Pois há. Milhões de portugueses são racistas. E outros milhões não são. Outros
tantos são encapotados. Dizem as minhas estatísticas.
Os que são racistas julgam-se herdeiros de um sangue puro e real qualquer
deixado por Viriato, Julius Caesar ou por Iacub-el Mansur. Ou de um outro
ariano qualquer…
Os que não são, são as misturas de todos estes grupos, são os educados e bem
formados e, sabem que existem na nossa única raça, grupos diferentes, cores
distintas, costumes diferentes, culturas diversas, línguas várias, cores feitios
e formas para todos os gostos e por isso é sinal de estupidez distinguirmos
pessoas pelas suas diferentes características físicas.
Mas há racismo, sempre houve, encapotado ou directo.
De brancos contra pretos. De pretos contra brancos. De brancos contra
ciganos. De pretos contra pretos. E por aí vai.
Sou contra qualquer manifestação de racismo seja contra que grupo for, mas
sou também contra o politicamente correcto da condescendência pobrezinha de
sermos uns gajos porreiros, e, não arriscarmos o pescoço pelo que acreditamos e
não podemos dizer mal dos pretos ou dos brancos. Não por causa das características
físicas, mas pela estupidez humana que neles se manifesta.
Condescendentes para com determinados grupos só porque são de “cor”, ou
ciganos, ou de leste, ou brasileiros ou outros. Quando nestes grupos todos há
gente estúpida, rude, mal formada, ignorante e mal-educada. E há os que não são
nada disto em várias cores.
Nesta minha Ítaca que é o meu Portugal, anda-se a simular que não há
racismo ou que não se deve tocar nas coisas chamando-lhe os nomes, para não
ferir sensibilidades.
Mas há e precisamos falar do assunto! Educando para as diferenças.
E para a igualdade de oportunidades para todos. Sem distinção. Tal como
na guerra do feminismo. Tal como na guerra dos direitos da criança. Tal como na
violência sobre as mulheres. E por aí vai…
No meu outro Continente em África, existem todas as cores de pele, formas
e feitios, Línguas e diversidade cultural como não existe em mais lado nenhum
do planeta.
Vamos lá falar do assunto e ver a raíz do mal. Educação. Ou a falta dela
claro.
Na minha outra terra em África, vi muitas velhas pretas a dar um bom par
de tabefes aos netos e filhos, que desde que entram na idade em que lhes
crescem pêlos nas axilas e na púbis começam a achar que são as Gingas e os Shakas
do bairro. E também vi velhas e mães brancas a fazer igual aos seus filhos.
E nesta idade do armário, onde apetece fechá-los e só reabrir os ditos
aos 25 anos, já adultos e conscientes, as hormonas têm que ser domadas, eles ensinados,
disciplinados e se preciso for ficar de castigo no armário. Até aprenderem a
respeitar quem quer que se lhes cruze na frente. Gostava que este velho hábito
das velhas voltasse!
Os pais por todo o lado demitiram-se de dar um par de tabefes aos filhos.
De educar. De falar com eles. De dizer não. De ensinar regras sociais. Estão a
formar pequenos sociopatas. De cores indistintas.
E as escolas demitem-se e falham na tarefa de ensinar.
Eu tenho um filho de cor. Outro de cor branca. Outro de cor preta. Outro
de cor castanha cajú. E outro de cor amarela. De todas as cores do arco-íris.
Os meus filhos levariam um valente estaladão e castigo de 15 dias dentro de
um armário se fossem a um “meet” ou a um arrastão tanto faz, porque a
diversidade de línguas é uma riqueza para a Humanidade, tal como a sua diversidade
de cores, e, fossem assustar as pessoas, provocar desacatos, roubar, ou ferir.
Ou não respeitar as autoridades.
E se viesse alguém racista provocá-los para que se comportassem sem
decência e desta maneira lhes fossem imputadas culpas pela desordem, e, eles
não tivessem o bom senso de ficar quietos, sem resposta, obrigava-os a estar a
limpar as latrinas públicas dos festivais durante um verão inteiro.
Mas isso sou eu, que sou uma mãe fruto de uma boa Educação e de uma boa
Escola. Sabemos qual a raíz do mal. A educação. Sem cor.
É verdade que o racismo contra os pretos existe. E muita discriminação
tem sido feita. Há desigualdade de oportunidades. Há desigualdade enormes.
Se um preto e um branco crescerem na Musgueira terão ambos, menos
oportunidades que um branco ou um preto de um bairro melhor, de chegar a uma
boa escola e desenvolverem as suas potencialidades. E há tanto ainda para ser
discutido e não se fala.
Porque a pobreza e a carência criadas pelos homens são a verdadeira
guerra.
E nós por condescendência calamos. Por paternalismo. Por medo. Porque
somos uns merdosos medrosos com estas questões.
Interessa acicatar ódios. Interessa querer manter o estado de divisão. A
ignorância. De demissão paterna. De demissão escolar. De demissão da sociedade.
A pobreza que gera violência.
Quem manda nisto agradece. E até se riem enquanto nós esgrimimos culpas
aos miúdos por nos termos descontrolado na inexistente educação que lhes
proporcionamos.
Por isso pais, educadores, professores continuem a vossa missão de
destruir os vossos filhos e não lhes ensinar as regras básicas do respeito, da liberdade
com responsabilidade e outras coisas que nesta altura deste campeonato eu já
não deveria andar a gritar.
Porque já senti o racismo na pele e vejo-o acontecer nos dias de hoje. E
não pensei ter de vir de novo erguer essa bandeira. A da educação dos nossos
filhos. Para que novos arrastões de gangs de meia dúzia de jovens mal-educados
e estúpidos com muita testosterona aos pulos, fiquem no passado.
Aos meus filhos das cores do arco-íris vou continuar a ajudar a
desenvolver o pensamento crítico, a desobediência ao que for injusto para a
raça (humana), a juntarem-se em “meets” de luta por causas, de forma urbana,
respeitosa e sem distúrbios.
Repito-me, o mundo está um lugar inóspito e a História mostra que somos
uns selvagens e repetimos as asneiras.
Pretos, brancos e outros quejandos não se esqueçam, quem precisa manter o
ódio quer-vos divididos, pobres e violentos.
A escolha é vossa. “Eles” têm poder no ódio. Na pobreza. Mas vocês mandam
nas escolhas das vossas vidas. Não lhes deem poder. Saiam do ciclo de
violência. Se os vossos pais e avós não vos deram uns estalos, aprendam como
autodidactas e cumpram-se como seres humanos.
Ou a mãe natureza sacudir-nos-á rapidamente por sermos uma bactéria
malina.
Lá vou eu mais uma vez levantar poeira. Como diria uma baiana de gema, “tirem
o pé do chão” e comecem a falar das causas do racismo. Sem condescendência.
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