Na espuma dos nossos dias,
Inexplicavelmente, na república das
bananas.
Saem do país diariamente lusos de todas as
profissões em particular na da saúde porque as portas se fecham. Mas
inexplicavelmente dizem as notícias que cá dentro faltam profissionais nesta
área em hospitais e centros de saúde.
Ou o governo está a pensar no nosso
bem-estar e eu inclino-me para esta opção sempre, ou está a pensar na opção da morte
colectiva dos poucos que ficam. Devem ter desconto em cartão.
Dizem que a economia está a estabilizar e
o desemprego desce. De tal forma desce que já vi bichas (não gosto de dizer
filas) no IEFP para entregar o cartão de desempregado com um ar feliz, de quem
finalmente já consegue comer mais do que bananas do Lidl. Também vi bichas no
aeroporto da Portela com charters de portugueses a regressar com malas Luis
Vitinho.
A Lusa, certos jornais e rádios têm
jornalistas a mais que ainda por cima são inconvenientes. Diz o ministro que
não percebe para que são necessários…Eu também não! A partir de agora, por
compras superiores a 10€ recebe um jornalista de oferta. Em cartão.
Dizem que a pensar no nosso bem-estar o
governo está a distribuir cartões do Lídel com 10% de desconto na compra de
bananas traficadas com Marijuana. Sem enfermeiros e médicos, dizem que a
marijuana cura tudo. Fui logo levantar um cartão. Para meu bem-estar enquanto
aqui estiver.
Dizem que um dia destes ficamos todos a
falar muito bem línguas das cavernas e grunhidos, já que alguns dos portugueses
que mais deram à língua estão no Panteão, mas vêem as suas obras de
inquestionável valor serem retiradas dos manuais escolares. Por cada grunhido
que der no lugar de palavras, recebe um ministro em cartão. Remeto-me ao
silêncio.
Não, isto não é uma novela de ficção inventada
pelo Carl Sagan do terceiro mundo. É uma pequena parte da inexplicável espuma
dos nossos dias pela terra que nos cabe ter como cidadãos.
Intoxicam-nos com droga marada e quando
ficarmos sóbrios conheceremos o tamanho da fraude e do tráfico. Nesta paz podre
em que vivemos a jangada afunda e a orquestra toca…
Filmes bananeira, num cinema perto de si.
«All you Lidl is love» (Manuel Caetano Geada)
«All you Lidl is love» (Manuel Caetano Geada)
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