terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Um mundo fodido!

Mais uma “silly season” de holocausto de pinheiros, holocausto de calorias, de luzes, de prendas, de fatias paridas e “dreams” (de abóbora) também de muito amor, alegria e divertimento e o reverso da medalha, de muita hipocrisia, prestes a findar o calendário, e, o mundo a foder-se em contínuo retorno à barbárie: parte 2015!
E sem andar a foder. Isto mais que um fado triste é triste por não ser só um fado. Apenas uma má foda sem toque de fada. O calendário do mundo muda de página, mas a foda continua. As pessoas que não mudam, mal fodem e são mal fodidas.
Tudo isto me cheira a que estamos todos fodidos no ano novo, se pelo menos não fodermos mais.
Não a vida uns dos outros. Mais uns com os outros. Ao estilo: fodamos como se não houvesse amanhã antes que acabem com a nossa capacidade de foder. Penso eu, de que, seja essa a mui nobre e leal intenção “deles”.
Citando um amigo na invicta mui nobre e leal cidade de onde escrevo, digo eu também aos DDT´s (donos disto tudo) que não nos deixam fazer melhor :“não lhes perdoai pai, porque eles sabem mui bem o que fazem”.
Continuemos pois, a tornarmo-nos excêntricos ao tentarmos ser melhores. E a foder sempre que pudermos J
Um bom ano para a família, amigos, seguidores, desconhecidos e até aos inimigos. Que as “pedras no caminho” sirvam para construir os degraus do castelo.
Poesiem-se e com esta vos deixo este ano:

É uma terra danada,
Um paraíso perdido.
Onde todo 
mundo fode,
Onde todo mundo é fodido.
Fodem moscas e mosquitos,
Fodem aranha e escorpião,
Fodem pulgas e carrapatos,
Fodem empregadas com o patrão.
Os brancos fodem os negros
Com grande desprendimento,
Os noivos fodem as noivas
Muito antes do casamento.
General fode Tenente,
Coronel fode Capitão.
E o Presidente da República
Vive fodendo a nação.
Os Frades fodem as freiras,
O padre fode o sacristão,
Até na igreja de crente
O pastor fode o irmão…
Todos fodem neste mundo
Num capricho derradeiro,
E o danado do Dentista
Fode a 
mulher do Padeiro.
Passos, depois de eleito, se tornou um fodedor
Não fode o Cavaco, mas fode o trabalhador,
O Ministro fode o deputado
Que fode o eleitor.
Parece que a natureza
vem a todos nos dizer,
Que vivemos neste mundo
Somente para foder.
E, meu nobre amigo
Que agora se está a entreter,
Se não gostou da poesia
Levante-se e vá-se foder!

Autor Desconhecido – Também, pudera… se fosse conhecido, estava fodido!


terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Lembrete Natalício sem Ho.Ho-Ho

Lembrete natalício: 
Enquanto os "mercados forem mais livres que eu"  as cadeias estiverem com poucos presos ligados à corrupção, o passos for 1ºministro e portas não afundarem, a merkel reinar, enquanto eu e largos milhões estivermos sujeitos às piores medidas de coacção: pulseira electrónica, chip, prisão domiciliária, trabalho quando há, quase sem remuneração apropriada, uma educação de merda e líderes mundiais fajutos a minha árvore de Natal será esta. Enquanto a fumo ao longo do ano, vou esquecendo e cantando. Esta não me leva à prisão por violência contra o governo, antes pelo contrário. Faz-me apenas escrever mal dos males que me dão cirrose à alma e cura-me o mal das angústias.
O que mais precisam todos aqueles que não têm amor, paz, um presente nem um futuro, um lar, uma noite de Natal, uma família e que sofrem indizíveis violências é saber que não estão sózinhos. Que há vozes sensíveis que falam por eles.



segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Meia-Idade, uma prosa quase conto


