Relembrar o dia da criança
africana
Não é por decreto
que se erradica coisa alguma das sociedades. Apesar de alguns decretos ajudarem
a fazer sair das práticas da raça humana, algumas destas, porque ignóbeis.
Não sei se os
números estão certos, mas basta-me sair de casa para ver estas crianças, que
sem saberem ainda, não têm direito ao futuro.
Basta-me ver 1,6 ou
100 para perceber a ilusão dos decretos. E basta-me ver uma para perceber que
estamos a falhar. Como sociedade. E isso aperta-me as entranhas. Como dever-nos-ia
apertar a todos.
Apesar das crianças
terem direito a carta com vários decretos. Daqueles que apenas estão no papel. Um
decreto ilusório.
Porque quem as
escreve e quem as partilha pouco consegue na prática. Todos nós.
Ilusão que me faz
pulsar o coração, sem sangue. No vazio.
Não estamos a
conseguir libertar as crianças da escravidão, da falta de acesso à educação, da
saúde, da mutilação, da violência.
Estamos a
roubar-lhes os direitos, mesmo que estejam numa carta.
Hoje quem governa
em África em particular, seguindo agendas internacionais mas sobretudo as próprias,
já não tem mais desculpa ou justificação.
Esquece-se que um
dia foi criança e por uma circunstância histórica ou democrática, recebeu o
poder em adulto. Esquecendo-se que aquela criança que hoje lhe pede bacela, podia
ser ele.
É a morte do sonho,
do futuro para estas crianças perdidas mas sobretudo abandonadas. Aos milhões!
Enquanto houver uma
criança sem professor, sem um médico, sem uma escola, sem um livro, sem um
lápis, sem um caderno, sem um instrumento musical, sem tecto, sem receber um verdadeiro cuidado
de quem governa, ninguém deve fazer coro com o silêncio.
Como na Europa e no
resto do mundo com crianças nestas mesmas condições.
Enquanto houver um
governante com acesso a uma herança que não lhe pertence e que abusivamente não
a partilhe e distribua com a sua “tribo”, decreto que abusarei do meu direito
de os não deixar dormir.
Em nome daqueles que um dia virão a ser adultos e
receberam juntamente com a vida, o direito a ser felizes.
Às crianças portuguesas
está a ser roubado o futuro e saqueado o presente por corrupção e má
governação, aqui fico irredutível no meu direito de rebelião.
Apelo a uma greve
contra o sistema como ele está. Uma greve de cidadania.
Enquanto não houver
hoje um verdadeiro Estado, a proteger quem vai ensinar e mostrar o futuro a estas
crianças, ofereço-me para não levantar a bandeira branca de tréguas.
Por total imerecimento
dos alguns que se assenhoraram do poder ilusório que hoje têm sobre os outros
homens seus pares.
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