sábado, 21 de junho de 2014

sOLsTicío de Verão

Ali estava ela. A vida. Plasmada a cores garridas. Prisioneira de beleza azul como o mar. Tinha entregado a mensagem numa garrafa cor de solstício. Ao Sol que a entregara, radiante, e, lhe dissera, por ali é o teu caminho, deixando-a entregue ao ritmo das ondas, no oceano bravio e revoltoso, ou nas margens quietas e silenciosas. Quando a lua estremunhada deu um último beijo ao seu amor sol, numa despedida em busca de mais tempo, nasceu. Esse, o tempo, tinha-o pouco demorado, assim lhe tinha sido dito. Vai, apressa-te a ser. Um dia ouvirás as palavras «ser ou não ser». O quê? Não saberás, partirás à descoberta. Aprenderás com o caminho. Não te demores com quem te quiser indicar a direcção. Não te preocupes com o objectivo. Apenas com a corrente. Ela está à vista no teu coração. Flutua, mergulha, nada. E sê tudo. Vê tudo. Sente tudo. Quer tudo. És o esplendor e a força da aventura da criação. A manifestação dos teus sonhos impossíveis. És energia pura. Capaz de perceber a força intrínseca de quem és, de quem vais ser. Aprenderás que nada está errado no teu caminho único. Brilha, semeia, colhe, fortifica as tuas raízes. Se amares e não receberes na mesma medida, entrega numa garrafa ao mar que te recebe. Divide com a onda que se aproximar. Ela irá entregar a quem esteja aberto a receber a tua dádiva. Não morras com interrogações. Morre com a certeza de teres sido. Nesse dia partiu. Partiu em direcção à vida.

Nasceu no solstício de Verão.

Dedicado a mulheres vítimas de violência. Começar de novo de Ivan Lins com Gonzalo Rubalcaba

https://www.youtube.com/watch?v=RRHyVHUiRtk

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