Chegou a meia-idade mas nem sequer teve tempo de perceber se tinha crescido. O corpo ali ficou a meditar no tempo. Era a sua viagem de renascimento. Sem regresso à saudade. Por falta de tempo. Ia continuar a procurar a felicidade em cada instante. Nos pedaços daquela que restasse para si. Era o lar que queria. A morada onde todas as buscas começavam e nunca se perdiam. Os achamentos, passageiros, fortuitos ou relevantes da juventude pertenciam a outra idade. Irrelevante e passageira. O que pensava que era a vida pela frente transformara-se na vida em frente. Olhando-a de frente. Zombeteira. Não foste ou não conseguiste alguma coisa? Experimenta de novo. Mesmo que os sapatos estejam gastos. Agora era de meia-idade. Até ficar sem idade. Os cheiros enchiam a manhã. Em particular da terra acabada de lavrar. Preparada para receber a semente de novas culturas. A terra na sua transformação. Uma borboleta acabava de entrar pela janela a convidá-la a seguir um caminho. A busca de si mesma, da sua transformação. O único caminho a seguir era o voo, mergulhando na sua essência. A cada novo dia, até ao último dia, sem descanso, libertava-se de pesos que a arrastavam pelo duro chão dentro de si. Aprendendo a voar não a limitaria. Iria mostrar o caminho aos que ainda não aprenderam a ter asas. Hoje sim, amanhã não, amanhã sim, no dia seguinte não…São temperaturas. No próprio dia podem sentir-se todas as estações do ano…A vida ria-se de si, descaradamente, enquanto fazia planos. Perdia o pé mas batia os braços e as pernas. Neste oceano sem fundo a profunda liberdade é o maior desafio. Numa tarde fria os multi-eus que convivem dentro de cada um conversavam numa linguagem que nem sempre é a sua língua materna. A linguagem da arte de voar. Atreveu-se a ser livre. Despiu-se de máscaras. Nesse dia, sem resistências, nem idade, voou!

pintura de Toulouse-Lautrec


“Os cães vão para o céu”


Os prémios Nobel da Paz vão-se encontrar em Roma para uma conferência. O local de encontro mudou, porque a África do Sul se recusou a dar um visto de entrada ao Dalai Lama.
Bem que o mundo precisa que estes homens e mulheres da Paz se encontrem. Sim porque isto de esperar que sejam só as misses a falar da Paz no mundo, não vamos longe como raça. Há uns que não sei bem o que lá estão a fazer no meio dos laureados. Mas isso sou eu que sou pouco entendida no mundo.
Mas hoje tive uma surpresa. O tão celebrado Papa Francisco, no qual devo já confessar aos Mata-Haris de serviço, não acredito, mas deixei em estado de alguma graça, simpaticamente, para não ser tão do contra, observando sorrateiramente como a coisa se ia desenrolando lá para os lados do Vaticano e do seu Banco, hoje deu razão à minha desconfiança. O Papa politicamente incorrecto? Seria? Humm, marketing sempre pensei. O verdadeiro incorrecto politicamente faleceu aos 33 dias de Pontificado, e, este ainda está vivo! Humm, pode ser que seja genuíno, ou que tenha mudado (ler sobre o seu passado). Afinal…
Não vai receber o Dalai Lama! Porque evidentemente isso mexe e profundamente com a tentativa da Igreja Católica se aproximar da China e estabelecer laços de evangelização.
Ou seja, ele há mesmo santinhos do pau-oco. A África do Sul foi banida de organizar o evento, outrora com o brutal regime do apartheid, segregando um guerreiro da paz, dos direitos humanos, da democracia e da libertação do seu país o Tibete. Este, ocupado há 64 anos, amordaçado e reprimido pela China. A quem todos devem e temem. E todos politicamente correctos obedecem.
Com o mundo aos seus pés, caiu a máscara do bonzão, cool, amigo dos pobrezinhos, mulheres solteiras, gays, criancinhas com fome, vítimas da pobreza e um largo etc, e, agora se vê, até o Santo Padre é um alinhado.
É isto que os cristãos da Paz querem? É este o espírito do Natal (nascimento de Cristo) pela Paz no Mundo?
Vou ali alimentar as minhas galinhas e já volto!
Não se esqueçam de deitar uma moedinha por mim na Fontana di Trevi enquanto bebem cappuccinos e conversam em Paz sobre a Paz.
Continua a tua luta. Não me desiludas Dalai. À Lama com eles.
O mundo está fodido e se calhar, digo se calhar, não há Paz que o salve. Enquanto Roma arde…

