Pedro,
Escrevo-te como cidadã e mãe. Usando este canal. Podes até
considerar-me ingrata. E com justiça! Não é a gratidão que me move, é mesmo a indignação.
Felizmente desliguei Tv´s e
rádios para não ouvir o teu, esse sim, ingrato discurso. Mas infelizmente vim a
dar com ele no facebook.Já não se pode estar tranquilo na rede social a fazer
piadas sobre os ministros, que eles vêm ter connosco!
E a ver, de repente, o ar
carrancudo, de durão, que tinhas. Não um ar triste, pesado e compungido como
agora nos queres fazer crer.
Esta é a 1ª razão porque não
acredito quando dizes ter sido o discurso mais ingrato que fizeste. Se tivesse
sido, falarias como um estadista intrinsecamente sério e respeitador. Não com
tiques arrogantes, como o teu antecessor. Sabes quem te deu o poder? Aqueles de
quem agora te tentas aproximar, num jeito "cool" e piegas . Tarde de
mais.
Devias ter tido um sentimento
de pesar autêntico a juntar-se ao sentimento de pesar que milhares de
portugueses sentem ao enfrentar a dura realidade dos seus dias. Falando num
verdadeiro discurso sobre as intenções de promover acções de verdadeira moral,
justas, responsáveis e de coragem para cortar com o passado que nos trouxe
aqui. Isto se fosses um político verdadeiro.
Um político que assume o
controlo, de quem vai dar de si ao seu país e, fazer sacrifícios pelo mesmo.
Com transparência, porque um dia disseste sobre o teu antecessor, entre outras
pérolas (falsas),“acho intolerável que as pessoas no governo percam a noção
daquilo que dizem" (recordas-te?) e me levam à 2ªrazão para não acreditar
no que dizes. Tens noção da coerência do que dizes? E do que fazes?
Um homem Ético simplesmente é!
Não fazer de conta, assim…
mais ou menos com um encolher de ombros e a pensar: agora depois de ter cantado
as canções no concerto do meu músico querido, vou cantar só para ti, minha
Nini, meu tuga valente. Vou-te cantar uma cançoneta festivaleira, num tom
piegas, para te embalar. E, (continuaste a pensar) como sei que o Ronaldo
marcou um golo e já está alegre, vou continuar a subestimar a inteligência dos
meus concidadãos e dar-lhes mais um pedaço de mentira. No facebook que é lá que
se estão a divertir e a dizer piadas sobre a anedota nacional que são os
ministros.
Para que esta cantiga tivesse
a ilusão de solidariedade, até dizes que sabes que “não era o que gostariam de
ouvir”.
Estou totalmente vazia. Vazia
de respeito, vazia de simpatia, vazia de compaixão, vazia de solidariedade por
ti e pelos teus patéticos ministros.
E cheia! De coragem, de
responsabilidade e de força anímica para não querer mais nenhum laço contigo.
Nem de amizade, nem como eleitora, nem como concidadã. Muito menos como amiga.
E muito menos com vontade de me sacrificar por ti e pelos teus sinistros
companheiros de manipulações, mentiras, jogos e compadrios.
Não te dou permissão para
falares sobre os meus filhos. Falas como pai! Ridículo! E triste! Que sabes tu
da vida dura de tantos pais, muitos que nem conseguem ser (porque as politicas
têm sido a favor da diminuição da natalidade)! Que sabes tu de sacrifícios? E
de dramas? Nada! São palavras ocas as que dizes.
Mais grave ainda, são
insultuosas, porque semeadas com enorme hipocrisia. Pensavas que fingindo uma
atitude de proximidade e de identificação com a tua vítima, te tornarias
credível e empático? Nem com os adultos, muito menos com os mais jovens (tirando
aqueles que procuram um lugar ao sol nas desgastadas jotas) a quem roubas o
futuro.
Não os sonhos, porque esses,
aqui ou agarrando a oportunidade de seguir o teu sábio conselho, já estão a
emigrar em massa. Assim como farão os teus filhos se tiverem sonhos. E seguindo
o teu plano, ficarás com pensionistas e uma segurança social falida.
Se fosses competente terias
ganho essa empatia. Se já tivesses tomado verdadeiras medidas, onde aliasses as
reformas, ao crescimento. São tantas as medidas que basta ler os posts do
facebook para tirares ideias. Mas nunca com o desrespeito pelos direitos
humanos e pela perda de soberania.
Mas como li recentemente num post,
de alguém que recordava o princípio de Peter (não sei se conheces): "as
pessoas tendem a ser promovidas até atingirem um posto que não conseguem ocupar
competentemente", sendo nessa altura "demasiado tarde para os tirar
de lá". É o que veremos!
A fibra deste povo, que na tua
boca ou naquilo que um teu pobre assessor sem imaginação escreveu sob o teu comando
(antes de voltares do concerto, ao qual não fui com pena, mas porque me falta o
rendimento para consumir bens culturais e nem quero falar sobre esse
ministério, o da cultura, que chamaste para a tua responsabilidade directa),
dizia, o povo tem sido de aço, por tudo o que aguenta resignadamente.
Mas acredito que com a tua
carta, estará mais consistente e determinado a ser respeitado. Este país
certamente que recuperará. Este país certamente que virá a ter crescimento e
emprego e um nível de desenvolvimento que merece. Este país há-de encontrar uma
solução real e duradoura mas não será contigo, com os teus sinistros
companheiros ou com outros da mesma estirpe.
Este povo orgulhoso e que já
superou dores terríveis vai ultrapassar porque vai fazer ouvir a sua voz e a
sua vontade. Porque vai querer que a história não acabe aqui como tu a queres
acabar.
Acabando pela lei do teu
memorando que pretende a qualquer custo, ou “custe o que custar” acabar com os
portugueses. Nunca esqueceremos que temos que deixar bons exemplos aos nossos
filhos e não desistiremos, por eles.
Hoje, amanhã e enquanto for
necessário, sacrificar-nos-emos para recuperar Portugal das tuas mãos e dos que
em ti mandam.
Porque governas como dizia Eça
de Queirós em 1867 “ao acaso, por expedientes, por privilégio e influência de
camarilha” e até já acabámos por perder a independência, como ele previa. Os
erros vêm do passado sim, mas vêm do compadrio.
Prometemos não baixar os
braços até que vejas este momento como a oportunidade para saíres da tua zona
de conforto e num rasgo de ética, entregares a demissão. As consequências virão
a seu tempo.
Colocaste-te a jeito para
receberes todo o tipo de resposta. Mereces! Das mais hilariantes, às mais
sérias, às simples e curtas, das longas e politicas até às mais vernáculas. Também
eu no teu mural te pedi para ires fazer companhia ao filósofo e discutirem
entre croissantes e champagne as razões do nosso afundamento.
Com a paciência esgotada,
obrigada pela atenção. Desculpa o tratamento por tu, mas achei que seria
natural a familiaridade de quem chamas amiga.