens não têm paredes, não existem com limites temporais ou de espaço.
Hoje estou mais enriquecida. Nada foi uma linha recta nesta aventura, ou
não teria sido uma viagem. Teria sido o caminho de uma morte acontecida. Ganhei
desgostos, ganhei amores, ganhei alegrias, ganhei novas páginas de emoções no
meu livro. Ganhei pequenos ódios, perdi ilusões e alguns sonhos. Mas renovei antigos
e descobri novos.
Experimentei sensações intensas e nada politicamente correctas. Como eu.
Sou a mesma de sempre mas também estou completamente mudada. Como o deve ser um
ser com uma vida plena,intensamente conseguida.
Tal como os navegadores portugueses o fizeram, à custa de um espírito com
bravata e determinado. Mesmo com medo do desconhecido mas sem medo de
experimentar a viagem. Tenho este espírito num elo do meu adn que herdei dos
meus antepassados.
Não deixarei que me digam que devo partir, só porque doutores sem
cadeiras de vida me indicam esse caminho. Irei voltar a partir certamente. Um
dia destes,despeço-me de novo. Agora muito mais é o que me prende cá. Estou à
mão de semear para todos da tribo. Aqui ao vosso lado, com o meu colo, a minha
refilice, a minha gargalhada e muita vontade de estar com todos.
Enquanto eu não terminar, a minha viagem não tem fim. Apenas novos
começos.
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