sexta-feira, 27 de março de 2015

Uma história, a minha, a tua, a da literatura

Vou contar uma história?
Que pode ser a minha ou de algum estranho?
Não seremos todos em conteúdo e forma
histórias?
Que seria de mim
na minha precária condição humana
que nada é
por tão precária ser
sem comunicar?
Sem palavras
escritas e faladas
nos seus silêncios
sem a musica das suas histórias?
Certamente seria
a ausência de luz.
E, na silenciosa escuridão do nosso encontro
meu e das palavras a não calar,
lá onde me torno intima com o autor,
me defino amiga ou inimiga com os personagens
vislumbro as minhas asas,
o meu lugar,
de onde devo partir e a ele regressar
para histórias também contar.
Esta é a minha história.
Quem sabe a tua.
Um dia fui assim
afastada de mim
longe de gostar da minha pele
sem saber para onde ir
o que desejar, o que aprender, o que pensar,
que histórias contar.
Enquanto sonhava, chupando um dedo,
recebi uma chamada:
-ei, dizia-me do outro lado o tempo: é já!
o tempo de esperar já não espera
ou passas pelo próprio tempo
a correr sem o apanhar.
Sem hesitar
tirei a arma do viver,
saí para o conquistar.
Histórias percorri, histórias ganhei
histórias perdi,
histórias vi, histórias transformei
histórias sonhei, histórias vivi
Histórias escolhi.
Umas divinais, outras infernais
Nelas nasceram personagens
vis, ignóbeis, mal amadas,
apaixonadas, crentes, corajosas,
sofredoras, angustiadas,bipolares,
dementes, lutadoras,tristes, envergonhadas,
felizes, invejosas,vingativas, poderosas,
Umas miseráveis porque sem alma
outras ricas com fortunas de bondade.
Histórias algumas inconfessáveis
ah incontáveis histórias inconfessáveis...
porque aos olhos da confissão
os ouvidos se fecharão
escondendo os segredos da multidão.
Todas ela me trouxeram uma lição
uma aprendizagem, um caminho, uma oração
uma fé, uma bênção, uma dor,
um baixar os olhos de sofreguidão
um sorriso, um brilho, uma satisfação
um erguer do coração,
um sufoco, uma tentação.
Com todos os personagens, nas minhas histórias
aprendi, desaprendi, lembrei, esqueci
amei, odiei, entendi, dei e recebi
ganhei e perdi.
Com uns aprendi que não voltam a entrar na minha casa,
e da memória os varri.
A alguns personagens exponho-os,
por falsos serem,
para ninguém lhes seguir exemplos
porque impregnados de maldade, mesquinhez, inveja
disfunções de emoções e sentimentos
tão humanas quanto podem ser também impermanentes
e quem sabe um rio as pode lavar
levando para um longínquo oceano.
Estes escondem não raramente,
no recanto de um fechado lugar
dor, sofrimento, desatenção e desamor.
Inimigos? Naturalmente que sim.
Porque com seguro de perfeição
antes de nascer
a cobertura não pedi.
Fiz amigos que me pertencem
Tive amigos que já perdi
Os que foram, os que são,
Guardo-os no plasma
Alimento-os, rego-os
Conjugamos juntos
o verbo amar
pertencemo-nos
nunca morremos
deixamos a história inacabada
e poemas por fechar
Agora que o tempo
com a idade me conquistou, dizem-me:
-Cuidado com o que pedes, o que pensas, o que atrais
-Recebes o que dás
-O vento que te dirigir oferece-te as aragens
só tens de as seguir
-Semeia e receberás
-É Deus que te comanda o fazer
-Tens o destino traçado mesmo antes de nascer
- Deixa-te ir, deixa-te levar, deixa-te ser
-A história constróis tu
-A história foi planeada entre o autor e os personagens...
Que sei eu?
Se vim para contar histórias?
Construí-las?
Ser pertença de uns quantos
De outros apenas tocar
De alguns apenas as histórias conhecer?
De cumprir um destino
Uma missão, um talento?
Sou poeta que a vida enganou
isso sei com certeza.
Chegou comigo ao colo,
deu-me e
não me deixou explicações nem instruções.
Sou e serei sempre um poeta sem o ser
porque nem sempre a poesia me habita
mas de histórias em poemas tenho-lhe a forma.
Amando com o tempo a pele que me acompanha
Apanhando os bagos de arroz
Seguir, seguir, seguir
é o meu caminho
sem saber onde vou.
Ficar apenas onde o amor habite
deixando que a aragem me conduza
até à casa
onde irei regressar
como pó.
Como poema com brilho estrelar.


