Não somos nós capazes de dar uns dias da
nossa vida pela nossa árvore (existência)?
Interregno (interrupção
entre o vazio e qualquer coisa desconhecida)
entre a vida e
uma morte que se anda a anunciar,
entre problemas
velhos com soluções inválidas,
entre involução
e re-(e)volução
entre ameaças e
instalação de mais medo
em vésperas de
eleições,
em vésperas de
guerras,
em vésperas de
destruições,
em vésperas do
regresso à idade das trevas
Porque já só
tenho meio neurónio a funcionar num sistema operativo obsoleto, estou
convencida por pura obstinação, que nasci para viver livre e como eu decidir.
Até o Ray
Charles conseguiria ver o que se está a passar entre nós, mas vou insistir em
dizer:
A perda de
todos os direitos humanos conquistados com os maiores sacrifícios.
A perda da
liberdade, paz, soberania, justiça e democracia para as mãos de cérebros
vazios.
Os roubos e a
vandalização da nossa saúde, educação, estado social, protecção e direitos dos
nossos velhos e dos nossos novos.
Somos mesmo
umas putas mal vendidas, vendilhões do templo (que é o planeta), uns Escariotes
sem dignidade.
Aqui e por todo
o lado.
Dizem-me “carpe
diem”, como os romanos diziam porque lhes interessava encher lupanares, ter
escravos e gente adormecida.
Como não
ofereciam amanhãs, instigava-se o reles povo a aproveitar o dia de hoje como se
não houvesse futuro.
Hoje estamos na
mesma situação. Somos um reles povo porque aceitamos a escravidão.
Não imaginamos
nem sequer conseguimos prever, como é que a economia e as sociedades vão estar
daqui a 15 minutos, quanto mais amanhã.
Nem pagando bem
para saber, à melhor cartomante das tv´s.
E se as dívidas
não forem pagas o que acontece?
O mundo não
deixa de girar! A vida não pára!
Somos apenas
cobaias em laboratórios, por causa de uma única razão: a apatia generalizada
indignada.
Indignamo-nos
muito com tudo e nada. E acabamos a “achar” que a responsabilidade está
dividida pela colectividade e ficamos inactivos e inertes. Não actuamos.
Temos o poder
que quisermos, mas quem quer ser o 1º a “atirar” a 1ª pedra? Para nos
defendermos, claro. E defendermos o vizinho.
Afinal todos
somos Madalenas.
Sem
arrependimentos. De perder a dignidade. Sem pudor, fedemos bolor.
Como se um
prédio inteiro estivesse a assistir ao vizinho bater na mulher, mas não
intervimos, porque a casa e o assunto não nos diz respeito. Mas ficamos na
escada a dizer: ó que horror, ele devia ir preso, ser punido e banido do
prédio.
Ouvi dizer que
isto é um processo psicológico relativo a pessoas doentes. Do foro
psiquiátrico.
Como o somos
nós, os doentes deste manicómio colectivo e global, quando entregamos e
deixamos o poder nas mãos de quem está neste momento a incendiar Roma.
Mas tal como as
pombinhas da catrina, achamos que Roma não é nossa, é de quem a está a
apanhar...
Abram-se os
olhos, para que nós, cordeiros mansos, não deixemos que as grades dos portões
do Coliseu se encerrem de vez e sejamos engolidos pelos leões.
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