terça-feira, 14 de abril de 2015

Delírio de todos os faróis

Sem delírio
vejo um arquipélago
vestido de ilhas,
despido de fronteiras.
Somos tantos destroços
rasgados
separados sem traços
somos únicos,
somos pedaços
comuns nos laços
em busca de cais,
enseada, porto,
ou de num mar vasto 
onde desaguar sem lodo

Sem delírio,
vejo os confrontos 
entre medo e liberdade
dentro e fora de nós
indignados que somos
contra os indignos
que nos roubam sonhos.

Quero vestir-me de bala
que lhes rasgue os planos.

Enquanto deliro
andamos à deriva,
uma força telúrica se manifesta
provocada pelo clamor 
de cada pedaço

No meu delírio,
um farol branco nos busca
e um dia
nos encontra
a sua luz sobre nós deita
e ilhas perdidas irá recuperar
Voltar-nos-emos a juntar
pedaço a pedaço, 
no seio do mar.

No meu delírio
milhões de pequenos estilhaços
finalmente se encaixam
em incontáveis abraços

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