A borboleta antes de ser, já é vida. Em transformação.A transformação que ocorre em permanência na vida, na natureza. Em nós.
Recebi uma borboleta de oferta. Linda, enorme. Multicolor.
Pintada por uma artista local. Na serra onde a moon é chic.
Num dia em que várias borboletas me rondaram, entraram em casa, no carro.
A borboleta tem uma curta duração de vida. Como nós.
Quando me deu a borboleta fez-me reparar como o nosso corpo e orgãos são parecidos com o corpo de uma borboleta.
E no seu ciclo de transformações. Como nós.
Quando se está em contacto com a natureza percebemos muitas situações de forma clara. Sobre os ciclos de transformações. De vida e morte. De inicio, fim, de renascimento. De crescimento e de maturação. De fertilidade. Do tempo que dura um ciclo.
Aquilo que tantas vezes é uma perda, é tão só a não eternidade em transformação.
Escrevi inspirada pela borboleta.
-Depois de me perder pensas que vais sobreviver?
-Sei que o meu sangue me empurra, respondo a tremer de medo.
-Se tens medo será que vais encontrar coragem?
-Quando o barulho cessar, vou ouvir ao ver o espelho do meu coração.
-Tens pressa que ele te fale?
-Aprendi com a tristeza a não apressar a minha alegria. Ela vai acontecer porque é assim na natureza. E eu sou a natureza.
-Não vais chorar mais?
-Já caíram tempestades de água dos meus olhos, que inundaram as terras. Deixaram o solo fértil.
-Vais-te apressar a levantar?
-Vou florescer devagar, com tempo. Como o tempo que o sol demora a se anoitecer.
-Que queres que te aconteça?
-A simbiose com os nutrientes do meu sangue. O meu solo ontem árido, a seu tempo, cobrir-se-á de sementes.
-Crês que vais encontrar a corrente do teu sangue?
-Como água no rio corro por entre juncos e pedras.
Um dia… começarei a desaguar…
Em doces e eternos ecos.
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