Na espuma dos
nossos dias
Quando se banaliza
a violência nasce o caos, que vem da cegueira de não vermos o óbvio e deixarmos
o caos instalar-se.
E, nascem iluminados que brotam da terra com pérolas de sabedoria retiradas de uma qualquer página do facebook que se poderia chamar ” se não fosses acéfalo o que querias ser?”como por exemplo o secretário –geral da empresa de Águas-Epal José Manuel Zenha que perante os "a atrasos reiterados" no pagamento das faturas, considera que "ninguém vai morrer à míngua por não ter água em casa e há muitos fontanários e chafarizes públicos na cidade” (in Expresso) http://m.expresso.sapo.pt/inicio/modal/destaques/artigo/861968
Felizmente também
choveu muito este inverno e as pessoas deviam ter comprado bacias nos chineses
e feito as suas reservas de água. Não se preveniram, tivessem-se prevenido.
Digo eu que também não me preveni.
Maria Antonieta mandou
o povo comer brioches. Não tinham pão mas cortaram-lhe a cabeça.
Só falta alguém criar uma ong para apoio aos pobres e víctimas Duarte Lima, ao Oliveira e Costa, Isaltino e quejandos.
Entre os muitos de
várias idades que são obrigados a sair e a deixar filhos,pais,netos,amigos
porque não se sobrevive por cá, presos que estamos ao dinheiro, há uns, mais
iguais que outros, com poder, com ou sem aspas, que acordam e nem se dão conta
que há um espaço vazio no lugar do cérebro. Mas não perdem a fala e despejam
litradas de diarreia.
Vou continuar a escrever
para que ninguém se esqueça de todos os que saiem, dos que nada têm, dos que
nem podem honrar os seus compromissos essenciais. Tal como a conta da água.
Como o amor, essencial à vida. Porque também acredito que este país tem coisas e
gente fantásticas para se gostar dele e para se viver aqui.
O extermínio de
velhos e novos, de todas as cores, etnias e orientações sexuais, está aí a
acontecer, num grande campo de concentração chamada Europa. Continente de duas
Guerras Mundiais. De guerras permanentes. Onde nasceram também grandes civilizações.
Onde surgiu o Renascimento. As luzes, a democracia, a liberdade. Os direitos
humanos.
Por favor, não se
esqueçam. Vivemos no meio de um roubo de porta aberta à vista de todos. Com uma
dívida inventada e impagável. Odiosa em todos os sentidos da palavra.
A morte não é na câmara
de gás é através da falta de água, saúde, educação, justiça, trabalho, casa.
Lenta e violentamente chegamos à morte. Não é inteligente?
Se fosse para ir a um
clássico de futebol, a pagar, o estádio encher-se-ia com gente feliz aos pulos
e gritos. E se o árbitro por azar tem um deslize,recebe ameaças de morte e manda
a sua mãe tapar os ouvidos. No estádio, faz-se a catarse.
Como se trata da
saída, separação e a morte de cidadãos inteligentes, capazes, instruídos, produtivos
ou dependentes mas que já deram o seu contributo, aceitamos sem mais problemas
de consciência e vamos ao estádio vociferar contra a mãe do árbitro. Que se
calhar vive com 300€, e, nem tem dinheiro para a água que consome. Tudo isto
sem criarmos “A Resistência” e a Desobediência Civil.
Vou propor aos
grandes clubes nacionais que se organizem para um jogo de beneficência, gratuito,
em nome do país e dos direitos humanos, só para chamarem 80 mil pessoas ao
estádio e só de lá saírem quando se juntarem outras tantas e outras tantas, até
que caia a podridão deste sistema de árbitros e dirigentes corruptos e ladrões.
Estou a falar de política e não de futebol. De outros árbitros. O futebol serve-me
apenas de isco,naturalmente.
Eu só consigo mudar
alguma coisa se me mudar primeiro e tomar consciência. Escrevo para me mudar e
se puder, trazer ao colectivo a minha força individual.
Não precisamos que
nos controlem. Porque somos poderosos como grupo e como indivíduos e por isso
somos controlados.
Não conseguimos ver
esta verdade tão óbvia e começar a “cortar cabeças”?
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