Na espuma dos nossos dias,
La Palisse disse: “A vida das pessoas não está melhor, mas o país está
muito melhor”.
Ah não, foi um político daqueles de pacotilha que andam aí de cueca Hugo
Boss ao tentar fazer psicologia invertida. Fui ver se era gente.
Não, gente não é certamente.
E nem um cérebro vazio bate assim.
Para que precisamos de um país e ainda por cima com pessoas? Uma absoluta
redundância.
Imbecis que somos! Eu e todos vocês que não vêm quanta filosofia está
contida nesta frase.
Este é o resultado do ralatório de avaliação aos bons alunos. O próximo
PISA vai incorporar esta análise de medição de literacia.
Que a nossa vida não está melhor é elementar meus caros, qualquer um
constata, ao passear nas casas de Massamá a Cascais, passando por Alcântara na
sede da caridade da Jonet.
Já para não falar no interior do país ou até em Vilã Chã onde chegaram as
ondas gigantes e as cheias.
A vida apenas e somente piorou por causa dos temporais e isso preocupa o político.
A vida piorou porque os portugueses deixaram de surfar, já que agora só o
McNamara tem autorização da protecção civil para andar na rebentação da Nazaré.
Mas que o país, esse sim, está muito melhor, é a maior evidência.
Deixou de haver hora de ponta. As estradas estão vazias, a cidade está
adormecida. Um país zen à beira de um spa plantado. A fazer curas envoltos em
chocolate.
Está melhor porque os portugueses que se aproximam da costa já não vão para
fotografar a Rute menina e moça que passa, mas sim com a intenção de serem
levados na Companhia das Índias Orientais da tempestade.
A justiça está melhor e corre ligeira. Todos são inocentes e absolvidos.
Deixou de haver crime e corrupção. Os tribunais respiram de alívio.
As escolas são um paraíso. Os profes com lugar na mesma, de preferência já entregam
a cátedra aos doutos alunos. Eles, os alunos, que governem à facada ou à
praxada tanto faz, para que reine a paz.
A polícia suicida-se ou vai para o cadeirão do psiquiatra e deixa em paz os
cidadãos em paz. A estes começa a faltar a energia, o gás, a água, a luz, a
comida e com a escassez, vem a inércia.
O povo que consegue emigra às paletes. Os que ainda arranjam um estágio não
remunerado aos 45 anos e os jovens que trabalham sem receber, aguentam-se
porque ainda querem salvar a calçada portuguesa e as manifestações de arte com tampas
plásticas, protegida e incentivada pelo regime.
O Coelho, o Vice, os ministros e a pilha de assessores que ainda restam,
juntamente com as novas telefonistas, cumprem a magna tarefa de sacar os olhos
dos contribuintes, dentro dos gabinetes protegidos.
Nas longas reuniões de brainstorming de onde saem as pérolas de ostras
estragadas que debitam em frente às camaras de tv, bebericam as reservas dos
bons tintos alentejanos vencedores de prémios, que os há com fartura, dada a
pouca concorrência para os comprar.
A Esteves está finalmente como quer. De bem com a vida e a ver o país como previu.
Há algum tempo sentia o desconseguimento frustracional do país melhor. Digamos
que agora tem a aplicação certa no soft qualquer coisa que criou, juntamente
com este político filósofo.
Um conseguimento:
Um país melhor, com moribundos imbecis sem chatear…
Enquanto estas mentes brilhantes se perfilam como candidatos a bolsas de
doutoramento em filosofia sobre o futuro projeccional no jogo do monopólio com
o qual se divertem, eu vou directa para a prisão por blasfemar, sem pagar na
casa de partida.
Apenas desconsigo parar o desarranjamento intestinacional que me faz a excelsa
filosofia da vampiragem.
Saúde, a que for possível e liberdade, nas cabeças. A tanta imbecilidade
respondo com um carinho: “kiss my ass”!
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