sábado, 28 de junho de 2014

Sou promíscua e polígama e gosto!

Na espuma dos nossos dias,

Diz o Rui Veloso numa das suas belas canções “É mais o que que nos une que aquilo que nos separa”.
Esse factor de união é a Língua Portuguesa, a Pátria de todos aqueles que nascendo em países distintos, em grupos étnicos diversos, com línguas e dialectos próprios e alguns bem antigos, têm esta maravilhosa língua comum. Com ela construímos laços.

Língua com 800 anos de vida, com influência de muitos povos que por cá deixaram raízes e construíram esta ponte, levada em caravelas até aos pontos onde ela é hoje o laço que nunca se transformou em nó.
Esta nossa língua com conforto, sabedoria, generosidade e de braços bem abertos, aceita a inclusão e ofereceu-se à mistura de vocábulos, de expressões, maneiras de dizer próprias dos brasileiros, dos angolanos, dos guineenses, dos cabo-verdianos, dos timorenses, dos macaenses, dos são-tomenses. Sem falsos pudores, vergonha ou preconceitos.

Não precisamos de nenhum Acordo para partilharmos todos a beleza, da riqueza desta Língua comum, nesta relação descomplexada e aberta. Promíscua e dada às poligamias. Onde nos podemos todos misturar e adoptar vocábulos, maneirismos de falar, ou manter os próprios.
Por ter tido a felicidade de nascer debaixo desta bandeira comum, amo esta Língua que me abriu portas para me relacionar com outras, vindas de terras onde nada mais partilhava senão a humanidade. E por natureza, também com todos os países que nela se expressam.

Facilitou-me a expansão do meu conhecimento e como pessoa. Obrigada Língua Portuguesa por seres como disse Pessoa, a “minha Pátria”. Por me ofereceres ao mundo na tua caravela.

É com muito amor que escrevo em teu nome.
É por amor que sou promíscua e polígama porque a minha língua me relaciona com todos os milhões que a falam por esse mundo fora, e, gosto!
Parabéns pelos teus 800 anos de História.



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