De repente lembrei-me de G.Orwell (não percebo a razão…): “todos os homens são iguais, mas há uns mais iguais que outros”. 

domingo, 14 de dezembro de 2014

Buongiorno principessa


Ao ler a sua entrevista, fiquei a pensar em injustiças… Manuel de Oliveira, 106 anos disse que a vida é uma derrota. Que pena! Não consigo entender! A vida é a arte da beleza em movimento, como num filme. Ele que se dedicou a fazer arte, ser agora tão injusto com ela. Ele a quem nunca faltou recursos, nem pão, para fazer arte. Mesmo não conhecendo os seus filmes (para além do Aniki Bóbó), são arte na conquista da infinitude que a vida não oferece.

A vida é bela, diz a experiência de uma vida, que um dia acaba.

Fazer arte é criar. É um exercício de humildade, de imaginação, de loucura, de cor, de estudo, de tempo, de dinheiro para alimentar o cordão umbilical de quem cria, com o mundo. Quantos não deram a vida pela sua arte?

A vida é finita, a arte para sempre fica. Fazer arte é levar a vida sempre fora da zona de conforto exterior onde existe apenas um conforto: o mundo interior ao contrário.

Como quando estamos apaixonados: quando a arte acontece, vira-nos de cabeça para baixo, desafiando-nos a ser um com o todo.

O universo é infinito e abundante, sempre em expansão e completo. A vida o seu contrário. A arte é o fio com as contas do rosário que liga os dois mundos. O cordão umbilical entre a vida humana e o universo que nos rodeia.

A vida é uma partitura musical e os sons que ouvimos são cruéis, trágicos, felizes, dramáticos, intensos, emotivos, sentimentais, vazios, de perda, suaves, leves, finitos e embrulhados em notas de humor.

A vida é bela, nunca uma derrota. Nem mesmo quando ela nos falha e deixa exauridos, com vontade de fazer cair o pano.

A vida é bela, digo eu, no meu filme de vida, com uma longa experiência nela, dela, com ela e para ela.
E diz o filme…

Cuidem-se, amem-se e não deixem de exprimir o que vos diz o coração, como os artistas. Naturalmente façam arte. O meu respeito, admiração e incentivo para os artistas de todas as expressões.

Num dos momentos mais belos do filme "a vida é bela" onde a arte é mestre: vida,morte,humor,beleza,ternura,sacrifício


sábado, 13 de dezembro de 2014

Revelião!

UBUNTU: “Eu sou humano porque eu pertenço, eu participo e compartilho”.
Uma tradição africana sobre quem temos de ser: Ubuntu: “Como é que um de nós poderá ficar feliz se todos os outros estiverem tristes?" 

Somos porque somos o outro, porque nos contemos no outro. Ubuntu é mais do que uma palavra, ou filosofia. É a essência de quem somos como grupo. A solidariedade e a força de um grupo é maior do que a do indivíduo.
As necessidades da comunidade são maiores que os direitos individuais ou as suas necessidades. E a responsabilidade de cada um é maior para com a comunidade. Não apenas aquela a que pertence. Mas ao todo. 

