terça-feira, 29 de abril de 2014

Amor pela dança - Dia mundial da dança



Disseste que deixaste de estar apaixonado por mim? Li-te quando me olhaste sem ver, que a vida para ti se tornou longa de mais ao meu lado. É o fim da coreografia que criámos juntos. Como é que é possível? Anteontem o nosso amor era puro. Ontem seguíamos à risca as palavras do coreógrafo e nem sabíamos a força que este amor tinha.
Como, porquê? Para onde vais? Não me deixes aqui caída, esvaída em dor. Esqueci-me de te procurar e vieste esbarrar na minha solidão. Fizeste entrar um acorde de uma valsa em sol e aconteceu a dança da vida nas nossas vidas. Esqueci-me que esse ritmo já me tinha feito doer, demais. É o que faz, subjugar-nos à grandeza do amor.
Mas é o poder ilimitado da subjugação à sua torrente que fez de novo a lava da vida sulcar a corrente do meu sangue. E agora partes? Assim? Que posso fazer? Deixar que a torrente de lágrimas me faça prisioneira de ti? Que me paralise a vontade de correr para me salvar? Não pensaste em mim? No que vou fazer sem ti? Não consigo entender nada para além da nossa coreografia. Só ela me faz dançar. Só ela me faz vontade de viver e morrer.
Só ela me faz correr de nota em nota para compor a vénia final. Se com a música demos cor à nossa alma, a nossa dança tornou-se a espiritualização dos corpos. Sempre que nos possuímos. Eu fui e sou pertença tua. Matas-me de dor e deste-me vida sempre que voluptuosamente me carregaste no teu ritmo.
Agora queres que siga sozinha? Vou fazê-lo. Vou encontrar a morte e o renascimento num canto do espelho que me conduz a ser uma força. Quase que te percebo a descrença na minha metamorfose…sorris amargo. Eu sorrio de volta. Se me fizeste perder, saberei encontrar o caminho para voltar ao ritmo com que me embalei antes de te ganhar.
Para onde vais? Não sabes? Fui apenas mais uma a abraçar o teu ritmo. Vais prosseguir por aí a guiar outras não será? Também não quero saber. Vou só saber de mim, depois de morreres no meu coração. Se morreres. Se não morreres, rendo-me, aceito e voo para aprender uma nova dança. Quem sabe um dia, encontro-me de novo, de rosto e corpo com a paz. Na sombra do teu altar.
Psst, mas sempre que sintas que te faço falta, visita-me. Em mim, por ti a saudade e o sonho tornaram-se infinitos.

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