quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Gostava de ter nascido poeta

Gostava de ter nascido poeta
Para explicar a alegria e a dor,
o que me demencia, o que me maravilha.
Os poetas sabem por dentro da pele
que são feitos de amor,
conhecem-no por senti-lo na perfeição da solidão.
Respiram o oxigénio das palavras,
correm-lhes palavras nas veias
transformadas em sangue
por tanto sentir.

Eu, que tanto queria ter nascido poeta
Também nasci do amor,
e sinto
quando me corto,
quando me expando,
que no lugar da dor,
no lugar da exaltação,
jorram palavras vermelhas
de oxigénio,
escritas para sobreviver.

Quem sabe,
por ser amor,
quando um suspiro me sai do coração
uma pequena célula tenha rasgado a corrente
e eu
afinal,
tenha nascido poeta.



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