domingo, 22 de setembro de 2013

Até o Ray Charles conseguiria ver

Julia Hill (na imagem) viveu 738 dias em cima da árvore para impedir que a cortassem.
Não somos nós capazes de dar uns dias da nossa vida pela nossa árvore (existência)?


Interregno (interrupção entre o vazio e qualquer coisa desconhecida)

entre a vida e uma morte que se anda a anunciar,
entre problemas velhos com soluções inválidas,
entre involução e re-(e)volução
entre ameaças e instalação de mais medo
em vésperas de eleições,
em vésperas de guerras,
em vésperas de destruições,
em vésperas do regresso à idade das trevas

Porque já só tenho meio neurónio a funcionar num sistema operativo obsoleto, estou convencida por pura obstinação, que nasci para viver livre e como eu decidir.

Até o Ray Charles conseguiria ver o que se está a passar entre nós, mas vou insistir em dizer:
A perda de todos os direitos humanos conquistados com os maiores sacrifícios.
A perda da liberdade, paz, soberania, justiça e democracia para as mãos de cérebros vazios.
Os roubos e a vandalização da nossa saúde, educação, estado social, protecção e direitos dos nossos velhos e dos nossos novos.

Somos mesmo umas putas mal vendidas, vendilhões do templo (que é o planeta), uns Escariotes sem dignidade.
Aqui e por todo o lado.

Dizem-me “carpe diem”, como os romanos diziam porque lhes interessava encher lupanares, ter escravos e gente adormecida.
Como não ofereciam amanhãs, instigava-se o reles povo a aproveitar o dia de hoje como se não houvesse futuro.
Hoje estamos na mesma situação. Somos um reles povo porque aceitamos a escravidão.

Não imaginamos nem sequer conseguimos prever, como é que a economia e as sociedades vão estar daqui a 15 minutos, quanto mais amanhã.
Nem pagando bem para saber, à melhor cartomante das tv´s.

E se as dívidas não forem pagas o que acontece?
O mundo não deixa de girar! A vida não pára!

Somos apenas cobaias em laboratórios, por causa de uma única razão: a apatia generalizada indignada.

Indignamo-nos muito com tudo e nada. E acabamos a “achar” que a responsabilidade está dividida pela colectividade e ficamos inactivos e inertes. Não actuamos.

Temos o poder que quisermos, mas quem quer ser o 1º a “atirar” a 1ª pedra? Para nos defendermos, claro. E defendermos o vizinho.
Afinal todos somos Madalenas.
Sem arrependimentos. De perder a dignidade. Sem pudor, fedemos bolor. 

Como se um prédio inteiro estivesse a assistir ao vizinho bater na mulher, mas não intervimos, porque a casa e o assunto não nos diz respeito. Mas ficamos na escada a dizer: ó que horror, ele devia ir preso, ser punido e banido do prédio.

Ouvi dizer que isto é um processo psicológico relativo a pessoas doentes. Do foro psiquiátrico.
Como o somos nós, os doentes deste manicómio colectivo e global, quando entregamos e deixamos o poder nas mãos de quem está neste momento a incendiar Roma.

Mas tal como as pombinhas da catrina, achamos que Roma não é nossa, é de quem a está a apanhar...


Abram-se os olhos, para que nós, cordeiros mansos, não deixemos que as grades dos portões do Coliseu se encerrem de vez e sejamos engolidos pelos leões.

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