Quo Vadis mundo
sem pontuação,
organizai-vos!
Num parágrafo qualquer,
Caminho descalça
Perco a organização desta
brincadeira
estúpida e desconexa a que chamamos
mundo,
Não consigo encontrar-lhe pontuação
O texto que leio está do avesso, desorganizado,
Não lhe consigo colocar um ponto e
vírgula,
nem quando preciso de intervalos
para respirar antes de continuar a
nadar.
Apenas lhe encontro longos
parágrafos
sem vírgulas nem pontos.
Vejo-o só com parágrafos de frente
para trás
Que me deixam a exclamar e a questionar
Onde se encontra o sentido?!
Nesta longa corrente de loucura,
de frases sem nexo
Até ao ponto final que se aproxima,
Até ao gelo final da existência
De frases conexas.
Enquanto ando sobre reticências
e me sento em acentos que se fazem
circunflexos
com o peso da desorganização,
da humanidade geneticamente
modificada
sem acordo na pontuação,
num largo acordo de prostituição
entre os chulos do planeta,
vou tentar continuar descalça,
sentada junto de uma planta
com raízes morfológicas de pontos
nos is
a sonhar com as curvas acentuadas de
um til
que me dê dois pontos para algo
que me faça acreditar
no que já foi e o que poderá ainda ser,
se o texto que andamos a escrever
não tivesse ficado sem cadência ao
ver
separar sujeito e verbo dum
complemento directo.
Comemos o fruto da embriaguez
dos travessões que separam.
Quem sabe se os esforços de quem se
preocupa
daqueles que fazem do amor de viver
bem maior que o medo de perder,
serão os sóbrios que irão encontrar
As pontes da pontuação
que o texto do mundo vai equilibrar
antes do final e
sem de aspas precisar.
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