O feitiço do
amor,
Sou esquisita e
estranha. Como tu e tu.
Quem sabe
enfeitiçada.
Hoje vou
escrever sobre feitiços. Esquisitos e estranhos.
O maior da vida.
Aquele de que todos falam.
Aquele que nos
esquisita e estranha.
Nos inquisita e
se entranha.
Aquele que nos
impõe condições:
-ser-lhe
incondicionalmente fiel e servil.
Que se vira
sempre, a favor de todos os feiticeiros:
-O Amor.
Falar e escrever
sobre ele é esquisito? Estranho?
Canções,
poesia,música, literatura, pintura, na sua maioria, são inspiradas e em nome do
amor.
Em todas as
formas de que se veste. Com alegria e na dor. No desespero e na felicidade.
Nasce,morre,
renasce, perpetua-se.
Infinito é a sua
forma verbal.
“Cartas de amor
são ridículas? Ridículo é quem nunca escreveu cartas de amor”.
Amamos os
amigos! Sem precisar de razões. Esquisito? Estranho?
Amamos até os
que não conhecemos mas com quem nos preocupamos porque nos fazem perceber que
fazemos parte da unimultiplicidade! Esquisito? Estranho?
Amamos os do
nosso sangue sem entender ou precisar de razões!? Estranho e esquisito!
Amamos os
amores. Não sabendo o que nos levou a transgredir todas as regras, a não ter
regras. A ter anarquia na alma. A ficar desembestados como bestas. Por alguém.
O amor é o único
direito que contém em si todos os direitos. Por ser o único que não conhece a
finitude.
É o único
direito que temos o dever de não perder.
Deixa memórias e
saudades inexplicáveis e envolventes.
É inexplicável e
envolvente, dure quanto durar.
Por inerência de
funções, o amor transforma.
Por ser
invulnerável, transforma-nos em seres vulneráveis, frágeis, generosos e
ilimitadamente poderosos.
Veste-nos com a
capa do poder de nos transformarmos, ao mundo à nossa volta, e para lá dele.
Por ser amor é
como a imaginação de uma criança.
Por ser amor,
não devemos parar de ser crianças.
Não questiona se
o queremos ou permitimos. É a essência que em nós reside.
É a fonte de
nutrição.
Um dever
sagrado. Impõe que o vivamos, independente da nossa vontade.
Sem ele a vida
cessa, mesmo que tentemos viver.
Como uma memória
de infância, um cheiro, uma imagem, um momento, uma emoção, um sentimento, ele
É:
sem sabermos as
razões, imprime-se como uma tatuagem na pele:
fica para
sempre.
O único direito
sem preconceito de cor,religião, sexo,idade,distância,etnia.
Por ser amor é
inclusivo. Invasivo. Inesquecível. Intrometido.Indiscreto.Íntimo. Inquebrável.
Indestrutível.
Por ser amor é
romântico, amigo, universal, uno.
Misterioso,
incerto, mágico e inexplicável. Sem disciplina.
Se resistimos,
ele persiste, não se importando com razões.
Se o
contestamos, impõe-se com maior ardor.
Se nos abandona
somos mar sem maré. Inexistentes.
Se o
abandonamos, somos lua sem sol. Noite sem dia.
Não nos permite
questionar as suas razões:
-quando a dúvida
se afirma, ele responde:
-porque sim!
Somos seres
diferentes antes de mergulharmos na sua tragédia e felicidade, e, depois que
dela emergimos.
E sempre
partimos em busca de nova tragédia e exaltação.
Num ciclo
infinito até quebrarmos a finitude da vida.
Humilhante seria
a vida sem a existência deste ciclo. Sem o dever de cumprir o único direito que
não sugere antes impõe-se como única escolha.
O único direito
a quem temos o dever de nos entregarmos. Ofereçamos-lhe tudo e ter-nos-emos
transformado em seres melhores, especiais,completos.
Porque ele é
tudo, é especial e é completo.
O amor faz a
criatividade manifestar-se em nós. Junta todos os fragmentos e pontos de um
enigma. Dá-lhe sentido, direcção, forma, conteúdo e unidade.
Obriga-nos a
exercê-lo. A colocá-lo em prática.
A finitude
existe para darmos valor à vida. O que dela fizermos é o que levamos connosco e
deixamos aqui com os outros.
Por ser amor é
infinito. Acompanha-nos para além de nós.
Quando deixamos
de ser. De estar presentes.
O amor grita
tranquilamente, a última chamada, para os passageiros, a embarcar na sua
viagem:
-todos os
recursos individuais devem ser colocados à minha disposição: emoções,
inteligência, criatividade, experiência, coragem, intensidade.
Estão
preparados?
Tratemos o amor
de maneira especial:
- façamos amor
com a vida e da vida façamos amor.
Com ou sem medo,
usemo-lo. Ele oferece-se, sem mais pedir.
É esquisito? É
estranho?
Não! Porque o
que nós usamos…
é tão só,
o feitiço que
ele nos lançou.