Na
espuma dos nossos dias
No
final do Século XVIII aí pelos anos 1792 e adentrando-se no séc. XIX (entre
1826 até 1888 da Inglaterra aos Estados Unidos, a Portugal até chegar ao
Brasil) aconteceu a abolição da escravatura.
Tal como regimes posteriores
decretados na lei, como o apartheid, este regime foi das piores vergonhas
criados pelo Homem contra o seu semelhante.
Imaginem
os dias desses tempos. As longas e cansativas reuniões que decorreram ao longo
dos anos, entre quem estava no poder nos diversos países, sobretudo nos Quartéis-generais
das “democracias” decisoras de todo o processo de libertação:Inglaterra e
Estados Unidos. No parlamento e senado.
De
longas casacas, fumando charutos enrolados por escravos nas plantações de
tabaco em Cuba, com lenços de algodão e seda, feitos por escravos na India, na
América, bebendo chás adocicados com o açucar extraído por escravos, vindo de
África e do Brasil, pensavam no futuro da humanidade.
E
agora que fazemos com esta gente? Tanta gente livre, tanta terra para ser
trabalhada e nós precisamos de manter o status. E, esta porcaria que inventaram
da democracia??
Grande
gargalhada em uníssono foi ouvida da sala de reuniões. Que chatice, tantos incómodos.
Cada um de nós é um incómodo que eles, desde há uns séculos.
Como
é que os iriam manter escravos dando-lhes liberdade, sem que o percebessem?
Esta foi a equação que tinham para resolver sobre os empecilhos.
Decidiram
que os tinham de convencer a cair numa armadilha encapotada de bem estar.
Ficarem em dívida criando vícios, hábitos, atitudes e crenças de que esse bem
estar viria de consumirem mercadorias e produtos que não precisavam, mas com
boas campanhas de propaganda, seriam levados por esse caminho. Para os terem,
teriam de os comprar e mais tarde ou mais cedo ficar em dívida.
Era
importante ter meias de seda. E não ver o resto. Era importante distrair-se com
o futebol e não ver o resto.
Assim
nascemos nós, os escravos sucessores destes, passados uns séculos. Depois da 1ª
GM conseguiram-se vários direitos, formaram-se sindicatos, as mulheres
começaram a ter algum poder. Já não era possível pela força. Até que chegou
Hitler.
Através
do que se chamava propaganda e hoje é denominado “liberdade de imprensa”,
marketing, relações públicas para contornar os direitos de novo conquistados no
final da 2ªGM.
Os
decisores que pensam por nós, tomam conta das nossas vidas e do que melhor nos
serve, têm esta forma de pensar conforme nos recorda Noam Chomsky sobre a nova
escravatura. Imagino uma conversa entre estes “responsáveis democratas”:
“-Esta
gente tem demasiados direitos. Têm de ser colocados no seu lugar. O rebanho ou
a população ignorante tem de ser apenas espectador e não participante.
-Temos
que os direccionar para as coisas superficiais da vida. Desta forma a
ignorância torna-se norma. Se nós grupo de responsáveis e decisores, não os podemos
controlar pela força, temos de os controlar pelas atitudes e crenças. Para seu
próprio bem naturalmente.
-Temos
que tirar esta gente do caminho, para que não interfiram. Temos que dar a esta
gente ilusões de necessidade, emocionalmente potentes, e controlá-los através do
medo ou teremos o demónio da democracia a afrontar-nos”.
Parece
que os estou a ver a falar. Ou não estaríamos aqui hoje a ver o carnaval, a
páscoa e o festival a passar, a bola a rolar, a casa a entregar ao banco, as
low cost a levantar com trabalhadores low cost a partir e nós com a meia de
seda rota na rua a pedir.
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