Por amor à minha língua, às histórias, às palavras, e, por amarmia regozijo-me com o facto de Mia Couto ser um dos 10 finalistas ao prémio Man Booker Prize 2015. Entre os finalistas há 4 africanos o que me faz alargar o sorriso.

" O meu erro... foi entregar a minha vida a este mundo que não encosta com o meu."
Mia Couto
No livro " Vozes anoitecidas"
Photo by © Margaret Courtney-Clarke — comJorivalma Muniz DE Sousa.


Exposição de Pintura e Poesia: Djumbai

Um dia eu tinha de escrever sobre mim, sobre a discriminação,
sobre o "bullying". Sobre quem sofre este preconceito. Pela cor.Preta. Ou a ausência dela. Ou a única cor. Por uma cor. 
Por uma cor? Diferente? 
Foi com este quadro que irá estar na exposição do Sidney que apareceu a inspiração.
Chama-se Natan. 

Em mim cabem todas as cores

Tens de ser branca
fazer como os brancos
e de tanto conviveres com eles
ficas branca...
Um pouco de pó de talco e mudo de cor...
"Preta da Guiné, lava a cara com xulé"
"preta retinta",
bata rasgada, botões arrancados
de tanto soco dar,
de tanto puxão suster
de tanta lágrima calar
de tanto soluço abafar
por tanto insulto receber
Preta, mulata
o mesmo peito, o mesmo coração
branca
as mesmas pernas, as mesmas mãos
Então...
porque razão?
Procurando consolo fica a menina criança, o menino homem
sem tamanho,
grande como um humano,
Não, não me zanguem mais
não, não me magoem mais
é esta a pele que tenho
é esta a pele que não me deixa
é esta a pele que não gosto.
É nesta pele que sou...desconfortável
para mim
para os outros que me magoam, que me zangam.
Quero voltar a mim,
agarro no dedo com força entre os lábios grossos 
de preta
nos lábios grossos mulatos de preto,
nos cabelos 
de fios escarpados como montanhas brancas
lisos como Himalaias negros,
frondosos como selvas
de planuras feitos, como savanas,
conforto-me com ele na boca,
sinto o sangue que sai do coração a passar 
pára no céu da boca e traz-me a mensagem:
-Este sangue que trazes,
é o sangue dos teus avós, pais e ancestrais
pretos e brancos
sementes de todos os continentes, rios, lagos, montanhas e oceanos,
fizeram de ti preta 
e mulata
Igual.
Lembra-te 
És a tua pele e és a tua alma.
Aceita como se aceitasses chocolate
branco ou preto
e todos gostam de chocolate não é?
e de doces de várias matizes
como uma palete de 
Van Goh ou Rembrandt
ou Malangatana
Como uma musica blues e jazz
samba ou morna
ou rock em roll
cabem todas as cores.
Cada uma com a sua dor
Preta pele, alma sem cor
Não a podes mudar. 
Essa é quem és: preta! preto!
Esse é quem és:mulato! mulata!
Na tua alma não cabem distinções
nem fronteiras, 
nem descriminações
Não a podes mudar. 
Muda sim o orgulho 
pela sua criação.
Que artista, que poeta
o criador
que te inventou assim
com tamanha imaginação!

Estão todos convidados para a exposição

quinta-feira, 26 de março de 2015

Atirei o pau à Dona Xica

A psicologia oferece um catálogo para comportamentos de pessoas chamadas "tóxicas". 
Vou escolher um ou dois para classificar quem "tomou" posse do "arco da governação" nos poucos anos desta jovem "coisa" democrática na velha república. 
Como o mundo é redondo e global, e, nós apenas somos bons alunos, vou buscar o exemplo de quem de facto manda em nós.
Depois é só copiar e colar. Extrapolando.