O actual sistema económico que domina as nossas vidas é o verdadeiro déspota. Porque nos submete, atira para a miséria, reprime, escraviza e limita.
De caçadores a bárbaros, hoje predadores bárbaros, fomos caçados neste sistema que como uma praga espalha a sua loucura e nela nos espelhamos sem nos reconhecermos como loucos. A Educação que nos deveria salvar está também ela ignorante repressora e cega.
A voracidade predadora desliga-nos da nossa sensibilidade e da bondade inerente à natureza humana, trouxe-nos a este desnível incoerente e absurdo entre o desenvolvimento tecnológico e o subdesenvolvimento ético.
Os efeitos da globalização, da sociedade viciada pelo consumo, pela individualização e pela megalomania dos homens gananciosos, tem estado naturalmente a derrubar a tradição que vem de África, onde todos começámos.
Não ver e não falar sobre o único sentido da vida em comunidade que é a partilha, a empatia (os valores que nos deveriam guiar como comunidade e como indivíduos), é perder a razão de existir da família humana.
No nosso rectângulo lavado pelo oceano, os lixos estão há demasiado tempo a poluir as nossas areias. Lixo feito de gente sem vergonha que inventa falsas inocências, que nada sabe, nada viu, nada fez, onde tudo é obra de ninguém…ou do Espírito Santo.
No entanto, enriquecem, vendem-nos em pedaços como se o resto de gente que cá ficasse, de gente não se tratasse.
Parece que somos apenas uns mexilhões, prontos a ser comidos com molho de ostras e Porto Vintage…
Lutamos individual e colectivamente para duas variáveis: aprender a sobreviver e a ser felizes. Nessa aprendizagem confrontamo-nos com o nosso maior inimigo: o medo.
-Que cuecas queres que tenha vestidas dona morte (que a todos trata por igual) quando me vieres estender a mão?
Até ao dia que ela me procure, quero apenas ficar refém da simplicidade das relações intrinsecamente simples que aprendo com a natureza. Dela venho, para ela vou.
E de pouco preciso para viver e ser feliz. Como todos. Mas certamente não preciso nem quero o medo!
Nada mais temos a perder. E temos um dever para connosco e para com a comunidade. O de não obedecer à ordem de destruição que nos impõe!
Temos de ter outra maneira de ser.
Para não sermos varridos por uma onda. Como um todo.
Porque temos um presente neste Natal completamente envenenado. Não temos futuro.
Podemos mudar a rota? Sem dúvida. A resposta é: Ubuntu!
A começar por: "revelião"!
A minha casa está à disposição!



quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Victória para um desobediente

"Temos a obrigação moral de desobedecer a leis injustas"



“A vida afectiva é a única que vale a pena. A outra apenas serve para organizar na consciência o processo da inutilidade de tudo”. Miguel Torga

-Tão ligeira que caminha! Quantos anos tem?
-87 para o mês que vem! Caminho todos os dias e vou conversar com quem já não pode andar!
A frase veio de uma boca com menos dentes e um sorriso maior que o seu metro e meio de altura.
Sorriu sem parar de caminhar. Passo leve e ligeiro. Acompanhei-a.
- Tem um segredo para a sua vida?
-Dar passos todos os dias. Os passos são as decisões. Não interessa se são boas ou más. Decido sair e cuidar de mim e cuidar de alguém. Todos os dias. E esperar o melhor.
De novo o sorriso se abria como o sol por entre as nuvens. Tal como ele, o sol, ela, estava-me a dizer que mesmo quando as nuvens decidem deixar correr as suas lágrimas, logo vem o sol cobri-las de beijos quentes e secá-las.
-O que faz a menina?
-Escrevo e experimento tudo o que a vida me traz, respondi timidamente. E também espero sempre o melhor!
-E espera o melhor…bem vou continuar, não posso parar. Cuide-se menina. Dê um passo todos os dias. Cuide dos seus e dos que não são seus. Há pessoas que precisam de saber que alguém pensa neles.
- Talvez com as minhas palavras…alguém precise delas…
- Se derem um passo na direcção de um coração, está a cuidar de alguém.
Despedimo-nos e fiquei a vê-la desaparecer na aldeia. Uma desconhecida que me trazia afecto.
Um gesto, uma palavra, uma música, uma poesia, um pão, uma sopa, uma flor, um cobertor, um livro, uma festa…é um passo para chegarmos ao mundo dos afectos de alguém. Quer o conheçamos ou não.
O micro-cosmos individual e interno: o nosso mundo dos afectos, desajustado e desordenado, talvez reflicta o cosmos exterior. Juntei as palavras da velha com as de Torga.
Se o micro mundo estiver em ordem, tudo o mais pode ser caos, que saberemos dar passos em direcção aos outros e esperar o melhor.
Se no micro mundo o caos se sentar, nada mais terá ordem. Paralisamos. E nada mais é importante.
E no entanto toda a importância e vitalidade das nossas capacidades, como seres plenos reside no passo que dermos para equilibrar este micro cosmos.
Num mundo disfuncional, normal seríamos tomarmos a decisão, já hoje, de sermos desobedientes. Para bem da nossa vida afectiva que comanda tudo o resto.
Como há quem saiba fazer: ordenar o micro cosmos dos nossos afectos. E dar passos para cuidarmos uns dos outros. E de chegar aos outros.

Esperando o melhor.