Ao ler a sua entrevista, fiquei a
pensar em injustiças… Manuel de Oliveira, 106 anos disse que a vida é uma
derrota. Que pena! Não consigo entender! A vida é a arte da beleza em
movimento, como num filme. Ele que se dedicou a fazer arte, ser agora tão
injusto com ela. Ele a quem nunca faltou recursos, nem pão, para fazer arte.
Mesmo não conhecendo os seus filmes (para além do Aniki Bóbó), são arte na
conquista da infinitude que a vida não oferece.
A vida é bela, diz a experiência de
uma vida, que um dia acaba.
Fazer arte é criar. É um exercício de
humildade, de imaginação, de loucura, de cor, de estudo, de tempo, de dinheiro
para alimentar o cordão umbilical de quem cria, com o mundo. Quantos não deram
a vida pela sua arte?
A vida é finita, a arte para sempre
fica. Fazer arte é levar a vida sempre fora da zona de conforto exterior onde
existe apenas um conforto: o mundo interior ao contrário.
Como quando estamos apaixonados: quando
a arte acontece, vira-nos de cabeça para baixo, desafiando-nos a ser um com o
todo.
O universo é infinito e abundante,
sempre em expansão e completo. A vida o seu contrário. A arte é o fio com as
contas do rosário que liga os dois mundos. O cordão umbilical entre a vida
humana e o universo que nos rodeia.
A vida é uma partitura musical e os
sons que ouvimos são cruéis, trágicos, felizes, dramáticos, intensos, emotivos,
sentimentais, vazios, de perda, suaves, leves, finitos e embrulhados em notas
de humor.
A vida é bela, nunca uma derrota. Nem
mesmo quando ela nos falha e deixa exauridos, com vontade de fazer cair o pano.
A vida é bela, digo eu, no meu filme
de vida, com uma longa experiência nela, dela, com ela e para ela.
E diz o filme…
Cuidem-se, amem-se e não deixem de exprimir
o que vos diz o coração, como os artistas. Naturalmente façam arte. O meu
respeito, admiração e incentivo para os artistas de todas as expressões.
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