Esta reflexão um pouco indigesta tem apenas um intuito: sussurrar ao ouvido de incautos ainda na forma do bolo dormir e obedecer, na qual foram encaixotados e programados, que o tempo se esgotou.
A Revolução industrial com o seu conjunto de mudanças trouxe uma transformação radical na organização das sociedades e do trabalho.
De cidadãos passámos a contribuintes em menos de 200 anos. De direito em direito, perdemos o do lazer e da cultura e ganhámos o direito às 40 horas semanais e ao salário mínimo. Até regressar à escravatura antes da mencionada Revolução.
Encaixaram-nos em jaulas programadas e deram-nos tarefas e funções. Encaixaram-nos em salas de aulas com programas formatados para nos lavar o cérebro. 
Parabéns às mentes geniais. Fomos todos lobotomizados com sucesso.
E é aqui que entram as categorias da psicologia dos activos tóxicos capitalizados na figura da Dona Xica (nós) que hoje quero expor:

O gato: 
Não são os que atiram o pau ao gato para o matar. São os que querem matar a dona Xica. Essa desgraçada assustadiça que ganha uma pensão miserável e trabalhou desde os 10 anos. 

Na mente deste tipo tóxico a história é pensada: vai morrer, quanto mais cedo melhor, já que por azar agora vive-se até mais tarde (deveriam tornar lei a eutanásia quem sabe, oferecer-se-iam mais ao sacrifício de não dar mais despesa). Vamos fazer sofrer e preparar uma vingança, como cortar lentamente apoios, por exemplo. Entretanto fazem uma cagadela nos sapatos da dona Xica. Só para ela não ter dúvidas sobre quem manda no pedaço. Assim fazem os gatos. Preparam silenciosamente vinganças contra o dono, se se chateiam com eles.

A âncora: 
Na mente deste tipo tóxico, infeliz e sem amor, existe uma ideia: a dona xica tem de ir ao fundo, lá onde ele próprio se encontra e quer que ela lá fique. Agarra-se ao pescoço dela, puxando-a para baixo, não a deixando respirar. 
Mesmo que tentemos manter-nos à tona, lá vem a âncora com mais um puxão. Essa é a missão de qualquer âncora. 

A lanterna:
Na mente doentia e tóxica deste ser, apontar a luz directa nos olhos da dona xica, no escuro, encandeá-la e cegá-la é o objectivo. Enquanto aponta a luz vai-lhe dizendo o quanto ele é idiota, piegas, gastadora, irresponsável, férias na Dominicana all inclusive, sofás no Ikea, a juntar-lhe os pecados da Humanidade, que Cristo já penitenciou quando carregou a cruz por nós. Tudo para a distrair de voltar a lanterna contra si próprio e descobrir as falhas deste ser tóxico. 

Gostaria de os expor mais mas creio que nem preciso. Somos todos a dona xica, sabemos o que é ter um gato destes, uma âncora e uma lanterna nas nossas vidas. 

Lavaram-nos o cérebro, tiram-nos a vida, planeiam vinganças, puxam-nos para o fundo e só por via de uma lobotomização bem feita ainda resistimos cegos, sujos de cócó de gato e de mão dada com a âncora, sem virar as costas à declaração de guerra há muito declarada contra a vida da dona xica. Por quem lhe atirou todos os paus. Os tóxicos que matam.

Quando será que a dona xica em vez de assustada, atira mesmo um pau ao gato com direcção assistida -para matar-lhes ferra a âncora ao colarinho, para os afundar, e, não se deixa mais cegar?

Crescem as listas com nomes de gente tóxica. Guardo cofres cheios de pérolas deles e só peço aos deuses gregos que não se lembrem de multiplicar mais desta gente.

