Estamos em tempos de perdas. Em tempos nos
quais nos perdemos. Tempos em que todos podemos perder.
De anestesia. Também de sobressalto.
Onde colocamos a angústia? Que fazemos à falta
de entusiasmo? Ao desespero que devora? Onde escondemos a vergonha pela falta de
respostas? Onde vamos guardar as inúmeras perguntas que não se calam?
Sem re…torno e sem fu…turo ?
Ou será antes de mais, tempo de astúcia, de coragem,
de inteligência emocional? De sensibilidade. De humanidade. De utopia. De sonhos.
Tempos difíceis exigem medidas difíceis.
Por isso façamo-nos guardiães e guardiões do pó
de estrelas que somos. Do caos pode surgir nova vida. Novas estrelas. Novas partículas.
Novo pó brilhante.
Eu, pó da cisão de estrelas, só posso ficar em
silêncio. Por tudo.
Porque talvez haja uns que vêm com a missão de
nos dar um vislumbre da luz das estrelas. E nós não ouvimos. Nem vemos.
Por coincidência com os piores tempos noutras
latitudes, bem no hemisfério onde me encontro, Tata Madiba, uma das maiores
figuras da História dos Homens trava, coberto com um manto de dignidade, como
nos habituou e ensinou, aquela que talvez seja a sua última e inevitável batalha.
Em silêncio. Que nos grita a sua alma. Que nos exprime o que não é exprimível.
Ensina-nos como a não acção é uma acção por si.
O silêncio de um homem bom que já nem precisa de palavras para nos falar o que
precisamos escutar. Em protesto. Em luta pela dignidade. Em silêncio grita alto
pela Paz. Faz a maior caminhada pela liberdade da humanidade. E nem queremos
ouvir as suas ultimas palavras.
Vou ficar apenas a escutá-lo. Sem palavras. A
tentar perceber que mensagem conseguirei interiorizar vinda da sua voz. Da voz do
silêncio.
Vou ficar a aprender. Como poderemos ser
melhores. Por uns e por nós e uns pelos outros.
A contestar, pelo que não quero que seja. Pelo
que quero que venha a ser. Pela esperança. Porque não quero retorno a lado
nenhum que não seja feliz. Porque quero atender apenas ao futuro com brilho.
Também nesta latitude abaixo do Equador, virada
para oriente, encontro uma pérola com o coração mergulhado no escuro, ensombrada
pelo retorno da angústia e medo por uma nova guerra entre irmãos.
Alguma coisa só me faz sentido se pensar que os
homens não fazem nenhum sentido. São poeira perdida.
Estou de costas para o meu país. Para o mundo. Em
silêncio. Pela paz. Não atendo chamadas do universo, de nenhuma latitude.
Porque me sai caro. Eu também... estou em
roaming.
Sem comentários:
Enviar um comentário