Por todos esses que não têm direito a voz e são
silenciados, é que eu tenho o dever de gritar.
É por falta de vontade dos senhores das guerras
que há caos, austeridade, miséria, escravatura e sofrimento. Tudo o resto é
“bullshit”.
Conseguimos aterrar em cometas e conseguimos
tudo o resto que queiramos. Dar luz, livros, lápis, comida, abrigo, fogo, ar,
água conforto a todos. Sem excepção, de qualidade, e, sustentável para o
planeta.
O caos está cá fora à minha volta, e há tanta
gente que não está bem. Que não tem qualquer possibilidade de conforto. Tem
falta do essencial. Para si e para a família.
Ou apenas para si, porque há muita gente só. Na
total solidão. Como se não bastasse a miséria. Ela vem carregada de solidão.
Alguns dizem-me: ”não há vítimas, escolheram
estas experiências.
Eu repito: foda-se isso é uma enorme treta!!
Alguém escolheu por nós que não íamos ter a
possibilidade de ter uma vida. Alguém roubou essa opção da lista de opções.
Roubou o trabalho, a casa, o tempo livre, o
dinheiro, a dignidade. Roubou grito eu!
Podemo-nos adaptar? Claro que sim, adaptamo-nos
a tudo como seres da natureza que somos.
Sobrevivemos e desenvolvemos formas de chegar
até onde estamos. Somos capazes de tudo. Bom e mau. Claro que nos adaptamos. É
possível viver com pouco? De forma simples? Que dê para todos? Claro que sim.
Mas não é sobreviver que vimos cá fazer. Nem
para isso evoluímos.
Não evoluímos para sermos roubados por uns
chicos-espertos bem vestidos.
Digo eu que quero ter o tempo e a opção de não
correr 12 horas por dia no trânsito, no cansaço, no caos, no desgaste desnecessário
à vida humana, para poder pensar, criar, escrever ou qualquer outra escolha.
Para isso, neste momento, preciso de ter
dinheiro e ter o que preciso para viver com dignidade: abrigo, fogo, ar, água,
alimento. E essa dignidade roubam-me todos os dias.
Alguém ligou o botão para aumentar a velocidade
das mudanças. Nos relacionamentos entre pessoas. Com a matéria. Com a natureza.
Tudo se degrada rapidamente.
Talvez ao chegar à profundidade do caos,
aconteça um choque e dele se acenda a lâmpada necessária.
Tantos seres dependentes da boa vontade, da
solidariedade. Do amor que uns têm pela Humanidade. Porque é o amor que falta,
para oferecer o essencial a quem tem o direito de o ter.
Para esses muitos, infelizmente muitos, tenho o
dever, de dar o pouco da paz que tenho cá dentro, fora do caos cá fora à nossa
volta.
Os senhores das guerras são os ladrões. Os que
escolhem vestir um fato de guife e
sentar-se em cadeiras de design de autor,
com o poder adquirido por manipulação.
Os que determinam onde, quando e quem armar e
investir para a guerra, seja ela qual for, depois de criarem condições para
arranjar os cordeiros que morram nas guerras deles.
É assim em Israel, na Palestina, no
Afeganistão, no Iraque, em vários países de África, no México, na Europa.
É nelas que podem mostrar o poder da
testosterona e das suas psicopatias e arrastarem os que se precisam de
alimentar do poder.
Com o dedo médio levantado digo: por mais
voltas que consigam dar, não devemos nada a ninguém, não vivemos acima das
possibilidades, não vimos ao mundo para sermos vítimas, não vimos ao mundo para
nos roubarem as vidas.
Parem de criar (sim criar, inventar)
constantemente novos inimigos para nos amedrontar.
Parem de os subsidiar, armar, alimentar,
ensaiar e dar palco.
Nas guerras e no poder, os ladrões são
pirómanos e bombeiros em simultâneo. E vestem Prada.
Por todos os que não têm direito a voz e são
silenciados é que eu tenho o dever de gritar.
Deixo uma anedota anónima:
Passos
– Paulo, quantos morreram com a legionela?
Paulo –
Nove , Pedro.
Passos –
Só? ... temos de zelar pelo cumprimento do deficit !
Paulo –
Pois, mas foi só em Vila Franca.
Passos - Os
nossos estrategas, e Moreira da Silva acham que podíamos colocar
legionelas nos repuxos, mas só onde não haja turistas por causa do Pires de
Lima.
Paulo
– E se fosse no Natal, quando eles andarem distraídos com as compras ?...
– Quanto acha que isso vai reduzir no
deficit?
Passos – A Maria Luís fez as contas e disse-me que
se morrerem mais 50.000 velhos e tipos sem-abrigo poupamos 280 milhões.
Paulo – Descontou os subsídios de funeral ?
Passos – Nada disso, a Maria Luís e o Mota Soares
vão acabar com esses luxos. Não convém falar disto ao Machete nem ao Pires de
Lima, pode sair asneira...
O Mota Soares até pode facilitar isto...
Paulo – Diga, estou curioso!
Passos
– Sugere ao Inatel excursões de reformados a Vila Franca, incluindo estadas em
hotéis com serviço de sauna e jacuzzi.
Para
despistar passarão grande parte do dia em grandes superfícies.
Paulo – Boa !
Passos
– Para terminar – talvez se consiga arranjar um conflito com médicos e
enfermeiros de modo a estarem em greve e podermos ainda entalar as Ordens deles.
Paulo
– Vai dar-se um jeito.
Passos
– O Aguiar Branco aparecerá a dizer que temos provas de sabotagem, os aviões
russos que passaram por aí espalharam bactérias de legionelas.
Paulo
– E provas?
Passos
– Faço como o Barroso no Iraque, digo que os americanos me mostraram provas
concretas !