Eu cá vou dando berros!
Antes de dar o berro.


quarta-feira, 18 de março de 2015

"O capitalismo mata"

"O capitalismo mata"
Esta é a guerra em que estamos. 
Ditadores da finança aliados a ditadores do medo,
Atiram bombas chamadas dinheiro, distribuição desigual, 
corrupção. 
Com exércitos tão desiguais
sei que nesta guerra quem morre sou eu.
Sem pão.
Morrem todos os dias
os que nesta guerra têm apenas o corpo para se proteger
e nada mais sobra para dar
Contra as armas deles
apenas me sobram pedras.
Nas palavras
Com a força do meu corpo
e o grito da alma
as vou continuar a arremessar
até chegar o dia de ver
todos acordar
da desobediência à resistência
num combate contra os poucos que lucram
um só exército se levantar

quarta-feira, 11 de março de 2015

Igreja do Reino do cavaco vazio

27% dos eleitores portugueses votou no homem em retiro no sarcófago...
Ainda faltam trezentos e sessenta e picos dias para sair, se antes não cair da cadeira. 
Ainda no retiro de silêncio, na prática de meditação, antes da reforma, recolhendo-se a uma prática budista que terá aprendido quando o poço ainda não era fonte, desce-lhe a entidade do Messias suserano dos idiotas e escreve os termos de referência para os cargos de digestão da nação a suceder-lhe.
Uma Igreja será fundada ao final de 30 anos de reinado: 
-O Reino do Cavaco vazio. Fundado pelo Messias Aníbal (não é inspirador mas foi o melhor que arranjei. Não tenho culpa que o nome não inspire sequer o Espírito Santo)
Na sua meditação, deve ter sonhado que era um unicórnio e voava... 
Ou então que andava pelas Cruzadas a catequizar/degolar quem lhe atravessasse a fonte.
Nesses termos de referência, qualquer português se encaixa. 
Podem ser encontrados a beber a bica ou a a discutir soluções no café da esquina.  
Podem ser encontrados nos vários países do mundo, com experiência em viagens ao exterior, em culturas diversas, em políticas de cada Nação, em regras e deontologia, até em emigração (inclui-se o estudo do livro:como tornar-se um bom emigrante fora da sua zona de conforto). 
O que não nos falta é gente viajada e a viver no estrangeiro
Não é assim tão complicado seguir as instruções do suserano. 
Até eu posso. Só não me candidato porque andei a receber o RSI quando era uma calona e ainda não acabei a licenciatura. Quando descobrissem lá tinha eu de ir fazer-me piegas para obter umas equivalências e se calhar ainda tinha que me demitir. Ou talvez não...
Mas há alguns portugueses que preenchem os requisitos e estão já na bicha à espera...
Para estar no lugar, basta observar quem lá está agora (no poder quero eu dizer) incluindo o exemplo de onde brota tanta sabedoria. Basta seguir-lhes os exemplos. 
Não sei fazer futurologia mas era capaz de adivinhar que para a História estas pérolas de sapiência tornar-se-ão virais nas páginas de homens inspiradores nas redes sociais do futuro.
Se não fosse um país com pessoas reais eu inspirava-me a fazer sketches de momentos verdadeiramente Monty Phyton.
Como os candidatos que se perfilam são todos maus, mal por mal, pedia ao Professor Doutor Messias inspirador: vá...deixe-se ficar. 
Silêncio, inacção,saloiice, falta de cultura, sonsice e cheiro a putrefacção, são os termos de referência por si escolhidos para si próprio, para quê então gastar dinheiro em eleições e mudar? Até a Maria já sabe o lugar das chávenas na cozinha quando lhe vai mudar o formol.
Fique lá pelos anexos que a reforma é pequena e nós não a queremos. Transformamos Belém num museu, coberto de naperons feitos com as suas passas favoritas, feitos pela Joanita, e, poupamos imenso dinheiro na Representação Nacional. Assim como assim, consigo nunca serviu para nada.

