Na espuma dos nossos dias
Antes que um grupelho de aves de rapina nos diga que o direito à vida não é
nem universal nem inalienável, tornemo-nos melhores e saíamos da nossa zona de
conforto, como se diz por aí.
Martin L. King temia o “silêncio dos bons” e neste momento os “bons” somos
todos nós.
São aqueles que comem, calam e ainda aguentam. São aqueles que não saem da
sua zona de conforto, seja lá onde ela for e se vendem por 20 dinheiros, ou um
prato de lentilhas.
Ou nem se vendem. Pior. Ficam quietos e fazem tudo o que parece “certinho”.
Na sociedade escrava com assalariados do século XXI, neste novo regime que
irá ser conhecido na História como o tempo das lâmpadas fundidas, por oposição
ao Iluminismo, ser certinho e pagar os impostos, usar os bancos, dizer que sim às
chicotadas do patrão, consumir desenfreadamente (quando se pode), deixarmo-nos
seduzir por canudos que nada valem, sem procurarmos conhecimentos e educação
verdadeiros e tantas outras seduções e manipulações a que nos acorrentamos, é
estar numa zona de conforto da qual temos de nos libertar.
Os crápulas sabem que nem precisam de mandar os novos condenados para câmaras
de gás.
Basta que façamos o que nos conduzem a ser: obedientes cegos, surdos e
mudos.
Eles conseguem ser livres e fazer de nós os seus escravos. Sem distinção de
cor, idade, género ou credo.
Precisamos elevar o nosso planeta a património da humanidade e a raça
humana a nobel da evol-ução. Ou Love-ução.
A arte, a cultura, a educação, o conhecimento, dão-nos chão para nos
libertarmos.
Para cultivarmos raízes profundas nas nossas consciências. Por isso os
canalhas lhes largam fogo. Por isso não as deixam medrar.
Se não sairmos das nossas zonas de conforto, bloqueando e burlando o
sistema, não fazendo as coisas direitinhas como eles esperam de nós.
Se não subvertermos o sistema e nos rebelarmos contra os canalhas, seremos
engolidos pelo fogo. De uma câmara de gás moderna.
Talvez seja até necessário Grandolar ao estilo de algum inverno grego ou
turco. Ou Islandês.
Precisamos de deixar de estar presos no silêncio. Sair das nossas zonas de
conforto. Sobretudo as que residem nas nossas mentes.
Na fina linha que separa as nossas vidas escravas da liberdade.
A espécie está longe da perfeição mas nasceu livre e, não quero com o
silêncio, um dia, dar razão a que se pode tirar a espécie das trevas, mas não se
pode tirar as trevas da espécie.
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