segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Resposta à carta do PM

Pedro,

Escrevo-te como cidadã e mãe. Usando este canal. Podes até considerar-me ingrata. E com justiça! Não é a gratidão que me move, é mesmo a indignação.
Felizmente desliguei Tv´s e rádios para não ouvir o teu, esse sim, ingrato discurso. Mas infelizmente vim a dar com ele no facebook.Já não se pode estar tranquilo na rede social a fazer piadas sobre os ministros, que eles vêm ter connosco!
E a ver, de repente, o ar carrancudo, de durão, que tinhas. Não um ar triste, pesado e compungido como agora nos queres fazer crer.

Esta é a 1ª razão porque não acredito quando dizes ter sido o discurso mais ingrato que fizeste. Se tivesse sido, falarias como um estadista intrinsecamente sério e respeitador. Não com tiques arrogantes, como o teu antecessor. Sabes quem te deu o poder? Aqueles de quem agora te tentas aproximar, num jeito "cool" e piegas . Tarde de mais.

Devias ter tido um sentimento de pesar autêntico a juntar-se ao sentimento de pesar que milhares de portugueses sentem ao enfrentar a dura realidade dos seus dias. Falando num verdadeiro discurso sobre as intenções de promover acções de verdadeira moral, justas, responsáveis e de coragem para cortar com o passado que nos trouxe aqui. Isto se fosses um político verdadeiro.
Um político que assume o controlo, de quem vai dar de si ao seu país e, fazer sacrifícios pelo mesmo. Com transparência, porque um dia disseste sobre o teu antecessor, entre outras pérolas (falsas),“acho intolerável que as pessoas no governo percam a noção daquilo que dizem" (recordas-te?) e me levam à 2ªrazão para não acreditar no que dizes. Tens noção da coerência do que dizes? E do que fazes?

Um homem Ético simplesmente é!

Não fazer de conta, assim… mais ou menos com um encolher de ombros e a pensar: agora depois de ter cantado as canções no concerto do meu músico querido, vou cantar só para ti, minha Nini, meu tuga valente. Vou-te cantar uma cançoneta festivaleira, num tom piegas, para te embalar. E, (continuaste a pensar) como sei que o Ronaldo marcou um golo e já está alegre, vou continuar a subestimar a inteligência dos meus concidadãos e dar-lhes mais um pedaço de mentira. No facebook que é lá que se estão a divertir e a dizer piadas sobre a anedota nacional que são os ministros.

Para que esta cantiga tivesse a ilusão de solidariedade, até dizes que sabes que “não era o que gostariam de ouvir”.

Estou totalmente vazia. Vazia de respeito, vazia de simpatia, vazia de compaixão, vazia de solidariedade por ti e pelos teus patéticos ministros.
E cheia! De coragem, de responsabilidade e de força anímica para não querer mais nenhum laço contigo. Nem de amizade, nem como eleitora, nem como concidadã. Muito menos como amiga. E muito menos com vontade de me sacrificar por ti e pelos teus sinistros companheiros de manipulações, mentiras, jogos e compadrios.

Não te dou permissão para falares sobre os meus filhos. Falas como pai! Ridículo! E triste! Que sabes tu da vida dura de tantos pais, muitos que nem conseguem ser (porque as politicas têm sido a favor da diminuição da natalidade)! Que sabes tu de sacrifícios? E de dramas? Nada! São palavras ocas as que dizes.

Mais grave ainda, são insultuosas, porque semeadas com enorme hipocrisia. Pensavas que fingindo uma atitude de proximidade e de identificação com a tua vítima, te tornarias credível e empático? Nem com os adultos, muito menos com os mais jovens (tirando aqueles que procuram um lugar ao sol nas desgastadas jotas) a quem roubas o futuro.
Não os sonhos, porque esses, aqui ou agarrando a oportunidade de seguir o teu sábio conselho, já estão a emigrar em massa. Assim como farão os teus filhos se tiverem sonhos. E seguindo o teu plano, ficarás com pensionistas e uma segurança social falida.

Se fosses competente terias ganho essa empatia. Se já tivesses tomado verdadeiras medidas, onde aliasses as reformas, ao crescimento. São tantas as medidas que basta ler os posts do facebook para tirares ideias. Mas nunca com o desrespeito pelos direitos humanos e pela perda de soberania.
Mas como li recentemente num post, de alguém que recordava o princípio de Peter (não sei se conheces): "as pessoas tendem a ser promovidas até atingirem um posto que não conseguem ocupar competentemente", sendo nessa altura "demasiado tarde para os tirar de lá". É o que veremos!

A fibra deste povo, que na tua boca ou naquilo que um teu pobre assessor sem imaginação escreveu sob o teu comando (antes de voltares do concerto, ao qual não fui com pena, mas porque me falta o rendimento para consumir bens culturais e nem quero falar sobre esse ministério, o da cultura, que chamaste para a tua responsabilidade directa), dizia, o povo tem sido de aço, por tudo o que aguenta resignadamente.

Mas acredito que com a tua carta, estará mais consistente e determinado a ser respeitado. Este país certamente que recuperará. Este país certamente que virá a ter crescimento e emprego e um nível de desenvolvimento que merece. Este país há-de encontrar uma solução real e duradoura mas não será contigo, com os teus sinistros companheiros ou com outros da mesma estirpe.
Este povo orgulhoso e que já superou dores terríveis vai ultrapassar porque vai fazer ouvir a sua voz e a sua vontade. Porque vai querer que a história não acabe aqui como tu a queres acabar.
Acabando pela lei do teu memorando que pretende a qualquer custo, ou “custe o que custar” acabar com os portugueses. Nunca esqueceremos que temos que deixar bons exemplos aos nossos filhos e não desistiremos, por eles.
Hoje, amanhã e enquanto for necessário, sacrificar-nos-emos para recuperar Portugal das tuas mãos e dos que em ti mandam.

Porque governas como dizia Eça de Queirós em 1867 “ao acaso, por expedientes, por privilégio e influência de camarilha” e até já acabámos por perder a independência, como ele previa. Os erros vêm do passado sim, mas vêm do compadrio.
Prometemos não baixar os braços até que vejas este momento como a oportunidade para saíres da tua zona de conforto e num rasgo de ética, entregares a demissão. As consequências virão a seu tempo.

Colocaste-te a jeito para receberes todo o tipo de resposta. Mereces! Das mais hilariantes, às mais sérias, às simples e curtas, das longas e politicas até às mais vernáculas. Também eu no teu mural te pedi para ires fazer companhia ao filósofo e discutirem entre croissantes e champagne as razões do nosso afundamento. 
Com a paciência esgotada, obrigada pela atenção. Desculpa o tratamento por tu, mas achei que seria natural a familiaridade de quem chamas amiga.

Sem comentários:

Enviar um comentário