Assino todas as petições para os ajudar a cair todos da cadeira. 
E se pudesse, fechá-los-ia no forte de Caxias.

domingo, 8 de março de 2015

Todas as mulheres: Mulher e amor


Para um dia qualquer, porque cada dia é dia de cada mulher se amar,
Porque cada dia é dia para homens amarem as mulheres
A tradição não pode continuar a ser feita de véus
que cobrem a falta de amor,
a falta de iguais oportunidades, de direitos.
Direito de sermos árvores com os labirintos intrincados de ramos, folhas, raízes e cascas.
E liberdade de nos fixarmos no lugar onde brota a nossa essência: amor contrário a opressão.
Mulher e amor: um trabalho.
Para o qual não nos candidatámos, não procurámos, não fomos contratados.
Estamos vestidas dessa vida e a ela nos entregamos.
Temos o direito de a viver sem medo de ser mulher. Temos a obrigação de cumprir a vida em liberdade.
Temos o direito de nos sentirmos felizes na casca com que nascemos.
Temos que ensinar os nossos filhos homens que a única tradição que devem cumprir, envolve o trabalho de se unirem no amor pelas mulheres.
Temos que ensinar as nossas filhas que a única tradição que devem cumprir envolve o trabalho do amor por quem somos.
Temos que ensinar as nossas filhas que não nascemos para dar felicidade a nenhum homem. Somos a felicidade para toda a humanidade.
Temos que ensinar as nossas filhas que não nascemos para ser exclusivamente objecto de prazer de nenhuma sociedade, grupo, ou indivíduo. Somos a sociedade. Somos o grupo. Somos indivíduo.
Temos que ensinar que o nosso papel não é de competirmos entre nós mulheres e com os homens, por um trabalho, dinheiro, um lugar de relevo, ou até um amor.

Mulher é amor. É ser nutriente,
É ser sangue fluído,
É ser murmúrio da terra,
É ser cascata de água,
É ser sussurro do vento,
É ser a asa de uma folha,
É ser canto de rouxinol,
É ser luz de narcisos,
É ser brilho de rosa.
É ser una e indivisível

É ser a árvore que alberga todos os ramos.

sexta-feira, 6 de março de 2015

BASTA- Contra a violência doméstica

BASTA
Violência doméstica
Em legítima defesa…
Quase em poesia …
Uma história de violência:
Prometo amar-te…
Até que a morte nos separe!
Diz o marido à mulher,
antes de a violar, maltratar e…matar.
A violência no casamento
nascida de profundos complexos de inferioridade
dos que ignoram por dolo ou negligência, o direito à vida
Que levam uma alma a partir de si
A ir sem mais poder regressar. Da vida.
Que roubam o direito de rir.
De amar e de se dar.
De poesia escrever.
Roubam o direito de cultivar a terra
E com a imaginação a arar,
para ver sementes sadias nascer.
Roubam valores sagrados:
o amor, a esperança, a dignidade, a bondade, a espiritualidade.
Pois conheço uma solução:
Faço o que tenho de fazer,
não largarei as canelas de quem há muito
perdeu a graça com tamanha negação
ou nunca a teve.
E quer continuar inferiorizado.
atolado no seu campo de guerra
refugiado.
Ofereço-lhes lágrimas
saídas de um estômago em convulsão pelas gargalhadas.
Mesmo que em agonia
a quem me escraviza e me dominam através do medo, do terror.
Com o ódio insano pela minha existência
Com a violenta insanidade
de me querer arrastar para o delírio,
contrário ao terno que a vida pode ser?
Morrerei sim
Mas depois de me defender
Utopia !?
Sim, no caminho para o meu encontro com ela,
o meu destino final, o meu sentido a minha direcção,
apenas com o amor que carrego no ventre da minha humanidade,
contra a desumanização
contra a imitação de comportamentos grotescos
que não me conduzem à evolução
Viverei para matar a violência e a morte gratuita.
Prometo sim, nunca vos matar com uma bala
Do lodo nutrido pela água e pela terra,
trazendo apenas o amor de uma gota do oceano
Eu mulher vitima de violência
sou todas as gotas do oceano feitas vida
Com as palavras
que a inspiração me depositar num cesto,
na minha janela
em nome de um
por um todo comum,
visto-me com o gorro do fanatismo da bondade,
calço-me de paixão pela justiça,
junto-lhe as luvas do extremismo da compaixão
e combaterei
defenderei a liberdade, o riso, a vida,
De pé,
em legítima defesa.
Contra a violência
“Só há uma maneira de comer um elefante: um pedaço de cada vez” ditado africano. Cada acção por mais insignificante que seja, conta para que aconteça uma mudança.
Pintura de Sidney Cerqueira. Para acabar de vez com a violência doméstica

quinta-feira, 5 de março de 2015

"Povo que lavas no rio"

