quinta-feira, 3 de julho de 2014

Descontos em cartão

Na espuma dos nossos dias,

Inexplicavelmente, na república das bananas.

Saem do país diariamente lusos de todas as profissões em particular na da saúde porque as portas se fecham. Mas inexplicavelmente dizem as notícias que cá dentro faltam profissionais nesta área em hospitais e centros de saúde.
Ou o governo está a pensar no nosso bem-estar e eu inclino-me para esta opção sempre, ou está a pensar na opção da morte colectiva dos poucos que ficam. Devem ter desconto em cartão.

Dizem que a economia está a estabilizar e o desemprego desce. De tal forma desce que já vi bichas (não gosto de dizer filas) no IEFP para entregar o cartão de desempregado com um ar feliz, de quem finalmente já consegue comer mais do que bananas do Lidl. Também vi bichas no aeroporto da Portela com charters de portugueses a regressar com malas Luis Vitinho.

A Lusa, certos jornais e rádios têm jornalistas a mais que ainda por cima são inconvenientes. Diz o ministro que não percebe para que são necessários…Eu também não! A partir de agora, por compras superiores a 10€ recebe um jornalista de oferta. Em cartão.

Dizem que a pensar no nosso bem-estar o governo está a distribuir cartões do Lídel com 10% de desconto na compra de bananas traficadas com Marijuana. Sem enfermeiros e médicos, dizem que a marijuana cura tudo. Fui logo levantar um cartão. Para meu bem-estar enquanto aqui estiver.

Dizem que um dia destes ficamos todos a falar muito bem línguas das cavernas e grunhidos, já que alguns dos portugueses que mais deram à língua estão no Panteão, mas vêem as suas obras de inquestionável valor serem retiradas dos manuais escolares. Por cada grunhido que der no lugar de palavras, recebe um ministro em cartão. Remeto-me ao silêncio.

Não, isto não é uma novela de ficção inventada pelo Carl Sagan do terceiro mundo. É uma pequena parte da inexplicável espuma dos nossos dias pela terra que nos cabe ter como cidadãos.

Intoxicam-nos com droga marada e quando ficarmos sóbrios conheceremos o tamanho da fraude e do tráfico. Nesta paz podre em que vivemos a jangada afunda e a orquestra toca…


Filmes bananeira, num cinema perto de si.

«All you Lidl is love» (Manuel Caetano Geada)

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