transmitiram-ma por via sexual
chupando o dedo não pensava
que crescia para conhecer
depois de uma doença amorosa
um mundo paradoxal
aquele que me esperava
Ultrapassei meses num espaço fechado
pequeno e aquecido
levei dias no banho
a brincar no meu lago nutrido
O mundo via crescer a barriga
de onde iria brotar uma Maria
nascida de uma Margarida
morena florida
em gritos e dores parida
Que hei-de fazer desta vida
que me veio oferecida
não me disseram que podia
um dia
abruptamente e para sempre
ficar adormecida
a natureza ensina-me
que a vida me estima
por isso me deu,
dá-me provas de aptidão
para me ganhar o coração
a ela me retribuo
dançando-me nela
e criando para ela contribuo.
Fui parida neste mundo estranho
e doente
mas antes de me tornar demente
num prefácio nu
quero escrever-me
sem que me lamente
eu aqui estou
eu aqui me dou
e agora me vou
e meu amigo ou desconhecido
também tu
De nada serve
em dramas me vencer
a minha alma vender
viver pela dor consumida
em reticências me entregar
por interrogações não me arriscar
Na história que vou escrevendo
com dois pontos me entendo:
vou cobrir-me de serenas afirmações
de capítulos vestida
desavergonhadamente garrida
tornar-me forte de sentimentos
corajosa nas emoções
até ao dia em que adormecida
num ponto final à vida
Num epitáfio cru
do outro lado da fronteira
me fizer amanhecida
e meu amigo ou desconhecido
também tu
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