Minha adaptação ao fado,
Anibal, Pedro, Paulo, Ricardo, Zeinal, Jerónimo, Henrique, Américo, José, António...
Gente sem altura
que na mesma cama comigo não se deita
que com um pá cava fundo na terra
para enterrar o povo da minha Nação
colocando com as sua próprias mãos
as tábuas de cada caixão
Com dignidade me defendo,
podem tudo vender
pode haver quem compre todo o meu chão sagrado
mas a minha vida não

Povo quo vadis?

Últimas da ciência: 
descoberto sarcófago com múmias cobertas por alcatrão e penas em Belém, ali para os lados dos Jerónimos,razão pela qual o Professor onde Pedro foi beber sabedoria, não se pronuncia.
Encontrada inscrição: "o silêncio é de ouro". Aqui jaz quem acreditou sempre que o impossível não existe: Krateo (do grego= eu domino). 
A dominar este fado por mais de 30 anos.
Pode ser que mais uma vez os pindéricos se esqueçam e deixem passar...



terça-feira, 3 de março de 2015

Fábula para crianças

O Coelho indignado diz para a Alice: sabes Alice, cidadã do meu país, enquanto nesse mundo cruel e desumano em que vives, os ricos, os bancos, os ceo´s e ddt´s não pagarem impostos como os que menos têm, eu recuso-me a pagar as minhas obrigações contributivas e fiscais. Sou apenas um pobre coelho. Levem-me preso se quiserem, mas não pago. Não é justo! Se me chatearem digo que me esqueci ou que não sabia, tanto faz. Ou faço como a lebre rapidamente faço desaparecer por entre portas e travessas o que quer que seja que me incrimine. Eu hem...Malandros esses do mundo desmaravilhado, Alice, suspirou o Coelho, sentindo-se piegas, seguindo para dentro do buraco para ir fazer queixa à rainha de copas sobre as injustiças do reino que pendiam contra si...

domingo, 1 de março de 2015

Irrevogavelmente contra


O país (que são as pessoas) não aguenta tanta "normalidade" na extorsão e usura em livre-trânsito, sem ir parar numa cadeia que venha a ser Património da memória da Humanidade.

Somos um reino de trogloditas  jactantes cegos, surdos, mudos e condecorados por trogloditas jactantes cegos, surdos e mudos que cumprem bem a missão a que chamarei trogloditismo premeditado, eficaz e sem falhas. A missão de destruir um país e fingir que se veio só assistir à jogada é sim possível. Um jogo de lerpa fácil.
Com a entrada no Euro sem referendo nem licença, de onde a saída se tornou inevitável (quero dizer mesmo irrevogável,  e, apenas se adia a data), atiraram um milhito aos pardalitos para se calarem contentes. Atiraram uns bifes às onças e raposas para deixarem as portas do galinheiro abertas.
E com esta fábula venceram.
Como é inevitável e óbvio (espero que a nação não se veja atacada por Alzheimer à semelhança dos palhaços de serviço) e que nenhum ps com ou sem d, ou esta coligação tenha possibilidades de se voltar a sentar no poder tão depressa, espero que todos caiam da cadeira.

Para todos eles passou a ser normal serem cegos, surdos e mudos sobre as suas próprias acções, dívidas, recebimentos e outras nobres manipulações que nos conduziram onde estamos.

É certamente para crianças a fábula, que nada tem de maravilha, onde coelhos e mais bicharada se atropelam em dislates: "não me lembro se recebi, não me lembro se fiz, se me disseram, não paguei porque não fui notificado, esqueci-me de pagar" ...

Ainda tenho esperança que um estúdio de cinema pegue nos argumentos produto da imaginação destes criativos empreendedores nas figuras de presidentes, ministros, ceo´s, conselheiros, políticos, deputados, banksters e comerciantes.

