segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O mundo algemado

“Existo, logo não penso, foi no que se transformou a frase de
Descartes”. Mário da Silva Brito, poeta e ensaísta brasileiro sobre a ditadura no Brasil. 
Tenho andado enganada com esta coisa absurda de defender a liberdade e os direitos dos Homens. Isso é coisa para misses, vestidas com fatos de banho sexy e tiaras na cabeça.
Mate-se já a memória!
Regressemos pois às ditaduras, sejam elas militares ou civis, de esquerda ou direita.
Por inerência de funções trazem acopladas um vaivém policial. Duro e repressor de qualquer vontade, tentativa ou pensamento de sair da linha traçada.
Ovelhas unidas jamais serão vencidas. São engolidas e mantidas em estado dopado. Sem memória. Tenho por ambição ser ovelha…
Se for debaixo de um pastor e um cão temível, a receita de uma sobremesa extraordinária está encontrada para o bom caminho.
As fraquezas humanas são as sobremesas. Lamber o fundo do tacho. Irresistível.
Vindas das mãos de chefs criativos, dos que lideram a cozinha martelando os dedos dos que os seguem cegamente, obrigando-nos a polir tachos e formas.
E a lamber os restos no cu da colher que nos estendem.
Queremos ser guiados, monitorizadas e ensinados. Batidos e violentados. Trabalhar de graça e em estado de submissão suprema. Em estado de pura felicidade e descanso.
É preferível deixarmo-nos nas mãos de quem sabe fazer de nós a melhor receita.
É mais fácil aceitar a ordem de recolha enquanto esperamos a morte.
Como seres idiotas que somos, deixemo-nos cegar e levar para o pasto. O verde lá é tão mais verde. As ovelhas unidas jamais serão vencidas.
O eclipse dos direitos humanos, da liberdade, da vida, deverá ser o objectivo da evolução e eu afinal, não sabia. Tenho andado enganada e aqui me redimo.
Enquanto Kobani se defende do ISIS, o Burkina Faso se quer preparar para um qualquer sistema mais “justo”, no Brasil, na Hungria, na Rússia, no Irão, na Arábia Saudita etc, e até em Portugal, deveríamos oferecer as nossas cabeças à degola.
Ou agarrar a oportunidade de emigrar para defender e combater ao lado de grupos terroristas.
Lutemos para que a ignorância que teve um passado brilhante, tem um presente brilhante, tenha também um futuro cheio de promessas.
Não a matemos porque nos situa na nossa grandeza de espírito.
Os homens e mulheres que como nós morreram pela liberdade? Ah esses…matemo-los de novo!
Que se dê liberdade, a quem na política e no poder, defende exclusivamente os seus interesses, e considera que os outros estão a mais, e, não merecem mais que a miséria. Eles far-nos-ão regressar às ditaduras.
Será tão mais fácil a vida…(Não estamos já nesta fase?)!
O muro está a ficar pequeno, coloquemos então, mais um tijolo na parede, ou como se diz em inglês, na famosa canção dos Floyd que de Pink o mundo não tem nada: another brick in the Wall.
Nem todos aprendemos a diferença entre o bem e o mal. Para enorme infelicidade de quem anda por aí a envolver-se numa luta sem tréguas, para que esta espécie resulte e cada um possa ser livre.
Como disse no século dezoito Benjamim Franklin presidente dos EUA: “aquele que abre mão da liberdade essencial em nome da segurança, não merece nem uma nem outra”.
Eu penso da mesma maneira. E também da maneira das pobres e queridas misses.


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