Na espuma dos nossos dias,
Era uma vez um país de poetas, escritores, navegadores,
descobridores, cientistas, putas e analfabetos.
Este é o meu país. Para onde escolhi trazer
um descendente e agora mais uma. Vieram para engrandecer também esta Pátria,
mas já estão envolvidos numa onda gigante de dívidas e de retrocesso
civilizacional. Como se não houvesse amanhã.
E, o pior de tudo é que estou disposta a
que haja, mesmo parecendo que não vai haver.
Vou neste ano novíssimo, em folha de papel
pardo, onde os mais velhos e menos protegidos continuam a sofrer assaltos à mão
armada e os mais novos obrigados a não vislumbrar o tal dia seguinte, continuar
a fustigar como puder este e todos os cães de fila que se proponham a continuar
a política de gamanço. Do gamanço das liberdades, dos avanços da nossa
civilização, da vida. Neste manicómio com entrada para a porta dos fundos do
matadouro.
Feita esta declaração de princípios para
que não restem dúvidas de que as 12 badaladas de passagem oficial de ano não me
fizeram amolecer os ditos, nem diminuíram as minhas capacidades de me bater com
as armas que tiver, agradeço a paciência de quem me continua a ler, a querer na
sua vida e a ouvir os meus protestos. Prometo que não vão faltar. Esta promessa
é irrevogável! Naturalmente que EU estou a falar a sério.
Neste meu país onde nasceu o meu pai que o
foi defender para África, onde nasceram o meu filho e a minha neta que hoje têm
de o pagar, e eu que pouco o tenho usufruído, a educação e a literacia andam
como os relacionamentos em final de vida: sem nada para partilhar.
Querem-nos burros, sem pensamento crítico.
Pensar que demos ao mundo científico a descoberta da experiência da lobotomia…
No final, foi para a usarmos em casa, com
sede neste país. E há quem a use e abuse. Ou antes, se deixe usar e abusar da
mesma.
Para a contrariar também vou continuar a
protestar.
Como existem pérolas linguísticas nos
exames de alunos recolhidos por professores, existe uma recolha de pedidos de
clientes de uma certa livraria muito famosa, que ofereço com os meus
comentários, para que estejamos sempre atentos à rota de colisão em que
entrámos com a cultura, os livros, o conhecimento, a educação.
Um país sem estes requisitos tem um
prenúncio de morte.
Não é tarde ainda e desejo-te Portugal uma
grande revolução em 2014. Antes que seja tarde.
Cliente: Tem o “Alevanta-te do chão” do
José Saramago?
- por favor alevantemo-nos é todos já que
perdemos a nave que nos trouxe!
Cliente: Tem os “Alicerces do céu”?
(Pilares da terra)
-este allien perdeu as coordenadas e faz lá
ideia do planeta onde está
Cliente: Tem o “Conde do Cristo Rei”?
- Este, esteve anos perdido na Galileia e
acordou no século XVIII em Inglaterra
Cliente: "Tem a cegonha
que ensinou o gato a voar, do Luis Spulsa?"
- Agora as cegonhas também são nannys e
trazem gatos de Paris… e o Sepúlveda já ganhou vontade de dar títulos sem nexo
aos seus livros
Cliente: "Tem livros da Sara
Mago?"
- A mana Sara começou a fazer magia nas
tournées com o Copperfield?
Cliente:
"Tem
o Harry Porker”?
- Ó J.K.Rowling, aproveita a ideia para a
nova saga e junta-lhe porcos a voar
Cliente: "Tem o jornal da
inquietude?" (Livro do Desassossego)
- de repente bolsei e fiquei com diarreia…
Cliente: "Tem os Maias do Frei Luis de
Sousa?"
-não! Ninguém tem, só os do papa francisco
Cliente: "Tem a
triologia dos Cheios de Fome?" (Hunger Games - Jogos da Fome)
- Não, temos apenas a do país com 10
milhões de esfomeados e com paralisia cerebral…
Cliente: "Do Luis Supulvula, tem o
gato e o rato que são amigos?"
-vulvas, gatos e ratos amigos? Uma total
promiscuidade. Luís Sepúlveda publica rapidamente a tua certidão de nascimento
no Google de Portugal ou não te safas
Cliente: "Tem livros da prémio nobel
Alice Munhoz?"
-Atribuído no país das maravilhas pela
imaginação do cliente…
Vou atribuir estas calinadas à falta de
ouvido de algumas pessoas…
Um ano de punho em riste como faz a minha
neta quando acaba de mamar.
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