Estas onças, raposas e abutres apenas verborreiam barbaridades e anormalidades. E gostam de ser mais papistas que o Papa. Ou seja, mais alemães que o governo alemão.
Dito à maneira africana : culambistas.


Da minha avó ouvi e interiorizei o ditado : "quanto mais nos baixamos, mais o cu aparece". O nosso há muito que está totalmente descarado.

Importante aprender sobre esta lição.

Obrigada Drª Raquel Varela, por ser mais uma voz a dar uma voz pedagógica. Que nos anda a ensinar História e outros assuntos (retirei este artigo do facebook da Drª Raquel Varela)

"Aqueles que têm medo de sair do euro - ou, para sermos mais exactos, acham que adiar esse facto inevitável é menos mau do que sair já (eu sou dos que pensa quequanto mais tarde colapsar o euro, que é inevitável, maior vai ser o problema porque até lá vai-se destruir ainda mais os países do sul), deveriam saber que nós não estamos bem no Euro, estamos num marco não flutuante. Aliás, as nossas notas de euro não são iguais às notas de euro dos outros países, nem as moedas (mas isso é visível a olho nu). O euro permite à Alemanha exportar, com o dobro da nossa produtividade que tem, para países com moedas fracas, seria impossível à Alemanha manter de outra forma a sua politica exportadora. O Euro é um marco alemão, só que é não flutuante. E as notas estão todas numeradas, de tal forma que o que está na nossa mão tem um outro "valor" real. Não vale sequer a pena guardarem as ditas no colchão porque quando o euro rebentar, numa próxima crise cíclica porventura, o que vamos ter é "escudos", "dracmas", porque está lá na nota um numerozinho que faz corresponder o papel ao valor real da produtividade de um país baseado numa escolha politica que promove o desemprego, os baixos salários e a concentração de riqueza. A União Europeia tens este nome simpático, a que associamos o fim da autarcia, mas quem defende uma Europa Unida hoje não pode defender nem o Euro nem a União Europeia porque esta união é a mais acirrada competição de povos que existe neste velho continente desde 39. Na verdade a UE está a isolar-nos da Europa a uma velocidade regressiva tão elevada que temos dificuldade em olhar todos os dias o que nos afasta cada vez mais da Europa, com que sonhamos, e ainda bem, viver em paz e em cooperação, livres entre iguais. E é possível fazê-lo, mas terá que ser pelo lado dos povos. Será impossível pela mão do BCE e dos Governos europeus.
Ler mais: http://bancario.pt/historia-do-euro/#ixzz3StMv00FO
«Notas de euro portuguesas
Contrariamente às moedas de euro que possuem reversos característicos de cada país, as notas são homogéneas em todas as nações que aderiram à divisa única, havendo apenas uma simples identificação do território que as colocou em circulação no código gravado em cada uma das notas emitidas.
Não obstante da inexistência de versos particulares de cada elemento da Zona Euro, um outro aspecto fundamental para a aceitação das condições que permitiram implementar a moeda comum foi a gestão de valores, controlada pelo Banco Central Europeu (BCE), instituição a quem compete vigiar as emissões, sobretudo de notas, pois é relativamente a estas que existem mais restrições para evitar a contrafacção.
Segundo o acordo ainda vigente, as notas de quantias maiores só podem ser emitas por nações com economias prósperas e fortes índices nesta área, mas principalmente quando esse critério se articula com os salários médios nacionais. Quer isto dizer que a produção de determinados valores está vedada a certos países, sendo que no caso de Portugal a limitação é face às notas de 200 e 500 euros, as quais não podem ser emitidas neste momento sob as insígnias da República Portuguesa.
Quanto à circulação, não existem restrições territoriais, o que significa que também nos países sem direito à emissão de algumas notas aquelas são válidas, assim como nos três Estados do Velho Continente que possuem acordos para a utilização da divisa única (Andorra, Kosovo, Mónaco, Montenegro, São Marinho e Vaticano). Desta forma, mesmo com a limitação supra-mencionada o seu valor real mantém-se igual em qualquer das nações que tenha aderido à divisa comum.»"