domingo, 29 de junho de 2014

Todos nascemos Mil vezes e mais uma,

Todos nascemos
Mil vezes e mais uma,

Nasci aqui,
Junto das mulheres de panos coloridos
Que enterraram o meu umbigo
Lavado no meu sangue
Na terra tinta burmedjo

Voltei a nascer quando cresci num país distante
Pintado com o sangue dos meus antepassados

Tornei a nascer quando o conhecimento do mundo
começou a ganhar espaço no meu universo

Nasci de novo, quantas vezes o amor
se encaminhou na minha direcção
Se acomodou e preencheu espaços sem fim
até sentir vontade de partir para outros lugares

Nasço de novo quando sinto vontade
de escrever um novo conto,
um poema, um pensamento,

Nasço de novo quando um livro me rapta e me liberta
Nasço quando a necessidade me leva a mudar uma e outra vez,
Nasço quando viajo sem direcção,
ou para novas moradas

Nasço quando descubro quem sou

quando a vida se experimenta em mim


Nasci tantas vezes quantos os abraços que ofereci
aos filhos de coração
Renasço quando me fecho nos braços o meu filho
quando entrego o meu coração no peito da minha neta

Nasço com cada amigo novo que entra e fica na minha casa
Nasço a cada nova descoberta de um arco-íris
que me deixa sem fôlego

nasci e continuarei a nascer, mil vezes e mais uma,
enquanto a terra que o meu umbigo acolheu,
continuar a sussurar:
vai por aí, vai,
nasce-te
as vezes que forem necessárias
por cada momento de encanto
faz-te ser ,
igual aos teus irmãos
até adormeceres num sonho
quando o teu umbigo te chamar
num soluço vindo da terra burmedjo
para te preparar o regresso
a um novo nascimento.


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