Na espuma dos nossos dias,
Estou grata a Shakespeare por o poder usar.
Eriça-se-me a carapinha lisa.
Esta corrente, nascida com a biologia nos finais do século XVIII, mas usada
como expressão só no século XX, não é uma teoria científica, mas sim
pré-conceitos reunidos sob a forma de opiniões. Já vem da Antiguidade.
Distinguiu o preconceito providenciando-lhe uma identidade. A identidade
racial.
Daí Morgan Freeman dizer que “quando se deixar de se falar nesta identidade
racial, desaparece o problema”. Verdade.
Este conjunto de opiniões foi usado para justificar a escravidão, usada por
Hitler, usada por Marx, usada pelo regime do apartheid, usada pelos árabes
contra os negros, usada pelos católicos, usada pelos hindus nas castas, usada
pelos judeus contra muçulmanos, só para dar alguns exemplos, visando eliminar
pessoas com características exteriores
diferentes, incluindo a etnia, a religião, o meio cultural, cor da pele e o
meio sócio- económico.
“Não vimos dos macacos mas para lá caminhamos” frase de Gobineau no século
XIX que desacreditava Darwin que segundo alguns era racista e promovia a
eliminação de raças inferiores por raças superiores. Tenta-me a vontade de
adaptar a frase de Gobineau aos nossos dias.
Sinto-me racista. Porque tenho um preconceito contra todo o conjunto de
opiniões reunidos para classificar a identidade dos seres humanos em duas
classes: os superiores e os inferiores tendo por base a palavra raça inventados
por quem quer “dividir para bem reinar”.
Alguém tem dúvidas que é só uma? Escreverei isto até ficar sem falanges nas
mãos e começar a escrever com os dedos dos pés se for preciso.
Como disse alguém “entre a educação e o crime organizado só há uma
diferença- é que o crime é organizado”!
A única forma de vencer este crime contra a humanidade é pela educação. Casa,
família, escola, sociedade, organizem-se, digo eu.
Usem a inteligência para explicar aos vossos filhos e alunos como se
tivessem 2 anos, que por baixo da pele, o sistema circulatório, reprodutivo, digestivo,
respiratório é igual para os dois géneros humanos.
Sou filha de brancos, pretos, mulatos, indianos e de outros fenótipos mas ainda
não regredi para macaco. Sofri na pele essa infâmia de me distinguirem pela cor
da pele e o cabelo carapinha (fenótipos). Ultrapassei o assunto porque me foi
explicada a NÃO existência de diferenças por debaixo da pele. Depois expliquei
isso ao meu filho que sofreu as mesmas discriminações.
Hoje, continuo a observar estas discriminações contra vários fenótipos,
etnias, culturas. De uns para outros e no sentido inverso. Fico de entranhas
revoltadas por uma razão.
Porque funciona mesmo a arte propagandística de “dividir para bem reinar”
usando a estupidez e a ignorância das pessoas (brancas, pretas, indianas,
chinesas etc etc). Que usam as diferenças exteriores para repelir uma pessoa ou
grupo. Vindos da má-fé, raiva, vingança, rancor, falta de educação ou de
formação moral e ética.
Perceberam? Estes sentimentos e emoções são comuns a pretos, brancos,
chineses, comunistas, cristãos, judeus, muçulmanos, hindus, ciganos etc. São
sentimentos da espécie humana.
Regredirei se não ensinar aos meus filhos e netos que a identidade racial é
uma invenção. Que não existe uma “raça” superior a outra. Não existe grupo
superior a outro.
E que usar essas diferenças é uma estupidez que nos torna seres bem menos
capazes e menos inteligentes que os macacos.
Gosto de bananas como os macacos, mas não sou macaco. Sou humana. Se calhar
caminhamos para a extinção como raça isso sim, por não sabermos usar o que nos
distingue dos animais. O raciocínio.
Já descemos das árvores, ou evoluímos, segundo as várias teorias, e somos homo
sapiens preto, branco, amarelo, arco-íris, com nariz e boca grossa, olhos em
bico, e pintas na testa.
Só primamos por sermos diferentes nos meios: culturais, familiares, sociais,
económicos e educacionais e que são estes que provocam as diferenças e acicatam
os ódios na nossa comum e única espécie.
Simples.
Incluindo as “belly dancers”, acrobatas e bailarinos.
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