Na sua longa caminhada com a liberdade, encontrou finalmente a paz. É energia
pura. Como foi a sua energia em vida.
Que tocou todos colectivamente e cada um como indivíduo.
Disse e fez exemplarmente tudo o que a Humanidade precisava e precisa para
se redimir. Desesperadamente.
É a nossa consciência colectiva.
Um Homem transcendente e Universal. Não um Deus perfeito, mas um Homem com
H de Herói.
O que o ser humano tem que se aproxima de um Ideal. Tão raro quanto os seus
ideais pareciam impossíveis.
Tornou-os realidade porque nunca deixou de acreditar. Lutou com armas, com
astúcia e inteligência, com o carácter, com as palavras e sobretudo com o
coração.
Não tenho ídolos, mas tenho heróis que guardo no coração. Que me servem de
exemplo. Biko e Mandela fazem parte desse grupo restrito de Homens.
Hoje a RSA está dividida, em conflito e não sanou as suas graves divisões.
Não é uma só Nação. Mas que a vida do Madiba seja o exemplo em direcção à
reconstrução de um país que adoro.
Que os valores que praticou sejam também exemplos para a Humanidade. A
união, a reconciliação, a justiça, a educação.
Mandela sonhava com a liberdade na sua terra África do Sul. Viu-a, sentiu-a,
fê-la ser livre.
Um dia a humanidade será livre. Até lá não podemos descansar.
Escrevi este texto quando o Madiba ficou muito doente já este ano e ninguém
contava com a sua recuperação. Mas ele ainda não tinha terminado a sua luta.
Agora deu-a como concluída. Juntou-se a Steven Biko e a Oliver Tambo. Os seus
heróis a quem ele sempre agradeceu.
Precisamos de nos relembrar com frequência de Spartacus,
Úrsula, Django, Rosa Parks, Luther King, Biko, Mandela, Waris Dirie, Gandhi,
Cabral, Anne Frank… (reticências porque a lista não tem fim entre vivos e
desaparecidos, entre mais antigos e contemporâneos, anónimos e conhecidos).
Uns são mais conhecidos que outros. Milhares totalmente
anónimos. Uns mais sofridos que outros. São apenas alguns, no meio de milhares
de desconhecidos. Mas todos têm algo em comum. Foram a consequência. De más
acções do Homem.
Acções que determinaram a nossa História.
São também a nossa consciência colectiva. São as nossas
referências. Do mundo como foi. E de como é hoje. Do que conquistámos e do que
involuímos.
Estes homens e mulheres sofreram na 1ªpessoa por aquilo que
os seus pares da raça humana decidiram, em diversos períodos negros (porque
isentos de luz), na História Universal.
Mas fizeram também parte da acção. Individualmente reagiram
em nome do colectivo. Por eles o colectivo progrediu. Por eles o mundo
tornou-se mais rico em valores. A raça humana é descendente destes homens e
mulheres. E de tantos outros como eles. Que merecem ser lembrados. Foram
vítimas. Involuntárias.
Foram obrigados a acatar as ideologias das várias épocas
através dos 3 D´s:
Domínio, Diferença, Descriminação.
E um E- Exclusão através de um R- Repressão!
Através da imposição da política dos 3 P´s: Pano (para
vestir),Pão (para aguentarem o trabalho), Pau (para andarem na linha). Os D´s e
os P´s foram apenas tendo nuances ao longo da História.
Foram escravizados, colonizados, excisadas, reprimidos,
brutalizados, segregados, porque assim foi decretado e imposto por homens que
fazem leis e inventam princípios religiosos com o objectivo de fazer cumprir
desígnios que Darwin avançou sobre a espécie humana. A imposição da lei do mais
forte. Mas contra natura. Através da visão mais distorcida da espécie.
Por ganância, poder e egoísmo em todos os casos. E índices
anormalmente elevados de testosterona. Ontem como hoje temos outros decretos e
imposições vindas nos nossos pares. Pelas mesmas razões.
Individualmente não se deixaram dominar, adaptar ou perder a
consciência. Foram mais longe, por amor aos outros. Para libertar o colectivo de
decretos e imposições.
Ainda no meu tempo, gostava que reinventássemos estes homens
e mulheres, modelos e referências do nosso passado e que nos fizeram evoluir. O
medo não os dominava. Talvez tivessem medo de não serem suficientemente fortes,
mas nunca o medo de não tentarem. A passividade nunca levou nenhum homem a
evoluir. O seu contrário sim.
Reinventemos e respeitemos as memórias de quem defendeu os
direitos universais. Por obrigação moral colectiva. Porque morremos como
indivíduos se não tentarmos.
Individualmente a bem do colectivo e com este, chegámos à
Constituição da Carta Universal dos Direitos do Homem.
Por esta memória, por nós, por quem está mais vulnerável. Não
permitamos que homens de má-fé e mais fracos, porque precisam de decretos e imposições
para dominar, se sobreponham aqueles que sendo mais fortes de espírito, se
percepcionam como mais fracos.
O que é conquistado por apenas um indivíduo tem o esforço, a
memória e o modelo do colectivo. E, nenhum colectivo atinge a evolução sem o
esforço, a determinação, a coragem e a memória vinda de um modelo de alguém que
um dia rompeu com imposições decretadas.
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