sábado, 4 de janeiro de 2014

Literacia e política, dramas e comédias



Na espuma dos nossos dias,

Era uma vez um país de poetas, escritores, navegadores, descobridores, cientistas, putas e analfabetos.
Este é o meu país. Para onde escolhi trazer um descendente e agora mais uma. Vieram para engrandecer também esta Pátria, mas já estão envolvidos numa onda gigante de dívidas e de retrocesso civilizacional. Como se não houvesse amanhã.
E, o pior de tudo é que estou disposta a que haja, mesmo parecendo que não vai haver.
Vou neste ano novíssimo, em folha de papel pardo, onde os mais velhos e menos protegidos continuam a sofrer assaltos à mão armada e os mais novos obrigados a não vislumbrar o tal dia seguinte, continuar a fustigar como puder este e todos os cães de fila que se proponham a continuar a política de gamanço. Do gamanço das liberdades, dos avanços da nossa civilização, da vida. Neste manicómio com entrada para a porta dos fundos do matadouro.

Feita esta declaração de princípios para que não restem dúvidas de que as 12 badaladas de passagem oficial de ano não me fizeram amolecer os ditos, nem diminuíram as minhas capacidades de me bater com as armas que tiver, agradeço a paciência de quem me continua a ler, a querer na sua vida e a ouvir os meus protestos. Prometo que não vão faltar. Esta promessa é irrevogável! Naturalmente que EU estou a falar a sério.

Neste meu país onde nasceu o meu pai que o foi defender para África, onde nasceram o meu filho e a minha neta que hoje têm de o pagar, e eu que pouco o tenho usufruído, a educação e a literacia andam como os relacionamentos em final de vida: sem nada para partilhar.

Querem-nos burros, sem pensamento crítico. Pensar que demos ao mundo científico a descoberta da experiência da lobotomia…
No final, foi para a usarmos em casa, com sede neste país. E há quem a use e abuse. Ou antes, se deixe usar e abusar da mesma.
Para a contrariar também vou continuar a protestar.
Como existem pérolas linguísticas nos exames de alunos recolhidos por professores, existe uma recolha de pedidos de clientes de uma certa livraria muito famosa, que ofereço com os meus comentários, para que estejamos sempre atentos à rota de colisão em que entrámos com a cultura, os livros, o conhecimento, a educação.

Um país sem estes requisitos tem um prenúncio de morte.
Não é tarde ainda e desejo-te Portugal uma grande revolução em 2014. Antes que seja tarde.

Cliente: Tem o “Alevanta-te do chão” do José Saramago?
- por favor alevantemo-nos é todos já que perdemos a nave que nos trouxe!
Cliente: Tem os “Alicerces do céu”? (Pilares da terra)
-este allien perdeu as coordenadas e faz lá ideia do planeta onde está
Cliente: Tem o “Conde do Cristo Rei”?
- Este, esteve anos perdido na Galileia e acordou no século XVIII em Inglaterra
Cliente: "Tem a cegonha que ensinou o gato a voar, do Luis Spulsa?"
- Agora as cegonhas também são nannys e trazem gatos de Paris… e o Sepúlveda já ganhou vontade de dar títulos sem nexo aos seus livros
Cliente: "Tem livros da Sara Mago?"
- A mana Sara começou a fazer magia nas tournées com o Copperfield?
Cliente: "Tem o Harry Porker”?
- Ó J.K.Rowling, aproveita a ideia para a nova saga e junta-lhe porcos a voar
Cliente: "Tem o jornal da inquietude?" (Livro do Desassossego)
- de repente bolsei e fiquei com diarreia…
Cliente: "Tem os Maias do Frei Luis de Sousa?"
-não! Ninguém tem, só os do papa francisco
Cliente: "Tem a triologia dos Cheios de Fome?" (Hunger Games - Jogos da Fome)
- Não, temos apenas a do país com 10 milhões de esfomeados e com paralisia cerebral…
Cliente: "Do Luis Supulvula, tem o gato e o rato que são amigos?"
-vulvas, gatos e ratos amigos? Uma total promiscuidade. Luís Sepúlveda publica rapidamente a tua certidão de nascimento no Google de Portugal ou não te safas
Cliente: "Tem livros da prémio nobel Alice Munhoz?"
-Atribuído no país das maravilhas pela imaginação do cliente…

Vou atribuir estas calinadas à falta de ouvido de algumas pessoas…
Um ano de punho em riste como faz a minha neta quando acaba de mamar.

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